Há mais de uma semana uma multidão em vigília cerca a casa da vice presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O ato é liderado pela JP- Juventude Peronista. Neste sábado, o confronto deixou militantes e policiais feridos, mas não arrefeceu o movimento.
A agência de notícias oficial da Argentina Télam informou que a polícia usou bastões e gás lacrimogêneo contra os manifestantes depois que um grupo de pessoas derrubou cercas que o governo da cidade ordenou que fossem colocadas perto da residência da vice-presidente.
Segundo a nota, 14 policiais ficaram feridos no confronto e quatro manifestantes foram presos. A confusão começou porque a polícia colocou cercas em volta da casa para impedir entradas e saídas e a população derrrubou, liberando a casa da vice-presidente.
Um promotor federal, amigo do ex-presidente Mauricio Macri, fotografado em festas na casa de Macri, pediu na segunda-feira (22) que Kirchner cumpra uma sentença de 12 anos de prisão por suposta corrupção. O pedido também impede permanentemente Cristina Kirchner de exercer cargos públicos. O tribunal ainda não se pronunciou sobre o pedido do promotor.
Cristina foi acusada de fraudar o Estado e estar envolvida em um complô para desviar recursos públicos enquanto foi presidente (2007 a 2015). Seus apoiadores afirmam que Kirchner está sendo mais uma vítima de Lawfare na América Latina. A expressão designa uma guerra jurídica que consiste no abuso do Direito, com difamações e mentiras com o objetivo de destruir moral, econômica, política e judicialmente adversários políticos. “É um modelo aplicado pelos Estados Unidos para derrubar governos”, explicam.
O jornal Página 12 afirma que o processo está cheio de irregularidades, com provas falsas e testemunhos que não resistem a uma investigação.
A própria Cristina declarou: “Estou diante de um pelotão midiático-judicial que quer me impedir o direito de defesa”.
O caso ultrapassou os limites da Argentina. Por toda a América Latina lideranças políticas se manifestam em apoio a vice-presidente. A população cobra investigação sobre o sucessor de Cristina na presidência da Argentina, Mauricio Macri, acusado de vender o país ao FMI e de ter roubado 57 bilhões.
Os casos de Lawfare são relembrados: Fernado Lugo (Paraguai), Dilma Rousseff, Lula e Rafael Correa (Equador).
O ultra-direitista senador dos EUA, Ted Cruz, pediu que as sanções contra Cristina Kirchner envolvam a proibição de entrar nos Estados Unidos. No Brasil, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apoiou Ted Cruz na cobrança pelas sanções.