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Coluna da Angélica- Política do Acre: drama ou comédia?
Coluna da Angélica- Política do Acre: drama ou comédia?

Coluna da Angélica- Política do Acre: drama ou comédia?

1- Feudos

Os partidos políticos são os feudos pós-modernos. São geridos com a mão de ferro dos senhores feudais, conhecidos como presidentes.  Impedem a formação de novas lideranças. Basta ver que as lideranças dos partidos são as mesmas há décadas. Os que surgem, em vez de serem considerados alguém que possa auxiliar o crescimento do partido é encarado mais como uma ameaça ao poder estabelecido dos senhores. Pode até não ser, mas a discussão sobre as candidaturas majoritárias de 2024, se assemelha muito a isso. Segundo informações de bastidores, nas conversas entre o MDB e Petecão (PSD), o acordo, todo em torno de Marcus Alexandre, teria sido: se Marcus se filiar ao MDB, o PSD indica o vice. Se a opção de Marcus for o PSD, o vice será do MDB. Os presidentes das Executivas Municipais foram alijados da discussão. Coincidentemente os presidentes municipais são dois jovens políticos que se destacam, cada um a seu modo. O deputado Emerson Jarude é o presidente municipal do MDB e Eduardo Ribeiro, do PSD. Ribeiro, apesar de estreante em mandato eletivo vem ganhando espaço. A ordem pode ser cortar o broto antes que se transforme numa árvore frondosa. Marcus Alexandre já está na categoria árvore…e conversa com Nicolau Júnior (PP).

2-Samba 

A política no Acre é um drama. Mas às vezes tem umas nuances de comédia. Daquelas bem pastelão. Nessa última categoria competem desesperadamente o governador Gladson Cameli (PP) com o seu “ir aos EUA para fortalecer a bioeconomia”.  Tem que criar a economia, depois a bioeconomia para só então fortalecer. Não se fortalece algo que não existe. Ora, o estado vive de repasses, as obras são fruto de emendas e o dinheiro que circula é o dos contracheques. De que economia falamos, cara pálida? Do outro lado, como não poderia deixar de ser, vem o prefeito da capital da bioeconomia, dizer que vai ressuscitar o slogan de campanha- “Produzir para empregar”. Produzir o que e empregar quem numa gestão que não consegue sequer tapar os buracos das ruas? Se o prefeito Tião Bocalom (PP), desse uma voltinha na Estrada da Sobral, veria que o asfalto está derretendo. Mas não estenda o passeio até o Edson Cadaxo porque corre o risco de ter que correr de lá. Os moradores estão indignados. Segundo eles, onde havia buraquinhos, a equipe da prefeitura cavou, aumentou o tamanho dos buracos e jogou barro para tapar. Resultado, quando chove vira um melequeiro. Enquanto os administradores sonham, o povo tem pesadelos.

3-…de doido

Para completar o filme, Lene Petecão (PSD),  irmã do atual maior desafeto do prefeito, Sérgio Petecão, avisa que continua na base de sustentação do Boca. Tomaram a decisão de romper e esqueceram de avisar a irmã vereadora. Aprende Petecão. Tem que avisar a Lene. Pelo jeito ela não assiste tv, não ouve rádio e nem lê os jornais eletrônicos. No meio da confusão, para aumentar o clima, tem Secretário Municipal se sentindo “vigiado” por uns novos funcionários meio assim… sem função, que apareceram nos últimos dias. O Secretariado também não anda lá muito satisfeito em precisar de “autorização” do setor de Comunicação para poderem conceder entrevistas à imprensa. Quando o filme não tem um bom enredo, não segura a audiência. Fica a dica.

4-Indignação seletiva

A visita do senador Márcio Bittar (União) ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres  na prisão não chamaria tanto a atenção não fosse o fato do senador ser um ferrenho combatente do que chama de regalias dos presos. Bittar que alardeava compromisso de mudar o Código Penal para endurecer as leis e as punições, propôs a extinção do auxílio reclusão o qual chama de Bolsa Bandido. Ora, extinguir o auxílio reclusão, um benefício que vai para os filhos dos presos, é condenar a família pelo erro do pai. Mas Bittar foi além. Apresentou um Projeto de Lei (PL 651/2019), que veda a audiência de custódia e se posiciona a favor da redução da maioridade penal. Aquela tentativa de condenar e prender como adultos, adolescentes a partir de 16 anos.  Quer prender garotos mas presta solidariedade a um homem de 46 preso sob acusação de fazer corpo mole ou não fazer nada para impedir os maiores atos terroristas já registrados no Brasil quando as sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário foram invadidas e vandalizadas por uma turba que queria a anulação da eleição presidencial. Torres era o Secretário de Segurança. E viajou para os EUA apesar do anúncio do quebra-quebra ter inundado as redes sociais no dias que antecederam o vandalismo. Pouco tempo depois dos atos terroristas de 8 de janeiro, Bittar em defesa de Sérgio Moro (União), naquela história desmentida de ameaças a Moro, disse: “O ataque a ele, por si só, é indefensável, e o Estado brasileiro precisa agir com o maior rigor que a lei permite. E ela é frouxa”. Aí, quando a lei é aplicada com rigor, ele corre prestar solidariedade. Moral da história- não apostem na falta de memória da população. De vez em quando alguém junta os fios.

