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Coluna da Angélica- À espera da traição

1-Barbas de molho 

Fechado o acordo Márcio Bittar/PP, a hora é de colocar o colete à prova de balas no sol. Ao que tudo indica será usado em breve. O acordo para colocar Alysson Bestene (PP) de vice de Tião Bocalom (PL) foi selado com mãos estendidas pela frente e com a mão na faca pelas costas. Todos sabem que nesta arrumação ninguém pode confiar em ninguém e o prazo de validade da aliança pode expirar antes da  eleição de 2026. Analisando o histórico dos atores envolvidos, a questão aqui pode não ser se vai acontecer uma traição mas quando. E não falo do PP, mas do senador Márcio Bittar (União) e Tião Bocalom. Observem e façam as apostas.

2-Histórico

Em 2010, quando ambos eram do PSDB e Bocalom disputava o governo do Estado, Bittar que era candidato a deputado federal, sequer colocou o nome de Boca em suas propagandas. Naquela eleição, apesar da derrota Bocalom saiu fortalecido como um candidato competitivo. Ele perdeu por apenas 1,33% para o candidato do PT, Tião Viana. Um acordo foi fechado com a Executiva Nacional do PSDB para que Bittar fosse o candidato tucano à prefeitura de Rio Branco em 2012. Bocalom ignorou o acordo e se lançou. Como agora, tendo Alysson Bestene de vice. Foi vencido pela dupla Marcus Alexandre/ Márcio Batista. Sem clima para permanecer no PSDB, Bocalom foi para o extinto DEM, depois para o extinto PSL, em seguida para o PP e finalmente pousou no PL. Bittar permaneceu mais um pouco no PSDB e depois voltou para o MDB. Trocou o “Glorioso” pelo extinto PSL, assim que Bocalom saiu de lá e acabou no União Brasil. Em tempo, Bittar apoiou Bocalom em 2020. Se fosse um filme poderia ter por título “Gente que vai e volta”.

3-Esforços

O sonho da vida de Bocalom é ser senador. Ele lutava para realizar este sonho em 2026.  Márcio Bittar articulou uma visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para a filiação do prefeito e por debaixo dos panos aproveitou a presença de Bolsonaro para soprar no ouvido dele a indicação de Boca para o governo do Acre em 2026. Com isto limpa a área. Tira Bocalom da disputa para o Senado. Bittar vai tentar a reeleição. Não há garantia que Bocalom desista de tentar o Senado nem que PL e União apoiem Gladson Cameli em 2026. Ajuntamentos políticos são amarrados por um fio de cabelo. São frágeis.  No Brasil, Esquerda e Direita podem ser traduzidas por Canhota e Interesse Financeiro. Respectivamente.

4-Pote de mágoas

A deputada federal Socorro Neri (PP), em sua coletiva, destampou o pote de mágoas e liberou o rancor. Ela afirmou ter sido vítima de prática de violência coletiva de gênero. Esquece que respeito ao gênero não é passaporte para a violação de regras, que é o que aparentemente aconteceu quando como presidente da Executiva do PP de Rio Branco se insurgiu contra a filiação da prefeita Fernanda Hassem de Brasileia. Neste caso, Socorro não pode ser citada como exemplo de solidariedade de gênero com Fernanda. O que leva a avaliação que questão de gênero pode se transformar em uma carta na manga que pode ser sacada de acordo com o interesse. Socorro não sofreu ataques “apenas por ser mulher”. Sofreu críticas por ter extrapolado sua função e por ter desafiado  publicamente os superiores.  Cometeu uma imprudência política. Quem não conhece a hierarquia pega a escada da geral.

5-Recorrente

Não é a primeira vez que Socorro Néri se insurge. Nas palavras de leitor assíduo da coluna: “morde a mão de quem a alimenta”. Ela traiu o PSDB que a lançou candidata a prefeita em 2016. Sem aviso prévio abandonou o partido e filiou-se ao PSB compondo a chapa vencedora como vice de Marcus Alexandre, então no PT. Mal Marcus Alexandre renunciou para disputar o governo em 2018, Socorro Néri perseguiu e demitiu o pessoal de Marcus Alexandre e na versão destes “deu rasteira em todo mundo”.  Não são poucos os que comemoram o resultado do confronto dela com os caciques do PP. Entendem que ela começou a colher o que plantou.  Em tempo, se não tivesse tido o apoio total do governador Gladson Cameli (PP), em 2022, dificilmente Socorro Néri teria sido eleita deputada federal. Ela vinha de uma derrota nas urnas. Gladson colocou à disposição dela a estrutura das maiores Secretarias de Estado. Saúde e Educação. Depois, a colocou na presidência municipal do partido na capital. Mesmo assim, ela o confrontou. Desafiou. Pode ser da natureza de Lady Mc Néri…sei lá.

