1- Bloco do eu sozinho
O deputado Emerson Jarude (MDB) causou surpresa ao declarar na sessão desta quarta-feira (01), que viaja nesta madrugada para Brasília para se encontrar com o Ministro Renan Filho, dos Transportes. O objetivo da viagem, informou ele, é conseguir recursos para resolver o problema da BR 364. Soou arrogante e deixou os colegas de parlamento estupefatos, principalmente os experientes que já vêm de outros mandatos e sabem que essas embaixadas são feitas em blocos, caravanas. O que aliás, foi feito na legislatura passada. Além disso, se nem a caravana de parlamentares estaduais nem as tentativas de toda a bancada federal conseguiram alguma coisa, autointitular-se o que vai “resolver o problema”, soa pretensioso. Pior ainda foi a informação que o encontro com o ministro é um convite do senador Alan Rick (União). Alan é o coordenador da bancada federal do Acre e como tal deveria marcar encontros com ministros e a bancada. Não isoladamente. Talvez por isso nunca o aceitaram como coordenador antes da bancada ser formada exclusivamente por novatos. Estranho também o convite do senador do União Brasil, não ter sido estendido aos dois deputados estaduais do partido dele. Desprestígio?
2- Bloco dos experientes
André da Droga Vale (Podemos), deu o troco: “A bandeira da BR 364 é de todos”. Antes da sessão, o assunto havia sido debatido na Comissão de Obras Públicas e Transporte, da qual André é presidente e o encaminhamento foi justamente ir à Brasília buscar o apoio da bancada federal para garantir recursos para a manutenção da BR 364 e uma reunião com o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para tratar do assunto. Antonia Sales, do MDB de Jarude também defendeu a união dos parlamentares estaduais e federais para encontrar uma solução para o problema da BR 364. Na “catigoria”, mostraram o caminho a Jarude. Mas este é novo na casa. Ainda não teve tempo de entender que no parlamento não há espaço para heróis solitários e que o Bloco do Eu Sozinho não desfila em grandes avenidas. Ele aprende. Vamos dar tempo ao tempo.
3- Sem celebração
Sem comemoração do golpe militar. O comandante do Exército, general Tomás Paiva, decidiu acabar com a celebração do aniversário do golpe militar de 1964 nos quartéis. Para o comandante o normal seria não existir a leitura da Ordem do Dia alusiva a 31 de março de 64. O procedimento já havia sido abolido no governo FHC (PSDB), mas retornou com a chegada de Jair Bolsonaro (PL), ao poder.
4- Pulou do Barco
O empresário Roberto Justus, bolsonarista de carteirinha até Lula (PT) voltar ao poder, anda detonando Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Pânico, Justus declarou “Ele fez tudo errado. Saiu do Brasil, não entregou a faixa, foi covarde, não voltou até agora, não falou com ninguém e quando falou foi uma decepção”. Impressiona como as ideologias são reféns das conveniências. Será isto o que o jornalista Paulo Cannabrava chamou de “Democracia dos Venais”? Uma “Venalcracia”?
5- Ditadura do Centrão
A observação embaça a torcida e fica difícil acreditar que será possível consolidar uma democracia no Brasil. Há tempos o país está refém do Centrão. A reeleição de Arthur Lira (PP), para a presidência da Câmara dos Deputados mostra isso. Dos 513 deputados federais, 464 votaram em Lira. A política no Congresso não sai do atoleiro do fisiologismo e com isso é impossível efetuar uma mudança. O paradoxo é que enquanto isso não se resolver, o país vai viver sob a batuta do Centrão. E o povo continua votando nesses políticos que só têm compromisso com as vantagens que podem assegurar para si.
6- Exemplo
Os exemplos de políticos sem compromisso com a população se espalham para além das paredes do Congresso. O prefeito de Betim (MG), Vitor Medioli, um italiano naturalizado brasileiro, durante a pandemia mandava os pacientes de Covid para os hospitais de Belo Horizonte. Mas, no último dia de fevereiro, decretou situação de emergência em saúde pública, o que lhe possibilita contratar sem concurso e comprar sem licitação. Decretar situação de emergência muitas vezes é a forma legal que os administradores públicos tem para fazer o que deveria estar dentro da lei, fora da lei.
7- Na taba
O prefeito de Marechal Thaumaturgo, Valdélio Furtado (PSD), é acusado de ter gastado mais de 116 mil reais em 10 meses, com aerotáxi. Uma média de 11, 6 mil por mês. O que chama a atenção não é o valor gasto, afinal, Marechal Thaumaturgo é um município isolado. O que chama a atenção é a “acusação adjunta” que dá conta que a empresa de táxi aéreo que o prefeito utiliza é representada pelo chefe de gabinete dele. As informações são do jornalista Alemão Monteiro, especialista em interior do Acre, que diz que em abril de 2022, quando Valdélio assumiu a prefeitura, gastou em um mês, 101 mil e 110 reais com a mesma empresa de aerotáxi. Valdélio foi alçado a prefeito do município com desincompatibilização de Isaac Piyako, (PSD), para disputar o pleito estadual.
8-Defensor
O presidente do México, López Obrador defende o presidente afastado do Peru, Pedro Castillo e afirma que inventam delitos para ele. López Obrador aponta o fato de Castillo ser de origem pobre e representar a classe mais explorada do Peru, como um dos motivos para impedirem-no de governar. O Peru, lembra Obrador, é um país com muitos recursos naturais e, por isso, é tão apetecível às ambições de empresas transnacionais apoiadas por governos estrangeiros. Tem gás, petróleo, ouro, prata, lítio. Deixa-lo sob o jugo de governantes corruptos que mantém seu próprio povo disponível para a exploração das transnacionais que se apropriam das riquezas do país é o que interessa a essas empresas. Governante que se vende por grandes e pequenas propinas, não é privilégio do Brasil.
9- Desumano
Se o fato das pessoas deixarem seus países e se aventurarem a iniciar uma nova vida em terra estrangeira como migrantes ilegais denota uma situação de desespero , saber que os traficantes de pessoas se aproveitam disso para ficar com os últimos centavos dessa gente, é terrível. Mas outros fatos ainda mais graves se somam. Sobreviventes do naufrágio na costa da Itália, que deixou mais de 64 mortos contam que para tentar evitar o naufrágio os traficantes jogaram crianças ao mar, para aliviar o peso do barco. Segundo eles, os traficantes de humanos pegavam as crianças pelos braços e as jogavam no mar. Pelo menos 20 teriam sido jogadas. O barco que partiu da Turquia, trazia 200 migrantes que vinham do Iraque, Irã, Afeganistão e Síria. Parece que o prazo de validade da raça humana já venceu.
10-Correção
Leitor atento corrige nota da coluna anterior, na qual eu disse que Lula (PT), perdeu duas eleições presidenciais. Na verdade, ele perdeu três eleições. Em 1990, 1994 e em 1998. Feito o registro.
Bom dia senador Márcio Bittar (União). É verdade que Vossa Excelência tem alocados mais de 700 milhões de reais para obras no Acre? Ainda que mal pergunte, como obteve tanto dinheiro assim? Sim, porque de onde saiu, a gente sabe. Do bolso da população né? Ou não?
Esta é uma coluna de opinião
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