A proposta foi do senador Randolfe Rodrigues (Rede)
A Comissão Externa deve investigar a violência praticada contra povos indígenas e populações tradicionais, e os ataques às pessoas e associações que trabalham em defesa do meio ambiente no Brasil. A proposta é uma resposta ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Don Philips. Os dois desapareceram há mais de uma semana no Vale do Javari, região onde são registradas constantemente invasões de caçadores e pescadores ilegais, além de narcotraficantes.
O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, com 85 mil km², uma área maior que a Áustria. A área é habitada por 6.300 indígenas de 26 grupos diferentes, 18 deles isolados. Está localizada na fronteira com o Peru e a Colômbia, com acesso restrito por vias fluviais e aéreas.
Os dois tinham um acervo valioso sobre a história do Brasil e conheciam a região em profundidade
Como coordenador geral de indígenas isolados e de recente contato da Funai, Bruno Pereira combatia os garimpos ilegais. Ele mapeou para o MPF uma organização criminosa e liderou operação que queimou 60 balsas, foi exonerado da Funai em 2019 por Luiz Pontel, secretário-executivo do então ministro da Justiça Sérgio Moro. Foi substituído por um missionário evangélico.
Dom cobria o desmatamento e chegou a discutir com Bolsonaro. A resposta do presidente Jair Bolsonaro e do General Heleno ao jornalista britânico foi: “Por que tem tanta ONG na Amazônia?” e “os defensores da floresta nunca pisaram lá” foram algumas das frases ditas a Dom Philips.
Para alguns analistas, o indigenista brasileiro e o jornalista britânico foram vítimas do enfraquecimento do Ibama e da Funai e do fortalecimento de desmatadores, pescadores e garimpeiros ilegais.
Um documento produzido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos, o Inesc, em conjunto com a associação Indigenistas Associados, Ina, que representa servidores do órgão, elaboraram um dossiê que aponta uma militarização sem precedentes da Funai.
“Das 39 Coordenações Regionais do órgão, apenas duas são chefiadas por servidores civis – outras 24 são coordenadas por oficiais das Forças Armadas e policiais militares ou federais” destaca a jornalista Marina Verenicz da Carta Capital.
A reportagem aponta que o número de processos administrativos disciplinares instaurados para apurar práticas contra os funcionários do órgão tem aumentado vertiginosamente.
“Durante a gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Fundação Nacional do Índio (Funai) retirou armas de fogo que estavam em ao menos uma das bases de proteção do órgão na Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no Amazonas”, diz reportagem da Metrópoles.
Foto- Brasil de Fato