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Famílias do acampamento Marielle Franco em Lábrea terão terra demarcada

 Eles aguardam pela criação do assentamento desde 2015

O Incra concluiu o processo de arrecadação de parte das terras da gleba Novo Natal, em Lábrea (AM), para atender às famílias moradoras do acampamento Marielle Franco.

A conclusão do processo pode pôr fim a quase uma década de violências. Ao longo desses anos, os acampados tiveram casas incendiadas, sofreram agressões, torturas e ameaças. Em janeiro de 2025, um morador do acampamento foi encontrado morto, com um tiro no queixo. O caso está em investigação.

A arrecadação de 28,4 mil hectares da gleba Novo Natal – processo que define as terras como pertencentes à União – foi publicada no Diário Oficial em 24 de fevereiro deste ano.

De acordo com informações da superintendência do Incra no Amazonas, a criação do assentamento deve ser realizada nos próximos meses e atenderá 150 das 200 famílias que aguardam a regularização do território.

Entre as atividades realizadas pelos ocupantes da área está a colheita da castanha. A prática permite a preservação ambiental, já que as castanheiras, árvores típicas da Amazônia, crescem em harmonia com outras espécies. Além da colheita, alguns ocupantes fazem roçados.

Área é a mais violenta da Amazônia

O acampamento Marielle Franco fica em uma área de fronteira entre Lábrea e Boca do Acre (AM), municípios líderes de casos de violência no campo, de acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Eles estão localizados na Amacro, região que abrange parte dos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, e definida como uma fronteira de expansão agrícola durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em 2023, a Amacro concentrou 10% [179] de todos os conflitos por terra registrados no país, e 26% de todos os assassinatos ocorridos em contexto de conflitos no campo,  destaca o relatório de conflitos no campo de 2023 da Pastoral da Terra.

Dos 31 assassinatos relacionados a conflitos rurais naquele ano no país, oito foram na Amacro, sendo cinco causados por grileiros, de acordo com a CPT. Em 2021, dos 60 registros de conflitos agrários no estado do Acre, 51 estavam na região da Amacro.

Um dos fazendeiros apontados pelos moradores como mandante das ameaças é o pecuarista Sidnei Sanches Zamora, dono de terras no Acre e Amazonas e morador de Rio Branco.  Entre elas, está a propriedade chamada fazenda Palotina, parcialmente sobreposta à área requisitada pelos acampados.

Em novembro de 2024, o filho dele, Sidney Sanches Zamora Filho, também pecuarista, teve prisão preventiva decretada pela 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da Subseção Judiciária do Amazonas (AM), no âmbito de uma investigação sobre uma organização criminosa especializadas em grilagem de terras públicas.

Com mais de 6 milhões de hectares, o equivalente ao tamanho do Sri Lanka, Lábrea é o décimo maior município do Brasil em extensão territorial.

Um dos maiores atrativos para grileiros na área é a abundância de terras públicas não destinadas – aquelas que pertencem ao governo estadual ou federal, mas ainda não foram transformadas em assentamentos, Unidades de Conservação (UCs) ou outros territórios protegidos, como Terras Indígenas (TIs) e Territórios Quilombolas (TQ). Sem a devida demarcação, essas áreas ficam em estado de insegurança jurídica e são atrativas para os invasores. As informações são do Brasil de Fato.

 

 

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