Cerca de 14.000 indígenas protestam no país, o foco principal está na capital equatoriana, de 3 milhões de habitantes. Manifestantes invadiram a embaixada do Egito, nos arredores do Congresso
O movimento indígena que já derrubou dois presidentes, investe contra o banqueiro Guillermo Lasso que governa o Equador com políticas neoliberais que aumentaram o desemprego, a violência e os preços dos alimentos.
Aos Indígenas se uniram camponeses, estudantes e representantes de diversos segmentos de trabalhadores que protestam nas ruas do Equador pedindo a renúncia ou impeachment do presidente Guillermo Lasso. A Greve Nacional no Equador começou no 13 de junho, convocada pela CONAIE (Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador), com o objetivo de reivindicar 10 pontos de uma agenda que foi construída a partir das bases das nacionalidades indígenas.
No dia seguinte (14), o presidente da CONAIE, Leonidas Salazar, foi preso de forma ilegal por grupos de elite da Polícia e das Forças Armadas do país. Sua prisão radicalizou as manifestações com o fechamento de estradas e chegaram a Quito. A repressão também aumentou. O governo decretou Estado de Exceção em três províncias.
Após uma semana de mobilizações, movimentos sociais, populares, artistas e diversas organizações convocaram uma vigília na Sede Nacional da Casa das Culturas para resistir às investidas violentas do governo contra manifestantes e as instalações das organizações.
No dia seguinte uma marcha gigantesca de indígenas vindos de todo o país chegou a Quito. Estudantes derrubaram as grades da Universidade Central do Equador para que as e os integrantes da marcha pudessem se abrigar. Sirenes e detonações foram ouvidas, enquanto manifestantes erguiam barricadas e incendiavam pneus. Policiais respondiam com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral aos coquetéis molotov, fogos de artifício e pedras lançadas por manifestantes.
Três pessoas morreram nesse confronto, elevando para seis o número de mortos deixado pela rebelião indígena, segundo a Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos.
Autoridades registraram mais de 180 feridos entre militares e policiais e prometeram reprimir de forma mais enérgica as manifestações.
Uma caravana de taxistas percorreu mais cedo o centro financeiro de Quito pedindo a renúncia do presidente. Semiparalisado, o país contabiliza um prejuízo diário de 50 milhões de dólares.
“O governo Guillermo Lasso não é do povo, e sim representa as grandes empresas neoliberais que nos exploram”, disse o camponês Efraín Fueres, 43, concentrado na Casa da Cultura.
Os apoiadores de Lasso percorrem o centro financeiro em veículos de luxo buzinando e agitando bandeiras brancas.
Lasso não tem maioria no Congresso (só dispõe de 13 das 137 cadeiras) e a oposição conseguiu 47 assinaturas para pedir a destituição do presidente, mas precisa de 92 apoios forçar a saída do presidente.
Paralelo a isso a indústria do petróleo entrou em colapso. O país está produzindo a 54% de sua capacidade, devido à tomada de poços e aos bloqueios de estradas em meio aos protestos
Como ponto de partida, as forças indígenas exigem o levantamento do estado de emergência, sob o qual militares saíram dos quartéis e decretou-se um toque de recolher noturno em Quito.
A Assembleia Nacional aprovou uma Lei de uso legítimo da força em caso de protestos sociais.
O Papa Francisco pediu o fim da violência no Equador. Veja Aqui
As reivindicações unem em torno da mesma pauta, indígenas, campesinos, estudantes, desempregados e trabalhadores em geral.
Veja o que eles reivindicam
Redução dos preços dos combustíveis; moratória de um ano sobre as dívidas familiares; fixação de preços agrícolas justos; emprego e direitos laborais; moratória sobre a expansão da fronteira petrolífera e mineira; respeito pelos 21 direitos coletivos indígenas; parar com a privatização de setores estratégicos; políticas de controle dos preços dos bens de primeira necessidade; investimento na saúde e educação; e políticas de segurança face à onda de criminalidade.