6- Esperta

Bem mais esperta, a vice-governadora Mailza Assis (PP), domina como poucos a arte de engolir sapos em prol de um projeto maior. Sem “enguiar” e sem um ai.  Depois de alguns ensaios,  embarcou na reação contra Fernanda Hassem (Brasileia), mas assim que enxergou o balseiro, pulou do barco. Desde então, optou por permanecer em terra firme. Nesta questão da aliança do PP com Bocalom, apesar de ter sido defensora da candidatura de Alysson Bestene à prefeitura de Rio Branco, apoiou a decisão de colocá-lo de vice. Mailza será governadora por 6 meses. Terá o poder nas mãos. A grande incógnita é se como governadora dará guarida a Socorro Néri e se Socorro já estaria articulando este apoio. Observemos as movimentações. Com os olhos bem atentos para não perder pequenos indícios da possibilidade de Mailza se voltar contra Gladson. Eu acho difícil, mas um analista amigo meu aposta nisso. A família Cameli é poderosa. Mailza teria que juntar um grupo grande e ousado em torno de si. Talvez um grupo Kamikaze. Eu só acredito vendo e vendo não acredito, mas que a possibilidade existe, existe.

7-Confusão

O certo é que esta confusão toda movimentou a política na capital. Em 2020 o PP tinha Tião Bocalom como candidato a prefeito. Gladson brigou com o partido para apoiar Socorro Néri, então do PSB. Em 2024 briga com Socorro que está no PP para apoiar Tião Bocalom, agora no PL. Parece o samba do crioulo doido. Ao expor Socorro Néri, Gladson vinga Marcus Alexandre do que ela fez com o pessoal dele ao assumir a vaga deixada na prefeitura da capital, perseguindo e demitindo e desmontando a estrutura deixada por Marcus. E finalmente, o PP que expulsou Bocalom do partido briga para compor a chapa dele. Bem vindo à política do Acre. Uma arena onde às vezes nem os fortes sobrevivem.

8-Lições

A catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul evidencia a diferença entre a política real e a busca de curtidas em redes sociais.  Nikolas Ferreira (PL), que votou contra empréstimo para conter enchentes, faz orações  cinematográficas pelo povo gaúcho. Sua contribuição não vai além de vídeos. Marcel Von Hatten (Novo), aquele deputado gaúcho que já questionou “e o aquecimento global, cadê?”, limita-se a divulgar os números de contato da Defesa Civil. Nenhuma ação em prol de seus eleitores. Outro deputado federal do RS, Luciano Zucco (PL), pediu doações para as vítimas e indicou para isso um PIX do Instituto Harpia Brasil, uma associação de Extrema Direita ligada ao grupo armado do agronegócio, “Invasão Zero”. Este grupo é acusado de ter organizado um ataque com milícia rural contra o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe na Bahia, que resultou na morte da pajé Maria de Fátima Muniz Andrade,  a Nega Pataxó. Ou seja, usa a tragédia para abastecer o grupo político dele. O senador gaúcho Hamilton Mourão (Republicanos), não colabora com nada para ajudar na prevenção ou socorro às vítimas, mas mandou 2 milhões em emendas para curso de formação do Exército e para Segurança Pública do Rio de Janeiro. Nem a igreja do Malafaia ou outra dessas igrejas-pix, nenhum coach pentecostal, nenhum grande empresário, ou parlamentar lacrador de internet fez alguma coisa para socorrer os atingidos. Parece que quando se precisa só se pode contar de verdade apenas  com os “comunistas” do MST que estão em campo alimentando desabrigados. Os “outros”, só estão preocupados com banheiro unissex, impedir aborto, procurar obra com gente pelada em museu e ir atrás de moleque fumando maconha. O agro gaúcho que defende o Estado Mínimo clama agora pela mão visível do Estado. Em tempo, o agro que não envia donativos para as vítimas da catástrofe é o mesmo que sustentou durante meses os acampamentos golpistas na frente dos quartéis.  Olhos atentos observam que a produção de discurso reaça não salva ninguém. 

Bom dia, candidato a prefeito Marcus Alexandre (MDB). Vossa Excelência está bem de saúde? Levar Flaviano Melo (MDB) de vice é como jogar a toalha. Derruba o discurso da lufada de ar fresco de sua candidatura com o cheiro forte de mofo. Enquanto Vossa Excelência  se apresenta como o novo, Flaviano arrasta as correntes da velha política. Seria demais dizer te alui?

Coluna de opinião e reflexão

Contato- angellica,paiva@gmail. com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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