5-Regalias

O brasileiro trabalha 153 dias, o equivalente a 5,1 meses por ano, apenas para pagar impostos. É como se trabalhasse 5 meses de graça para o governo federal. É do dinheiro dos impostos que saem também as regalias, como o reembolso das despesas de deputados federais, o pagamento de aposentadoria compulsória de juízes expulsos. Só para se ter uma ideia, em 2019, o país gastou mais de 137 milhões só com o pagamento de aposentadoria a juízes expulsos pelo Conselho Nacional de Justiça. Cada um recebeu o equivalente ao benefício de 27 aposentados do INSS. Com o escândalo da falsificação de cartões de vacina de Bolsonaro e seus entes próximos, descobrimos que existe também a “jurisprudência da mamata”. Um dispositivo nas Forças Armadas que considera um militar expulso por desonra ser considerado simbolicamente morto. Isso permite que a esposa receba pensão como “viúva”. A primeira tentativa, a  Lei 3.765 de maio de 1960, teve o art 20 vetado. Ele estabelecia “O oficial da ativa, da reserva remunerada ou reformado, contribuinte obrigatório da pensão militar, que perde pôsto e patente, deixará aos seus herdeiros a pensão militar correspondente”. Mas a Lei Nº 6.880 de 1980 do Estatuto dos Militares, abre possibilidades que dependendo da defesa pode permitir interpretações diversas. Foi assim que Ailton Barros, expulso do exército por acusação de desvio de armas para o tráfico de drogas, foi considerado “morto para o exército”, portanto sua esposa, viúva com direito a uma pensão de 22 mil.

6- …imorais

Marinalva, a viúva de Ailton Barros recebe a pensão desde setembro de 2022. Poucos dias antes do 1º turno das eleições. Esse dispositivo legal, sob várias formas, não é exatamente uma novidade.  Os militares revoltosos em 22, 24, 32, 35, inicialmente expulsos e depois anistiados, também geraram pensões para viúvas de maridos vivos. Mas até onde a luz da história alcança, nenhum foi expulso por envolvimento com facção criminosa como Ailton, um dos que planejava um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. Essa incoerência parece um incentivo a pratica de crimes…de ambos os cônjuges. Na hipótese de uma mulher que quisesse se livrar do marido, por exemplo, bastaria “plantar” drogas no carro do marido e ficaria livre dele e com uma polpuda pensão. No caso da “viúva” de Ailton, uma pensão equivalente a de 15 trabalhadores. O funcionário público civil se aposenta aos 65 anos de idade com 35 anos de contribuição. O militar se aposenta quando quiser, basta fazer bastante m3rda. E a gente pensando que tudo se resumia a pensões para filhas, viagras e próteses penianas. Parece que esse saco não tem fim.

7-Café com a polícia

O delegado Railson Ferreira não dá folga em Feijó. Na sexta-feira (05), os moradores foram acordados por uma tropa de policiais que se dirigiam à  Secretaria Municipal de Obras com a missão de comprovar as denúncias de lavagem de dinheiro e corrupção ativa.  As denúncias envolvem a venda de combustível destinado a obras do município por preços abaixo do mercado para terceiros. O caso é conhecido na cidade como “Torneira do Diesel” e pode envolver vários funcionários da prefeitura administrada por Kiefer Cavalcante (PP).  As investigações poderão esclarecer uma história cabeluda que circulou pela cidade de ônibus escolares abastecidos com óleo “batizado” com água.

8-Diferentes destaques

A função parlamentar oportuniza diferentes formas de destaque que são bem observadas pela população. O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) com sua oratória eloquente e a experiência de décadas de prática, domina as atenções como oposição. Quando se assiste a sessão a impressão que se tem é que vários Edvaldos estão no plenário. Na outra ponta, o deputado Pedro Longo (PDT), discreto e elegante faz o contraponto como parlamentar da base de sustentação. Longo é daquele tipo que passa pelo lamaçal sem uma mancha. E o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luiz Gonzaga (PSDB), se mantém focado no desenvolvimento do Vale do Juruá. Gonzaga não dispensa nenhuma possibilidade de desenvolver a região. Na reunião no Peru, aproveitou para defender a estrada entre Pucallpa e Cruzeiro do Sul. Os peruanos estão ganhos para a questão. O problema de Gonzaga está mais distante. Ocupa um Ministério em Brasília e vai ser difícil de convencer. Mas Gonzaga nem pensa em desistir.

Bom dia, vice-prefeita da capital, Marfisa Galvão. É verdade que Vossa Excelência está balançada entre permanecer como vice e assumir uma Secretaria de Estado? É fase de avaliação que chama? Tem um povo bem ansioso a respeito né?

Esta é uma coluna de opinião

Contato- [email protected]

Imagem- Macunaíma

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