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Eduardo Leite critica gestão Bolsonaro e diz que Brasil precisa 'curar suas cicatrizes'

Eduardo Leite critica gestão Bolsonaro e diz que Brasil precisa ‘curar suas cicatrizes’

O governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), não revela em quem votou no segundo turno, entretanto em entrevista à Folha na terça-feira (1º), criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL)

O tucano criticou o presidente pelo “silêncio barulhento” em relação ao resultado da eleição e aos protestos com bloqueios em rodovias. Leite disse que não são manifestações legítimas.

Veja trechos da entrevista

PERGUNTA – A decisão de não se posicionar na eleição nacional quase tirou o sr. da disputa logo no primeiro turno. Mas parece ter sido decisiva para vencer no final. Foi difícil mantê-la?

EDUARDO LEITE – A eleição nacional consumiu a maior parte da audiência dos eleitores e acabou pressionando as demais, nos estados. Isso nos gerou aquela situação de passarmos ao segundo turno por uma margem estreita. Veio a pressão de qual posição eu teria no segundo turno presidencial, mas eu não tinha identidade com os candidatos para poder ser sintetizado nesse reducionismo.

A vida é mais complexa do que ser deste ou daquele. Do ponto de vista eleitoral, isso atenderia ao interesse do meu adversário [Onyx], que havia surfado a onda da eleição nacional.

P. – Embora a aposta tenha sido a mesma, a roupagem da campanha mudou no segundo turno. Voltou mais ufanista, com hinos, trajes, cores do Rio Grande do Sul. Foi preciso ser mais enfático?

EL – O desafio era fazer as pessoas olharem para o Rio Grande. Fazê-las lembrar que havia uma eleição estadual. Que havia dois votos, não um pacote fechado. Tinha que ser mais enfático no componente local, sim.

Em resumo: nem Lula nem Bolsonaro estarão no Palácio Piratini nos próximos anos cuidando de salários, estradas, hospitais. Estávamos escolhendo um governador, não um correspondente de Brasília.

Também chamou a atenção que o sr. partiu para o ataque nos debates de segundo turno. Com oito candidatos era difícil ter debates produtivos. Éramos o alvo de todos os adversários e os adversários passaram incólumes. De lombo liso, como dizemos por aqui. O próprio Onyx. Como toda a artilharia estava voltada para mim, por estar na liderança das pesquisas, ele passou de lombo liso. Sem ter escancaradas suas fragilidades.

P. – Foi iniciativa sua chamá-lo de pipoqueiro?

EL – (risos) Sim, totalmente. É de minha autoria. Acho que nem validei com a assessoria isso. Me ocorreu na hora chamá-lo assim. Porque uma das fragilidades era essa.

Ele ocupou vários ministérios [cinco ao longo do governo Bolsonaro] não era por ter excepcional qualidade, e sim por acomodação política. Ficou pipocando pra lá e pra cá.

Falando em ataques, o sr. esperava que a questão da homofobia aparecesse na campanha?

Estava curioso para saber como o tema apareceria, visto que era a minha primeira eleição em que isso é abertamente tratado. Sobre a minha vida pessoal. Em outras eleições, aparecia de forma sorrateira, nos porões da campanha. Não era tratado no debate aberto.

P. – Dessa vez ficou muito claro que a campanha adversária tentou trazer isso de forma lateral, ao falar de primeira-dama. Causou indignação. Não só não tem projeto, como quer levar o debate para outra seara? E o preconceito ainda? Por que a decisão de trazer isso imediatamente para os debates?

EL – Porque precisava ser limpo, resolvido. Logo na primeira pergunta quis esclarecer as coisas. Não tem como discutir recuperação fiscal, saúde, educação sem discutir uma questão basilar que é respeito.

P. – Na entrevista após a eleição, o sr. recusou a possibilidade de o PT compor a sua base de governo. E quanto ao PL? Tem clima para o diálogo depois de uma campanha tão ríspida?

EL – Na outra eleição se enfrentaram PSDB e MDB, e o MDB compôs a base do governo e agora a própria nominata da coligação. Nós temos a disposição de conversar. Se não para uma composição de governo, estabelecer uma relação para avançarmos em pautas em que tenhamos convergência.

