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20 mil pessoas estão isoladas e sem médico
Marechal Thaumaturgo enfrenta a pandemia de covid entregue à própria sorte. Nesta sexta-feira foi registrada a morte de uma parturiente. Os técnicos de enfermagem lutaram pela vida da moça seguindo as orientações telefônicas dadas por um médico do Samu que estava em Cruzeiro do Sul.
Os moradores afirmam que um médico se desloca de Cruzeiro do Sul, uma vez por mês, para atender a população de Marechal Thaumaturgo. Além da covid o município tem alta incidência de dengue e malária.
A distância entre Marechal Thaumaturgo e Cruzeiro do Sul é contada em horas de viagem de barco. Sete horas de voadeira ou um dia inteiro de canoa, embarcação utilizada quando o nível dos rios está baixo. Um paciente grave difícilmente resistiria a viagem em busca de socorro no município vizinho.
O governo do estado que não providencia médico para a cidade, não reformou a pista de pouso para as emergências e ignorou a morte da parturiente.
A pista de pouso que deveria ter sido concluída há dois anos, continua interditada, e não permite pousos e decolagens: “Chegaram a cogitar levar um paciente com a bexiga furada, de canoa para o hospital de Cruzeiro do Sul porque precisava de atendimento de urgência, mas o paciente febril não resistiria a viagem de canoa. São vidas que estão risco”, lamentou a deputada Antônia Sales (MDB).
O município de Marechal Thaumaturgo não possui ligação terrestre. A única forma de chegar ou sair da cidade é por via aérea ou fluvial. No verão amazônico, o nível dos rios baixa e dificulta a navegação. O nível das águas dos rios muitas vezes não chega aos joelhos de uma pessoa adulta. Neste período apenas as pequenas embarcações (canoas), conseguem transitar.
A obra do aeroporto orçada em R$ 1 milhão não foi licitada. Segundo o deputado Daniel Zen (PT), o governo do estado utiliza um contrato de manutenção preventiva, como um contrato guarda-chuva onde cabem todas as obras que o governo quiser fazer. A Atlas, empresa responsável pela obra do aeroporto de Marechal Thaumaturgo é caroneada por várias secretarias: “Se puxar a tripa do bodó, vai chegar a um lugar onde nem se imagina, tamanho é o novelo de rolo que esse governo gosta de fazer. Estou averiguando isso. Tem vários outros relacionados. A Educação é pinto pequeno na frente do que está para se revelar na Seinfra e no Deracre”, afirmou Zen.
Edvaldo Magalhães (PCdoB), disse que a empresa Atlas que iniciou a obra na pista de Marechal Thaumaturgo em parceria com o Deracre, não possui maquinário, apenas alguns carrinhos de mão e que não se deram ao trabalho de levar os insumos necessários à obra durante o inverno para que os trabalhos começassem no início de verão: “Irei apresentar um pedido de informações sobre a empresa Atlas contemplada com a reforma da pista. É inadmissível que uma empresa deixe passar todo inverno e olhe que em 2021 tivemos a maior cheia do Juruá, daria para transportar todos os insumos para o trabalho”.
A empresa também não pagou os trabalhadores que abandonaram a obra depois de três meses sem receber.
Em 18 de março de 2021, o site de notícias do governo do Acre informava que 50% da pista de pouso de Marechal Thaumaturgo estava concluída e que o Deracre daria continuidade à obra de manutenção. O diretor de Portos e Aeroportos do Deracre, Sócrates Guimarães acrescentou à época que as obras seguiam em ritmo acelerado e previa a inauguração para o mês de abril. Aqui
Terça-feira é 01 de junho.
Desesperados, os moradores de Marechal Thaumaturgo pedem socorro pelo whatsapp: ” temos que ir pras mídias sociais pedir socorro porque o governador finge que não está acontecendo nada ou que Marechal Thaumaturgo não existe. Como pode um município como Marechal com quase 20 mil habitantes, sem médico? Sem ter como sair com um doente grave em busca de socorro?”
