Coluna da Angélica- Tião das 1001 casas

Depois do protagonismo da vice-prefeita Marfisa Galvão (PSD), no socorro aos atingidos pela enchente, o prefeito Tião Bocalom (PP), decidiu enquadrar o secretariado e a ordem agora é “tem que aparecer a gestão”, o que em livre tradução significa que o nome do prefeito tem que aparecer. Sempre. Fontes de dentro da prefeitura de Rio Branco dizem que Boca reclamou de ter disponibilizado 14 milhões para o socorro aos alagados e não ter saído bem na foto. Quem apareceu foi Marfisa! Nessa briga insana do prefeito com o grupo do senador Sérgio Petecão (PSD), Bocalom pode levar a pior. O prefeito está desgastado na periferia da cidade onde a vice reina. E são os votos da periferia que decidem eleição. Bocalom tirou Marfisa da Secretaria de Ação Social, mas não pode exonerá-la da função de vice-prefeita. Ela foi eleita. E pode fazer um estrago nas pretensões políticas do titular.

Bocalom se voltou contra Petecão e se aproximou de Alan Rick (União). Com isso se voltou contra os únicos políticos de expressão que apoiaram a candidatura dele a prefeito de Rio Branco. Petecão colocou toda sua energia e seu grupo a disposição da eleição de Bocalom e a vice-governadora Mailza Assis, presidente do PP, comprou briga até com o governador Gladson Cameli (PP), para apoiar Tião Bocalom. Ora, Mailza está estremecida com o senador Alan Rick que tentou derrubá-la. Ao se aproximar de Alan e exonerar as pessoas do grupo de Petecão, Bocalom descarta seus mais fiéis aliados. Fora da realidade, o prefeito, segundo informações, faz um cálculo sem chance de resultado. Acha que no caso de Mailza assumir o governo por afastamento de Gladson, pode vir a apoiá-lo para o Senado em 2026. Deve estar apostando na falta de memória de Mailza. Engana-se redondamente. Mailza é uma fera em pelo de gata doméstica. Se olhar com atenção é possível enxergar as garras afiadas. Boca precisa de óculos.

Pessoa próxima do senador Petecão confirma que ele ficou baqueado com o posicionamento de Bocalom, mas o que o atingiu mesmo foi a decisão de Bezerrinha. Entre o Boca e o Cabeção, ficou com o Boca.  O que foi considerado por membros do grupo de Petecão como alta traição uma vez que Bezerrinha estava com o senador do PSD desde tempos imemoriais. Petecão já deveria estar calejado. Ajudou Márcio Bittar (União), e este se afastou. Empurrou Bocalom ladeira acima e este o descartou no meio do mandato. Precisa fazer um cursinho para saber quem apoiar. Um quiz para quebrar a seriedade do momento: o homo políticus é inconstante por ser político ou é político por ser inconstante? Respostas no e-mail, please.

O prefeito de Rio Branco quer construir e entregar 1001 casas num dia. A ação que beneficiará 1001 famílias é excelente. Aliás, o piso das novas casas já foi apresentado a convidados ilustres. Do Rotary. Mas, segundo informações, as paredes serão construídas de madeira de descarte. Se for verídica esta informação, creio que as paredes não serão apresentadas a ninguém. Apesar da tecnologia garantir um tratamento para este tipo de madeira que a transforma em material durável e garante sua aproveitabilidade.

Bocalom promete entregar 1001 casas em um dia para bater o recorde mundial de Iris Rezende (MDB). O então governador de Goiás construiu em regime de mutirão mil casas num domingo. Foi o maior número de casas construídas por dia, no mundo. O feito está no Guinness Book e a Vila Mutirão permanece em Goiânia. Pois Boca pretende desbancar Iris Rezende construindo uma casa a mais. É a coisa certa pelo motivo errado. O que deveria motivar não apenas o prefeito de Rio Branco mas todos os políticos é o bem da população. Para isso foram eleitos. Não para competir entre si nem adubar a vaidade própria. Relaxem. Se fizerem a coisa certa, o reconhecimento vem. Seja como for, torço para que Bocalom consiga construir as 1001 casas. Não para derrubar o recorde de Rezende, mas para melhorar a vida de 1001 famílias. Só não sei como ele fará. Iris Rezende construiu as casas com kits pré-moldados. Placas de concreto encaixadas como quebra-cabeça. Espera-se que Boca não utilize seus conhecimentos de marceneiro.

Em um diálogo do filme O advogado do Diabo, satanás diz que o pecado favorito dele é a vaidade. Arrisco dizer que os jornalistas compartilham dessa preferência que rende boas notas. Não fosse ela, como falaríamos da chegada espetaculosa do deputado coronel Ulysses (União) à Assembleia Legislativa do Acre para uma reunião? Em estilo SuperStar, Ulysses foi precedido por um assessor tão arrumado quanto ele que registrava em vídeo todos os movimentos do chefe. Kanye West, tem muito a aprender com o deputado acreano. Já o deputado Emerson Jarude (MDB), alugou caçambas e trator para retirar o lixo e a lama deixados pela enchente e colocou os veículos em ação no bairro Edson Cadaxo…todos os veículos adesivados com o nome dele. Morador do local jura que o “comboio do Jarude” só limpou uma rua. Não conferi. Até porque este não é trabalho de deputado e meu interesse no momento é destacar a autopromoção.

Então o governador do Acre, estado que ocupa o segundo lugar em índice de menor economia do Brasil tem o quinto maior salário dentre os governadores do país? Mais ou menos assim, governa o Acre com salário de Paraná. Mas tem mais gente acima de suspeita, até com capa de santo que está sentado na grana. O Dalai Lama, por exemplo, tem um patrimônio orçado em 150 milhões de dólares. E muita gente acredita que ele vive modestamente. Sem se curvar aos apelos do mundo do consumo. Se formos em busca do patrimônio de outros líderes religiosos vamos encontrar muitos outros entronados em dólares.

O prefeito de Araucária (PR), Hissam Hussein, de 65 anos, casou com uma adolescente de 16 anos. Ele tem mais de 4 vezes a idade da menina. Idade suficiente para ser avô dela. Hissam deixou a segunda esposa recentemente para casar com a adolescente. A menina teve o consentimento dos pais, sem o qual não poderia casar. Um dia depois da celebração do casamento, a mãe da adolescente, nova sogra do prefeito,  foi nomeada secretária de Cultura no município administrado pelo genro. Hissam  é mais velho que o pai da sogra. Parece que a menina foi a moeda de troca numa transação com dinheiro público. Asilo e jardim de infância não combinam em nenhum lugar do mundo.  Num país sério, os adultos estariam na cadeia. Mas no Brasil esta é a tradicional família política. Ah! O prefeito casadoiro é do partido Cidadania.

Esta é uma coluna de opinião

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