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Falta de segurança em Acrelândia: população refém do crime pede socorro

Falta de segurança em Acrelândia: população refém do crime pede socorro

A situação é tão grave que produtores choraram na última reunião realizada nesta semana entre o Sindicato Patronal Rural, Federação da Agricultura e Federação da Indústria e Comércio, entre outros. A reunião era para discutir investimentos no setor agrário, mas descambou para a falta de segurança: “não tem como investir se não se tem garantia de poder manter”, disseram os produtores. Um deles, em lágrimas falou “tenho medo de voltar para casa. Não sei se vou ser sequestrado, torturado, se vão roubar minha caminhonete, meu trator…”

O desespero se justifica pelos altos índices de violência em roubos que assolam o município de Acrelândia distante 119 km da capital Rio Branco e apenas 33 km de Plácido de Castro que faz fronteira com a Bolívia.

Acrelândia com 15 256 habitantes de acordo com o último censo, registrou 17 caminhonetes roubadas em 45 dias. Uma média de uma caminhonete roubada a cada 2,6 dias e quatro homicídios. Em maio, uma quadrilha de 15 bandidos fortemente armados fez um arrastão e roubou 3 veículos de uma só vez.

Num município essencialmente voltado para a produção agropecuária, atividade que aparece em segundo lugar na participação do PIB local, com 27,6%, atrás apenas dos valores que advém da administração pública, as caminhonetes são os veículos mais utilizados pelos produtores. São também os mais visados pelos criminosos que levam os veículos roubados para vender na Bolívia, passando por Plácido de Castro.

A facilidade com que os bandidos ultrapassam o limite territorial de Acrelândia com Plácido de Castro e de lá passam para a Bolívia é atribuído à falta de policiamento.

Em 2021, o prefeito Olavo de Resende (Olavinho Boiadeiro), recebeu toda a cúpula da Segurança Pública em seu gabinete para discutir o problema. Na ocasião, foi prometido policiamento na fronteira, mas de acordo com os moradores, nada foi feito e a fronteira continua aberta.

Os moradores de Acrelândia denunciam que apenas uma viatura policial faz a segurança na fronteira entre Acrelândia e Plácido de Castro, durante o dia. À noite não fica ninguém. Não há policiamento durante a noite e muitas vezes nem durante o dia. Um morador fotografou a fronteira entre os dois municípios acreanos às 10 da manhã desta sexta-feira (25) para mostrar que a viatura já não estava mais no local.

 

Segundo os moradores de Acrelândia, em alguns dias apenas dois militares dão plantão na cidade.

“Quem tá ganhando com isso?”, questiona o morador. “Não adianta ter câmeras, câmera não impede carro de passar, polícia sim”, completa.

Na região, aumentou em 100% o número de pessoas em busca de fazer seguro para os veículos. O tema da insegurança está sempre presente nas campanhas eleitorais e resultam em votos.

Sem segurança os crimes se tornam cada vez mais violentos

“Bandidos fizeram roleta russa na cabeça de uma criança para o pai informar onde estava o dinheiro. A criança está traumatizada e nem sabemos se isso consta nas estatísticas.  Cada crime é responsabilidade do Estado”, desabafa o comunicador Nésio Carvalho, um dos poucos a falar publicamente sobre o problema. “A população de Acrelândia vive uma dupla opressão: tem medo de falar que a culpa é da gestão que não coloca polícia e também tem medo das facções criminosas que praticam os crimes”, explica Nésio.

Na segunda-feira (21), uma família de produtores rurais Linha 7, que foi mantida refém dentro da própria casa e teve pertences roubados, decidiu abandonar a propriedade e ir embora do Acre. O veículo da família também foi roubado.

Os veículos roubados seriam usados em pagamento a criminosos bolivianos que em troca forneceriam drogas e armas aos criminosos brasileiros.

Na manhã desta sexta-feira (25), enquanto buscávamos mais informações sobre a situação, mais uma caminhonete foi roubada. Desta vez em Vila Campinas, distrito de Plácido de Castro.

A advogada Joana D’arc, que foi candidata a prefeita de Plácido de Castro no pleito de 2020, constatou in loco o tráfico de armas pesadas da Bolívia para o Brasil, via Plácido de Castro. Mais de um ano atrás ela falou sobre o assunto em entrevista ao Cartas na Mesa.

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“Existe uma complacência do poder público com a criminalidade. O questionamento é, por que as fronteiras do Acre são abertas? Por que não instalar alfândegas como em outros estados?” pergunta o comunicador que atribui ao ex-governador Jorge Viana (PT), a insegurança que se alastrou pelo Acre: “A insegurança no Acre tem nome e sobrenome político, Jorge Viana. Foi ele em seu segundo mandato que retirou a polícia de fronteira. Essa polícia é federal, mas os estados requisitam. Desde então, ninguém mais requisitou”, afirma Nésio.

Nesta sexta (25), a Polícia Civil em Acrelândia anunciou que prendeu três mulheres que fazem parte de uma quadrilha envolvidas em roubos a veículos na região.  Eram 8 mandados judiciais. Os outros 5 não foram encontrados.

Imagem- Juruá Online

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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