Atingido por operações policiais governador promove exonerações e dá declarações contestadas.
O governo do Acre foi atingido por duas operações policiais na semana do natal. (Foto Brasil 247).Por determinação do STJ a Polícia Federal fez buscas e apreensões no Palácio do Governo, na residência do governador Gladson Cameli (PP), nas residências dos pais e do irmão dele, no Palácio do Governo e na Casa Civil. A Operação Ptolomeu, resultou na prisão da Chefe de Gabinete do governador Gladson Cameli, na apreensão de 6 carros de luxo, joias, dinheiro e no arrombamento de um cofre além do afastamento do tio do governador, Secretário de Indústria, Comércio e Tecnologia assim como a proibição da primeira dama do estado de se aproximar de órgãos estaduais. Veja Aqui
O jornalista Léo Rosas, que teve acesso ao inquérito da Polícia Federal, disse: “é de arrepiar. Fiquei estupefato. Tem até chefe de organização criminosa”.
Já a Operação Parking, desencadeada pela Delegacia à Corrupção (Deccor) um dia antes da Operação Ptolomeu, afastou o chefe do Deracre de Cruzeiro do Sul e outras 3 pessoas, entre elas, uma prima da primeira dama do estado. O chefe do Deracre, é amigo de infância e ex-motorista de Gladson. Veja Aqui
Luciano Oliveira, afastado da função de chefe do Deracre de Cruzeiro do Sul, foi exonerado pelo governador (Operação Parking). O mesmo destino teve a Chefe de Gabinete, Rosângela Gama, presa pela Polícia Federal (Operação Ptolomeu). O tio do governador, Anderson Lima, apesar de proibido pelo STJ de entrar na Secretaria que comanda, permanece no cargo.
Associado a isso o deputado federal Leo de Brito (PT) protocolou junto ao MPF e à Polícia Federal, um pedido de investigação sobre possível vazamento de informações da Operação Ptolomeu para o governador Gladson Cameli. Na solenidade de encerramento do ano legislativo Gladson disse em discurso que soube com antecedência que seria alvo de uma operação da PF: “soube pela Rádio Peão”. Leia Aqui
Exoneração do Procurador Geral do Estado
Na tarde desta quinta-feira 23/12, o governador publicou em edição extra do Diário Oficial, a exoneração do Procurador Geral do Estado. A discreta publicação não traz o nome do Procurador. Limita-se a informar que o decreto de nº 017 de 2 de janeiro de 2019 foi revogado. O teor do decreto anulado era o que nomeava João Paulo Setti para o cargo de Procurador Geral do Estado.
A exoneração do Procurador não possui nenhuma ligação aparente com as duas operações policiais, como foi lembrado pelo colunista Luiz Carlos Moreira Jorge: “A DEMISSÃO do João Paulo Setti da Procuradoria Geral do Estado causou surpresa. A presunção é que deve ter sido por seu suposto envolvimento no caso dos precatórios. Não teve nenhuma relação com a Operação Ptolomeu”.
Em 3 de novembro, o vice-governador, então governador em exercício, Major Rocha exonerou João Paulo Setti do cargo de Procurador Geral do Estado, segundo ele, para proteger a instituição PGE, uma vez que o nome do então Procurador Geral constava em depoimentos no inquérito que apura um possível esquema chamado “Máfia dos Precatórios”. O caso foi denunciado pelo ex-Procurador de Justiça do Acre, Edmar Monteiro. Assista a entrevista do ex-Procurador de Justiça, Edmar Monteiro, sobre o assunto Aqui
No dia em que Rocha exonerou o Procurador Geral do Estado, o deputado Daniel Zen (PT), em pronunciamento na Assembleia Legislativa do Estado disse que o governador Gladson Cameli está sob suspeita pela relação familiar incestuosa no escândalo chamado “Máfia dos Precatórios”. Veja Aqui
Rocha (PSL), estava no exercício da função de governador, uma vez que Gladson Cameli estava fora do país. Da Europa, Gladson disse que “recolocaria as coisas no lugar ao voltar”. E assim o fez. Em 10 de novembro, ao reassumir o governo, Gladson revogou o decreto de Rocha que exonerou João Paulo Setti e este reassumiu a função de Procurador Geral do Estado, até esta quinta-feira (23).
A exoneração do Procurador, desta vez, pelo governador Gladson Cameli, em meio à crise político-policial do governo, segundo alguns advogados que analisam o caso, tende a retardar o desfecho das investigações sobre o escândalo dos precatórios, uma vez que o fato de um Procurador Geral do Estado ser citado levou o caso para o Tribunal de Justiça. Com a exoneração, o caso seria remetido a outra instância e o inquérito precisaria recomeçar do zero. Além disso, pontuam, o decreto de nomeação de João Paulo Setti para o cargo de Procurador Geral do Estado, foi revogado, portanto a nomeação de 2019 foi anulada, o que poderia implicar na anulação de todos os atos administrativos do ex-Procurador.
Manifestação do vice-governador Major Rocha
O vice-governador Major Rocha manifestou-se através das redes sociais sobre as exonerações:
“Quando o barco está afundando e os botes salva-vidas são poucos, é necessário jogar algumas pessoas ao mar para salvar a própria pele. Parece que isso está acontecendo no Governo Gladson Cameli com as exonerações realizadas no Diário Oficial deste dia 23 de dezembro.
Longe dessas exonerações representarem alguma melhoria na imagem do governador que foi acordado pela Polícia Federal na Operação Ptolomeu, esses atos só demonstram que nós sempre estivemos corretos nas denúncias que protocolamos ao longo dos últimos três anos, dentre elas a que envolvia o nome do Procurador Geral do Estado João Paulo Setti.