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Genocídio indígena no Mato Grosso do Sul-ataques são feitos por jagunços e PM

 

Um indígena assassinado,  oito feridos e três pessoas  desaparecidas- duas mulheres e uma menina de 7 anos. Esse foi o saldo de operações policiais contra os indígenas no Mato Grosso do Sul.

A realizada na manhã de 24, no município de Amambai, na fronteira com o Paraguai, resultou na morte de  Vito Fernandes, 42 anos, Guarani Kaiowá. Dois adolescentes da etnia encontram-se em estado grave, ambos com perfurações por balas.

(Fazendas dos Torelli, em vermelho, ficam ao lado da TI Amambai, em amarelo) 

A ação do BPChoque (Batalhão de Policiamento de Choque) da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul teve início após os Kaiowá ocuparem uma área da Fazenda Borda da Mata, vizinha da Terra Indígena Amambai. O imóvel de 269 hectares pertence à empresa VT Brasil Administração e Participação, controlada por Waldir Cândido Torelli e seus três filhos: Waldir Junior, Rodrigo e um adolescente.

Torelli  possui açougues em São Paulo e 9 fazendas no Mato Grosso do Sul. Teve frigorífico no Mato Grosso e no Paraguai, em sociedade com Jair Antônio de Lima, radicado no país vizinho. O do Mato Grosso foi adquirido pela gigante Marfrig.

Ao todo, ele possui 3.792 hectares, divididos em dez propriedades. Somados, os imóveis da família ultrapassam em 55% a área total da TI Amambai, com 2.441 hectares delimitados. P nome dele aparece na lista dos 500 maiores devedores da União, com uma dívida ativa acumulada em R$ 493,2 milhões. Leia Mais

 

 

No dia 21 de maio, um indíjena de 18 anos, Alex Recarte Vasques Lopes, foi assassinado com 8 tiros  em Coronel Sapucaia, município vizinho de Amamabi. Ninguém foi preso.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, a área é indígena e desde a década de 1940 o pequeno território era utilizado para o confinamento de indígenas levados de  todas as partes do Mato Grosso do Sul. Nos anos seguintes, a área reservada aos indígenas foi ficando ainda menor, e o limite correspondente a Amambai foi desapropriado.

“Alex foi morto em uma área que deveria ser indígena, mas virou fazenda. Ele não foi o primeiro, desde 2015 denunciamos a morte, o desaparecimento e até a tortura de indígenas na região de Amambai”, diz Matias Benno Rempel, missionário da Cimi.

Rempel afirma que a PM tem sido utilizada regularmente no estado como “uma força de defesa pública na proteção dos interesses privados” e as operações pela desocupação da área têm ocorrido sem mandado de reintegração de posse: “o que estamos vendo é o estado concedendo aos fazendeiros o direito de usar a PM como jagunço para nos expulsar”, denuncia.

Na quinta-feira 23, um segundo grupo indígena composto pelas etnias guarani e Kaiowá foi atacado por fazendeiros armados e pela PM, após retomarem território localizado em Naviraí, também no Mato Grosso do Sul. Não houve feridos.

Os 30 indígenas, viviam confinados à beira de uma rodovia próxima à região, enquanto aguardavam documentos que comprovem a posse do território denominado Kurupi/São Lucas. Na noite de quinta, eles decidiram avançar para uma área.

“A gente está sendo massacrado pelas redes sociais, estão dizendo que a gente começou a guerra, que atiramos nos policiais. A pergunta na minha cabeça é como que a gente vai conseguir arma de fogo quando não temos dinheiro para comprar nem o arroz. A nossa arma aqui são flechas. O que fiquei impressionado [de ouvir] foi que os que estavam na retomada foram os índios paraguaios, não era. Eram da própria comunidade da aldeia Amambai. Falo isso porque eu vivo em Amambai, a gente que vive aqui passa muita discriminação. Hoje mesmo a gente não conseguiu dormir de tanto voo de helicóptero, tiros, pessoas gritando. Isso dá peso no coração da nossa comunidade desse jeito. A aldeia nunca foi de violência e hoje acordamos com mais tristezas, chegou três mortos. E queremos justiça, que a justiça seja feita”, denunciam os indígenas.

 

 

Foto- Carta Capital

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