Candidaturas definidas, satisfações inatingidas. Assim caminha a desumanidade da campanha política no Acre. Não são poucos os candidatos aguardando as migalhas caírem da mesa dos que foram agraciados com “investimentos” partidários. Os que proferem discursos em defesa da democracia, repartem de forma desigual os recursos, numa prática ostensivamente anti-democrática. De quase todos os partidos chegam as reclamações quanto a isso. Coisas da política, direis.
No Hades político os presidentes dos partidos, com o poder de decisão sobre o dinheiro se transformam em Cérberos, devorando todo e qualquer candidato do seu próprio partido que ganhou a sigla sem saber que esta só dava direito a ser figurante.
É também o período em que nas disputas internas se faz visível o que o “serumano”, “homo politicus”, esconde debaixo de sete chaves. Traições e egoísmos saltam pelos poros contrariando o discurso de luta pelo coletivo. Nesse contexto, não raramente nos deparamos com encomenda de pesquisas que rebaixam o candidato do próprio partido para justificar a utilização de verba que deveria ter sido destinada ao tal candidato em outros fins. Não me apertem que eu conto. Sim, a escabrosa história chegou ao meu conhecimento nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 12 de agosto. Aqui a máxima é distorcida: “não interessa se a farinha é pouca ou muita, só o meu pirão importa”. E 600 mil garante um aporte de farinha para aumentar o próprio e indigesto pirão.
O problema é que a cumbuca pode virar e matar o esperto engasgado. Napoleão dizia para não atrapalhar o inimigo quando ele estivesse errando. Por ora, sigo Napoleão.
De qualquer maneira, o jogo está sendo jogado e como dizia Cazuza “ainda estão rolando os dados”. Faltando menos de 20 dias para a eleição, acabou o treino. Agora é jogo. E o jogo é infinitamente mais bruto do que se pensa.
Observe o tabuleiro
Partida com 40 min para cada jogador, negras com a vantagem do empate. Abertura em Giuoco Piano, onde até os 15 min das brancas não havia chegado ao meio jogo. Ambas rocaram em alas opostas, as brancas na ala do rei e as negras forçando na ala da Rainha. As Negras souberam administrar seu tempo, com jogadas rápidas e lances mais ousados, enquanto isso as brancas tentavam o jogo de trocas, tentaram diminuir material no tabuleiro.
Chegaram ao meio jogo sem os pares de bispos e cavalos, apenas um de cada e ainda com bispos de diagonais opostas, enfim houve a troca das rainhas, com isso as torres começaram a cair, as ilhas de peões foram se formando, brancas com mais peões isolados, negras com mais peões passados.
Já no final de jogo os Reis no centro do tabuleiro tentando proteger suas últimas peças, as brancas a galopar em seu cavalo solitário e as negras cortando o tabuleiro com seu bispo de diagonais brancas, que em momentos de distração pensava-se que era até mesmo do adversário, sempre que as brancas tentavam trocar e ficar somente com os peões no tabuleiro as negras recuavam, e aos poucos avançavam seus peões passados.
O ponteiro das brancas prestes a cair, com seu cavalo preso na borda do tabuleiro, em verdadeiro “zugzwang”, apenas a observar as diagonais livres do bispo das negras, protegendo seus peões passados e consolidados, a poucas casas de coroar para uma nova Rainha.
As negras deixam de fazer jogadas rápidas, têm tempo no relógio, mais peões passados e ainda há uma vantagem no tabuleiro. Mesmo que o ponteiro das brancas não caia, mesmo que acabem as peças, ou ainda, haja o afogamento de algum rei, ainda há A VANTAGEM DO EMPATE! Mas o jogo termina quando só houver um Rei ou uma Rainha. Só um. E o tempo corre contra todos.
Foto- Mil dicas de mãe
Esta é uma coluna de opinião
Contato- [email protected]
