1- Tensão
Trabalhadores de empresas terceirizadas que prestam serviço ao Deracre vivem a insegurança de demissão a qualquer momento. Segundo eles, tem uma lista pronta para demitir 70% dos terceirizados do órgão. Não se sabe se é queimação, mas a conversa que circula lá dentro é que a determinação para demitir seria do senador Alan Rick (União) que teria interesse em substituí-los pelos “seus”. Na mesma situação estão os trabalhadores do Deracre de Cruzeiro do Sul. Acho pouco provável que Alan Rick tenha dado esta ordem “porque é o futuro Governador do Acre”. A frase atribuída a Alan parece mais uma tentativa de minar sua possível candidatura, mas está circulando. Desconheço alguma ligação mais estreita entre o atual diretor-presidente Beto Murad com o senador, mas a exoneração de alguns como a Diretora de Administração Financeira e de Planejamento, jogou lenha na fogueira, embora fosse ligada ao ex-presidente Petrônio Antunes. Também acho pouco provável que Beto Murad cumpra ordens de Alan Rick, mas o certo é que a revolta está grande lá dentro.
2- Alerta
Beto Murad precisa ficar esperto. Tem gente no Deracre, que trabalha muito perto dele que passa informações de tudo o que acontece lá dentro para o ex-diretor Petrônio Antunes. De acordo com as informações dos funcionários as medidas moralizadoras adotadas pelo novo diretor não atingiram a todos. Ele determinou que no fim do serviço todos os carros do Deracre sejam estacionados no pátio do Deracre onde devem permanecer até o expediente do dia seguinte. Entretanto, nem todos cumprem a ordem, garantem. E o mais grave: segundo os funcionários, tem gente que entrega o carro alugado pelo Deracre para os filhos usarem. Mais um abacaxi para o Beto Murad descascar. Os diretores mudam, mas os funcionários permanecem. E eles não são de aguentar calados.
3- Muito barulho
O anúncio de uma possível candidatura do presidente da FEM, Minoru Kinpara, à prefeitura de Rio Branco mexeu em casa de vespas. O partido Cidadania que forma uma Federação com o PSDB, chiou: “como assim, Minoru candidato? Sem conversar com o Cidadania?”. O partido de Roberto Freire se concentra em torno do nome do professor Roger, ex-vereador de Rio Branco. O ex-vice-governador Major Rocha, também reagiu: “o Sr Kinpara perdeu o meu respeito e admiração quando trocou a sua coerência, pelo menos aquela que eu achava que ele tinha, por um emprego para a mulher e depois para ele. Continuo acreditando que caráter, princípios, ética e coerência são inegociáveis. Mesmo assim respeito seu posicionamento”. Rocha foi quem levou Kinpara para o PSDB e apostou em seu nome para a prefeitura da capital. Em 2020, Minoru Kinpara obteve 25.939 votos, ficando em terceiro lugar. Atrás de Socorro Néri (então no PSB) e do vencedor Tião Bocalom (PP).
4-…por nada
O PSDB, assim como todos os outros partidos aliados do governo têm todo o direito de apresentar seus nomes para as disputas. Mas a lógica é que no fim apoiem o candidato de Gladson. Em vez de focar exclusivamente no comando, os partidos poderiam investir na Câmara de Vereadores, com opções qualificadas mas parece que os políticos menosprezam o parlamento mirim. Um estoque de sandálias da humildade não faria mal por aqui. Eduardo Suplicy é um exemplo disso. Com doutorado pela Universidade de Michigan, EUA e depois de ter sido senador e ocupado vários cargos políticos, voltou a ser vereador em 2020.
5-Opções
Opções para elevar a qualidade dos debates e das ações na Câmara de Vereadores de Rio Branco não faltam. O que falta, aparentemente, é o interesse dos políticos. Quando os preparados se omitem os sem compromisso ocupam os lugares. E na pré-campanha quando alguém se destaca atrai ciúme. O ativista Francisco Pânthio (PCdoB) que sempre foi atuante, vem recebendo críticas por ganhar espaço na mídia com seus vídeos-denúncia. Na verdade, faz o papel de vereadores que foram eleitos para fiscalizar e cobrar mas as ações de Pânthio em vez de servirem de exemplo são criticadas porque o veem como um possível adversário na disputa.
6- Do contra
Como já era esperado, o senador Márcio Bittar (União) se pronunciou contra a descriminalização da maconha para uso próprio que está em votação no STF. Os que são contra a descriminalização, via de regra são os que defendem o “endurecimento das leis” que resulta no encarceramento em massa de pobres e pretos. Entram na cadeia pelo porte poucas gramas de maconha e lá dentro são obrigados a entrar para uma facção criminosa. Segundo estudos um preso novo tem 48 horas para aderir a uma facção. O Brasil tem uma população carcerária equivalente a do Acre. Faça as contas. Além disso a política conservadora defende privatizações. Aí incluídas as dos presídios. Em presídios privatizados o lucro das empresas é per capita, consequentemente a tendencia é prender muito mais porque quanto mais presos maior o lucro. Se não descriminalizarem o uso da maconha vão tornar adolescentes pobres em fonte de renda para os empresários. A periferia precisa entender isso.
7-Atenção
O pensamento conservador não é exclusivo da Direita. Existem os ditos conservadores de Esquerda. Olhos atentos, observai. O governo Lula (PT) foi além de Bolsonaro. O Decreto 11498/2023 assinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin alterou o Decreto de Michel Temer e no artigo X incluiu Segurança Pública e Presídios, criando um marco jurídico para incluir essas duas áreas nas PPPs, ou privatizações. O Congresso não derrubou o decreto. Os governos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo já se assanham para privatizar os presídios que não garantem coisa nenhuma além do lucro para os empresários. Lembrem do presídio gerido pela iniciativa privada de Manaus que em 2017 que teve uma rebelião com 57 mortes. No RS, o leilão de um presídio no interior do estado está marcado para 1º de setembro. O edital prevê a participação internacional. E o pior, com financiamento do BNDES. É transformar vidas negras em mercadorias lucrativas para os punitivistas. Leilão de jovens negros para garantir o lucro dos conglomerados que irão se formar. Tirar dinheiro de preso é fácil. Difícil é ter projetos para a redução de crimes.
Sem Bom Dia e com pesar. Assim concluo a coluna desta sexta-feira por causa da morte da advogada Joana D’arc, lembrando que nenhuma nota de pesar foi publicada em sua homenagem. Joana foi assessora de Mailza Assis (PP) no Senado. Trabalhou para Gladson Cameli (PP), entre outros. Controvertida e atuante, Joana D’arc era um cofre de informações secretas. Inclusive envolvendo questões perigosas como o assassinato do prefeito de Plácido de Castro, Gedeon Barros e sobre tráfico de armas. A ela nossa sincera homenagem.
Esta é uma coluna de opinião e reflexão
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Imagem- Polêmica Paraíba