1- Ingerência política
Enquanto todas as atenções estavam voltadas para a Expoacre, o governo exonerou Glauber Feitoza, indicado por Arlenilson Cunha (PL), que não foi sequer avisado da substituição. O deputado soube como todos pela edição extraordinária do Diário Oficial. Em seu lugar foi colocado Alexandre Nascimento de Souza, segundo informações, indicado pelo coronel Ulysses (União), que vai estendendo seus tentáculos para dentro do presídio. Olhos atentos, observai. Ulysses teria dito que o problema do Iapen era gestão e que se entregasse para ele em 6 meses resolveria o problema. Parafraseou o ex-secretário de Segurança, Emylson Farias, que prometeu resolver o problema das facções criminosas no Acre em 6 meses. Ulysses também teria atribuído à ingerência política, as dificuldades do Iapen, mas indica um apadrinhado. Ingerência política, pois. Em tempo: Gladson Cameli (PP) contempla um dos mais ferrenhos adversários do presidente Lula (PT) no Acre ao mesmo tempo em que busca se aproximar do presidente.
2- Reação
A substituição provocou a reação de Policiais Penais, apesar de divergências pontuais com Glauber, o ex-diretor era um deles, assim como Arlenilson. Além disso, Ulysses não goza de simpatia na categoria. Afirmam que o deputado militar nunca fez nada pela categoria. Aliás é uma boa pergunta saber por quem os sinos de Ulysses dobram. Até agora seus sons são desconhecidos. O que se vê são críticas ao governo federal, à leis penais consideradas brandas e atitudes de superstar. Ulysses anda sempre acompanhado de um batalhão de fotógrafos e cinegrafistas que registram suas aparições públicas como se fosse uma celebridade. Que o diga quem o viu desfilando pelo parque de exposições durante a Expoacre 2023.
3-…e consequências
É de se perguntar o que acontecerá com Glauber. A vida de Feitoza pode estar em risco. Em cartas interceptadas, foram registrados oferecimento em dinheiro pela cabeça dele. A resposta à rebelião no presídio que resultou em cinco mortos com três decapitados não pode se limitar à troca de diretor do Iapen. Aguardemos.
4- Violência
Não podemos legitimar a violência. Venha de onde vier. O Brasil não tem pena de morte, mas em 2022 a polícia matou mais de 6.400 pessoas no país. Nos últimos dias foi um total de 45 mortos em operações policiais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Na Baixada Santista, chama a atenção o fato dos 16 assassinados pela polícia (número que pode chegar a 19), ter-se dado em vingança pela morte do soldado Patrick Reis, do Rota. É claro que a situação é complexa e precisa ser aprofundada. Policiais que trabalham nas ruas vivem sob tensão e são mal remunerados, mas isso não dá o direito de usurpar o poder de julgar e executar as sentenças. Principalmente porque é a população pobre que é atingida. Criminalização da pobreza. Brancos ricos como Roberto Jefferson que resistiu a prisão com tiros e bombas não sofreu um tiro sequer. É disso que se trata. Mudar esta condição de que basta ser preto e pobre para ser candidato a morte.
5- Risco
A mãe do governador Gladson Cameli pode ter cutucado a onça com vara curta. Uma ex-esposa quieta é uma segurança para o ex-marido, mas uma ex-esposa com raiva é mais que uma dor de cabeça. É um risco. Observem os estragos que a ex-mulher de Valdemar da Costa Neto (PL), Maria Christina Mendes Caldeira, e a do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP), Jullyene Lins, estão fazendo. Ex-esposa sabe demais. Ana Paula foi envolvida no caso conhecido como Máfia dos Precatórios e na Operação Ptolomeu. Pode ter muito a acrescentar. Talvez fosse melhor deixá-la seguir com sua vida afetiva do jeito que quiser. Até porque não traiu ninguém. Já estava separada quando conheceu Emerson Jarude (Novo). E mesmo que não estivesse, a questão só interessa a ela que tem todo o direito de conduzir sua vida pessoal do jeito que bem entender. Nunca foi para a rua defender a família tradicional como o senador Márcio Bittar que largou a esposa depois de mais de 20 anos de casamento e casou com outra com a metade da idade da primeira, e ao qual ninguém critica. Se vale um conselho: devagar com o andor que o santo é de barro, dona Linda. Chamar Ana Paula ex-Cameli de “palhaça” por causa de uma curtida na publicação de Emerson Jarude não foi nada sensato.
