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Entenda o que é o projeto que envolve satélites de Elon Musk operando no Brasil. Exploração de lítio pode ser o objetivo

A reunião do bilionário Elon Musk com o presidente da República, Jair Bolsonaro, no interior paulista, envolve um projeto da Starlink, empresa de Musk, para operar satélites de órbita baixa no Brasil. O ministro da Comunicações, Fábio Faria, teve encontro com Elon Musk em dezembro do ano passado para tratar do projeto.

Segundo o ministro, o governo federal quer utilizar satélites de órbita baixa para levar internet para áreas rurais e lugares remotos, além de ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica. Entretanto, Musk que explora minérios na África do Sul, teria interesse na exploração do lítio brasileiro.  Segundo estudos geológicos, o Brasil tem 8% das reservas de lítio do mundo.

O lítio, um mineral estratégico, é chamado de “ouro branco”. É o combustível da revolução global dos veículos eléctricos.   A China por exemplo, fabrica cerca de  10 mil carros elétricos por mês, todos com baterias de lítio. O mineral é utilizado ainda em produtos de alta tecnologia, como  telefones, laptops, tablets, armazenamento em rede, fabricar vidro e cerâmica resistentes ao calor, massas lubrificantes industriais e até mesmo para tratar distúrbios bipolares e depressão.

Em função disso a  demanda por lítio se tornou tão intensa que países da Austrália à China e América do Sul estão em uma corrida para explorar os seus recursos. Entretanto ao exportar matérias-primas, tais como lítio, e importar tecnologias acabadas a um preço significativamente mais elevado, há preocupações de que as economias latino-americanas fiquem presas num ciclo de prejuízos em sua balança comercial, incapazes de reter o valor agregado de sua produção. Estes bens exportados acabam muitas vezes nos países onde o lítio foi originalmente extraído. Por exemplo, dez países latino-americanos têm agora um conjunto de 1229 ônibus elétricos chineses que utilizam baterias de lítio. Alguns dos quais são comprados por seus governos por até 400 mil dólares.

Isso colocou o governo do Chile, país que tem a maior reserva de lítio do mundo, em alerta. O governo chileno tentou quebrar este ciclo nos últimos anos, limitando o controle estrangeiro sobre os recursos naturais, com um projeto de lei que declara que a exploração, industrialização e comercialização do lítio é do interesse nacional. No entanto, em maio de 2019, a empresa de mineração chinesa que controla a maior parte das reservas de lítio do mundo, adquiriu quase 24% da Sociedad Química y Minera (SQM) do Chile, um importante produtor nacional. Desde então, a Tianqi, tem tido grandes dificuldades financeiras.

A extração também está associada a conflitos sociais, ambientais e disputas comerciais internacionais

A maior parte do lítio do mundo é extraído de uma salmoura rica em minerais, cerca de dez metros abaixo dos lagos salgados das salinas de alta altitude. O processo começa por perfurar através da crosta e depois bombear a salmoura até à superfície para piscinas de evaporação, onde ela é deixada durante meses. Isso cria uma lama salgada composta por uma mistura de manganês, potássio, bórax e sais de lítio, que são depois deslocados para outra piscina de evaporação ao ar livre.

500 galões de água, o suficiente para abastecer 3.500 pessoas durante 1 ano, são necessários para produzir uma tonelada de lítio. No Salar de Atacama do Chile, as atividades mineradoras consomem 65% da água da região. Numa região onde a precipitação anual é inferior a 15 milímetros por ano, a atividade esgota já escassos recursos hídricos dos quais dependem as comunidades e espécies locais.

Em Potosí, na Bolívia, as comunidades indígenas protestam, justificando que a água é mais importante para a vida do que a exploração mineral.

Os bolivianos não aceitam facilmente medidas que impactam e colocam em risco sua sobrevivência. Nos anos 2000, em Cochabamba, a população foi às ruas e derrotou a privatização da empresa responsável pelo abastecimento de água (SEMAPA). Os cochabambinos sofriam com a escassez d’água há décadas, oriunda da sua própria geografia e do descaso dos gestores públicos. Por anos, não houve investimento adequado para ampliação da infraestrutura e nem para captação alternativa de água. Dessa forma, a população acostumou-se a buscar autonomamente soluções para a escassez. Por exemplo, na zona rural, pequenos agricultores desenvolveram um engenhoso esquema de irrigação comunitária. Sob pressão do Banco Mundial e do FMI, o governo de Cochabamba, com apoio da administração federal, decidiu privatizar a SEMAPA. E para assegurar o monopólio aos interesses privatistas, aprovou uma Nova Lei de Águas que, entre outras coisas, determinava a exploração da água como um direito privado. Com isso, veio o aumento no valor da tarifa. Além disso, a Aguas del Tunari, consórcio integrado por Bechtel e Edison (EUA), Abengoa (Espanha), entre outras, podia cobrar pela água que os moradores obtivessem dos rios, de seus próprios poços artesianos e proibia ainda a captação de água da chuva. A Nova Lei de Águas previa que caso não pagassem, havia o risco de perder suas casas.

Após uma intensa luta que uniu a população do campo e da cidade, os cochabambinos – sob a liderança da Coordenadora de Águas de Cochabamba – conseguiram reverter a privatização e revogar a nova lei e expulsar o consórcio estrangeiro, um feito inédito na América Latina.

Assista ao vídeo

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Voltando à questão ambiental da exploração do Lítio, existe ainda o problema dos químicos tóxicos empregados no processo de separação do lítio, como o ácido clorídrico, que podem vazar das piscinas de evaporação para o abastecimento local de água e também afetar a qualidade do ar. As comunidades, que em muitos casos são nativas da região e detêm direitos tradicionais ou comunitários à terra e aos recursos, são frequentemente deslocadas devido à escassez de água. Veja Aqui

Constelação de satélites

No Brasil, o interesse de Musk, foi apresentado como satélites. Segundo a Starlink, uma das empresas do bilionário, enquanto a maioria dos serviços de internet por satélite atuais são possibilitados por satélites geoestacionários simples que orbitam o planeta a cerca de 35 mil km de altitude, a Starlink é uma constelação de vários satélites que orbitam o planeta a uma distância mais próxima da Terra, a cerca de 550 km.

Uma vez que estão em baixa órbita, o tempo de envio e recepção de dados entre o utilizador e o satélite – a latência – é muito menor do que com satélites em órbita geoestacionária, diz a empresa.

O direito de exploração pela Starlink no Brasil deve valer até 2027.

A deputada Perpétua Almeida (PCdoB), questionou o interesse de Elon Musk e o acordo com o governo do Brasil. Veja Aqui

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