P. – No cenário nacional, o PSDB saiu machucado do primeiro turno, com uma bancada encolhida. Há espaço para partidos de centro depois de uma eleição como essa, de praticamente 50/50?

EL – As coisas vão se reacomodar. A política é muito dinâmica.

Assim como esse movimento estreitou o caminho do centro, agora, com a eleição encerrada, a gente tem uma nova oportunidade de passar essa mensagem. De que dá para conciliar uma visão liberal na economia com sensibilidade social. Elas são complementares, não excludentes.

P. – Pensando em ampliação de um campo democrático, vê espaço para legendas como PSDB, MDB, União em um governo Lula?

EL- Para participar do governo, não me parece que seja o caso. Mas se for o caso de estar na oposição, tem de ser de forma responsável. Nunca buscando inviabilizar um governo. É importante que o país cicatrize suas feridas.

Precisamos reconduzir as discussões políticas para a arena da política, sem tentativas de aniquilar os adversários. É preciso que haja essa compreensão do próprio PT, do próprio presidente Lula, para conviver de forma republicana com a oposição.

P. – Da perspectiva de governador, qual é o seu balanço do governo Bolsonaro?

EL- Infelizmente, de pouco diálogo. De uma incompreensão da federação, inclusive. Somos uma federação, e isso enseja uma especial capacidade de diálogo com estados e municípios.

Nunca houve uma reunião de governadores chamada pelo presidente. Lembro de uma reunião, apenas, chamada pelo Fórum de Governadores, que o presidente visitou. Passou rapidamente por ela e se foi. Embora eu tenha tido uma boa relação com os ministros, nunca houve uma diretriz de governo do presidente aos estados.

P. – O silêncio dele [pós-eleição] insufla as manifestações golpistas que vieram desde então?

EL – Seguramente. É importante que o presidente da República chamasse os seus próprios eleitores para que, com serenidade, acatassem o resultado das urnas. Destacar a eles que há um momento de luto e dor pela derrota, mas relembrá-los de que democracia é assim mesmo. O silêncio acaba sendo barulhento. Se não por estimular, por não desestimular as manifestações.

P. – Relembrando a sua pré-candidatura à Presidência, sua avaliação era de que o PSDB priorizou seus interesses em São Paulo naquela oportunidade. O partido perdeu o Governo de São Paulo. Foi a decisão correta?

EL – Não consegui acompanhar a eleição de lá atentamente por estar focado na minha, mas uma coisa que já estava muito clara para mim é que seria uma eleição muito difícil para o surgimento de novas lideranças. E o governador Rodrigo Garcia, embora tenha assumido [em março de 2022], ainda era pouco conhecido e enfrentou um ambiente altamente polarizado.

P. – O fato de Lula ter dito que não concorrerá à reeleição em 2026 influencia seus planos de uma nova candidatura à Presidência?

EL – Não estou pensando daqui a quatro anos. Acabamos de passar uma eleição. Tem um presidente recém-eleito. Temos muita coisa para fazer aqui no estado. Estou animado e entusiasmado com as perspectivas para o Rio Grande do Sul.

A política é muito dinâmica. Não sabemos quais serão as circunstâncias daqui a quatro anos. Quais lideranças vão emergir.

P. – Adversários e até mesmo a imprensa apontaram suas mudanças de posição ao longo do governo e da campanha. Sobre reeleição, inclusive. O senhor se considera uma pessoa de palavra apesar delas?

EL – Sem dúvida. Eu mudei algumas posições, fui convencido a mudar algumas delas, mas nunca mudei de princípios ou de valores. Sempre houve coerência nas minhas manifestações. Somos humanos para ouvir, assimilar ideias e, às vezes, se deixar convencer. Não se faz diálogo sem ser permeável às ideias do outro.

Minha mudança de posição sobre a reeleição não feriu ninguém. Simplesmente ofereceu um caminho de continuidade ao povo gaúcho.

Imagem- Carta Capital

Fonte: Noticiaaominuto

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