Câmeras de segurança
Os investigadores conversaram com funcionários da loja em que a vítima trabalhava. Testemunhas relataram que Anna Carolina contou que em junho de 2021 o réu se passou por cliente e estacionou o carro em frente ao estabelecimento para supostamente para obter informações de um veículo.
Ainda segundo os relatos, ao ver que ele estaria entrando na loja, a vítima correu para um depósito.
A polícia analisou câmeras de segurança e viu que no dia da morte a vítima saiu 18h01 do trabalho e foi até o terminal de ônibus, como de costume.
No entanto, Eduardo passou perto do local às 17h45. Em interrogatório, Eduardo afirmou que esteve em Sorocaba naquele dia para a compra de materiais de construção e retornou para Pilar do Sul.
Ao g1, Marcelo Jorge Ferreira, da defesa do advogado, reafirmou que ele esteve na região apenas para abastecer o veículo.
Versões diferentes
Ainda segundo o interrogatório do réu à policia, ele teria ido direto à casa da mãe dele, onde teria passado a noite e de lá só teria saído no dia seguinte pela manhã, para ir até seu escritório.
A mãe do ex-padrasto também foi ouvida após ser intimada. À polícia, a mulher alegou que o filho não havia voltado para casa desde a hora do almoço, bem como não tinha dormido na residência.
Em nota, a defesa de Eduardo informou que ele enviava mensagens a Anna Carolina, mas que seriam de “preocupações paternas” e que as duas viagens realizadas entre os dois, na adolescência e outra já maior de idade, seriam como “pai e filha”.
Denúncia do Ministério Público
Conforme apurado pelo g1, o juiz aceitou a denúncia por homicídio qualificado oferecida pelo Ministério Público, mas não aceitou a prisão preventiva. Portanto, o ex-padrasto ficará em liberdade durante o processo.
A Justiça proibiu o réu de manter contato e se aproximar dos familiares da vítima e devendo manter distância mínima de 100 metros deles, sob pena da decretação da prisão cautelar novamente.
Entre os pedidos do MP e que a Polícia Civil deverá realizar estão os novos depoimentos de testemunhas, mais perícias e diligências.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a vítima sofreu um disparo de arma de fogo na região testa, sem a saída do projétil. A arma do crime não foi localizada.
Anna Carolina foi achada morta no dia 13 de novembro na cama dela, no bairro Wanel Ville. A casa não tinha sinal de arrombamento e estava com a porta destrancada.
Sinais de obsessão
Segundo Elaine Pascuin, mãe da vítima, ela manteve um relacionamento de quase 15 anos com o suspeito e que, durante esse período, passou a estranhar a superproteção que ele tinha com a enteada, Anna Carolina.
Segundo Elaine, ela decidiu romper a união no início de 2016. Contudo, o advogado não concordou com a partilha dos bens e passou a persegui-la.
“Ele falava que era dono de tudo. E, ao mesmo tempo que era agressivo, ele pedia perdão e dizia que juntos éramos a família perfeita. Foi aí que eu me mudei para Sorocaba com a minha filha, mas, diante de tanta insistência, resolvemos manter uma relação amistosa e voltamos para Pilar do Sul. A Carol foi junto e começou a trabalhar no escritório de advocacia dele”, lembra.
Apesar da tentativa, Elaine contou que a relação com o advogado ficou insustentável. Pouco tempo depois, ele foi preso suspeito de crime sexual contra uma adolescente. Na época, a polícia informou que a vítima era ex-funcionária do advogado.
Crime de stalking
De acordo com a Polícia Civil de Sorocaba, o homem era considerado um stalker – crime de perseguição, conhecido também como stalking (em inglês).
Os depoimentos de conhecidos da vítima e de parentes sobre a suposta obsessão e uma possível arma guardada na casa dele foram embasados no pedido de prisão temporária, que não foi convertida em preventiva pela Justiça após 60 dias.
Via: ContilNet