6-Argumentos
Alguns políticos levantam a voz contra a liberação do porte de maconha para uso pessoal afirmando serem “contra a liberação das drogas” como se a matéria que está em votação no STF incluísse todas as drogas, até o crack. Não posso ver isso como mera ignorância. Acho que é a tal da má fé em estado puro. Estes que não por acaso defendem o “endurecimento das leis penais” para encarcerar cada vez mais, não desconhecem que dentro dos presídios droga “é o pau que rola” apesar das proibições. O senador Márcio Bittar (União), foi além. Apelar para sentimentos cristãos e misturar o aborto no assunto parece ter como objetivo sensibilizar a ala mais resistente a mudanças e dessa forma conseguir aquilo que todo político almeja: votos. Bittar disse que o Brasil é a maior nação cristã do planeta e, portanto, não quer a liberação do aborto e nem das drogas. Como se o uso de drogas fosse exclusivo de praticantes de religiões não cristãs. Como se o mundo não convivesse com centenas de drogas legalizadas na forma de medicamentos, além de álcool e cigarro. Não me surpreenderia se alguns desses senhores fizessem seus discursos contra a liberação das drogas entre goles de uísque ou cerveja.
7-…falhos
Enquanto se posicionam contra a liberação da maconha e do aborto, esses defensores da “vida”, pregam a liberação das armas. Instrumento utilizado para tirar vidas. Via de regra, esses políticos defensores da “vida” e contra as drogas, são também os que apoiam ações da polícia contra jovens pobres e pretos. Ou é contradição por falta de raciocínio ou jogo para a galera. Jogo de cena. Captação de pontos no tabuleiro dos tabus religiosos. O Brasil concentra uma população prisional de quase um milhão de pessoas. A maioria respondendo por tráfico ou crime contra a propriedade. Paralelo a isso, nossos índices de violência são superiores a zonas de guerra. Vale refletir.
8-Choveu dinheiro
O vereador de Cândido Mendes, interior do Maranhão, Sababá Filho (PCdoB), distribuiu 300 mil reais entre a população. O dinheiro jogado pela janela da Câmara de Vereadores seria uma propina paga pelo prefeito José Bonifácio Rocha de Jesus, o Facinho (PL), para que o vereador renunciasse. O suplente de Sababá é aliado prefeito que tem um pedido de cassação do mandato tramitando na Câmara de Vereadores. Após jogar o dinheiro, Sababá rasgou o documento de renúncia e atirou os pedaços pela janela. O prefeito pretendia obter maioria na Câmara para evitar que prosperasse o pedido de cassação. Em junho, quatro vereadores da base de Facinho foram cassados por quebra de decoro parlamentar. Os quatro foram reconduzidos à Câmara com um Mandado de Segurança. O caso terá desdobramentos. O prefeito nega a propina e afirma que vai processar o vereador. Quem gostou da confusão foi quem conseguiu encher os bolsos com as notas.
Bom dia, Luís Tchê, Secretário de Agricultura. O bordão “Boa Noitchê” com o qual Vossa Excelência iniciou todas as vossas falas na Expoacre 2023 foi uma tentativa de massificar o vosso nome para a disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026? Responda depressa: a Expoacre é uma feira de negócios, um arraialzão ou um grande comício? Marrapaiz!
Esta é uma coluna de opinião e reflexão
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Imagem- Revista Ecotour News & Negócios
Dona Linda pode estar cutucando uma onça com vara curta
