As despesas com dois cartões de crédito do governador Gladson Cameli (PP), totalizaram R$ 1,1 milhão em 16 meses. Além dos valores, chamou a atenção dos investigadores o fato dos pagamentos terem ocorrido através de pessoas interpostas ” em espécie, em alguns casos em valores acima dos cobrados nas faturas”.
Em fevereiro de 2020 a fatura de R$ 35,5 mil, teria sido paga em torno de R$ 16,5 mil acima do saldo devedor. Já a fatura de março do mesmo ano, no valor de R$ 45 mil, registrou tentativa de pagamento em espécie.
A segunda tentativa de pagamento da fatura em espécie foi comunicada pelo Banco de Brasília S.A, informando que no dia 26 de fevereiro de 2020 o policial militar Henrique da Silva Rocha, do Distrito Federal,efetivou depósito em espécie em sua própria conta bancária, no valor de R$ 81.100,00. “A quantia foi utilizada para o pagamento de dois boletos de cartões de crédito cujo responsável é Gladson de Lima Cameli, nos valores de R$ 45.507,23 e R$ 35.559,70, emitidos pelo Bradesco Cartões”.
O policial militar declarou, na ocasião, que “portava consigo outros R$ 80 mil em espécie, e que não depositaria em razão do receio de ser notificado pela Receita Federal. A quantia seria, segundo declarou o militar, devolvida ao irmão, Sebastião da Silva Rocha. Este último atuou vários anos como assessor parlamentar do então senador Gladson Cameli.
Os investigadores da Operação Ptolomeu determinada pelo STJ vislumbraram não um mero desvio de função, mas uma operação financeira que envolvia mais de R$ 160 mil, sem qualquer identificação de origem.
“Além disso, evidencia-se uma indisfarçável tentativa de ocultar os pagamentos com utilização de contas de pessoas interpostas e operações fracionadas”, completa o relatório da Polícia Federal.