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Imprensa internacional destaca o episódio Roberto Jefferson e a tensão pré-eleitoral no Brasil

Canais como Reuters e Blomberg, dentre outros, destacam o clima de violência nos dias que antecedem a eleição presidencial no Brasil e colocam Roberto Jefferson como aliado de Bolsonaro.

O caso foi registrado neste domingo (23) e manteve o país inteiro ligado no fato inusitado durante 8 horas. Após este período Roberto Jefferson se entregou a polícia e saiu sob gritos de “Jefferson guerreiro do povo brasileiro”.  Pessoas, em sua maioria vestindo camisas amarelas que se deslocaram para a frente da mansão do político com o objetivo inicial de apoiar a luta armada de Roberto Jefferson foram os autores das palavras de ordem.

Os manifestantes agrediram o cinegrafista Rogério de Paula, da Rede Globo, que colhia imagens no local. Ele foi atingido na cabeça do cinegrafista, exatamente na região em que passou por uma cirurgia neurológica recentemente.

Rogério não foi o único a sair ferido da confusão provocada por Roberto Jefferson. Dois policiais federais também foram feridos pelo ataque do político que resistia a prisão. O delegado Marcelo Vilella foi atingido na cabeça e na perna, e uma policial identificada como Karina teve ferimentos na cabeça.

O mandado de prisão que a Polícia Federal cumpriu, decorreu de determinação judicial, em virtude de suposto arsenal irregular de armas e planos de ataques nas vésperas da eleição do próximo domingo (30). O arsenal comprovado continha granadas, fuzil e metralhadora, na casa do condenado que cumpria prisão domiciliar monitorado por tornozeleira eletrônica.

Roberto Jefferson foi preso em agosto de 2021, por divulgar vídeos em que atacava e ameaçava agentes públicos, especialmente ministros do STF que o investigavam. Empunhava armas de fogo, dava tiros, ensinava agressões contra agentes públicos. Ele foi preso com base em uma ação penal, ajuizada pela PGR e estava em prisão domiciliar por causa dos problemas de saúde e em função da idade avançada.

Neste domingo a Polícia Federal foi ao endereço do ex-deputado para cumprir uma ordem de prisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Na verdade, a determinação era para que ele voltasse ao regime fechado por ter descumprido medidas impostas anteriormente pelo tribunal.

A operação ocorreu um dia após Jefferson xingar a ministra Cármen Lúcia (STF), comparando-a “prostitutas”, “arrombadas” e “vagabundas” em um vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB) nas redes sociais.

Jefferson recebeu a polícia com tiros e divulgou vídeos em que afirmava que não iria se entregar. Veja Aqui

Um dos vídeos mostra o para-brisa do veículo da PF estilhaçado. “Mostrar a vocês que o pau cantou. Eles atiraram em mim, eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Mas eu não me entrego”, afirma.

Uma das informações garante que ele disparou mais de 20 tiros de fuzil e lançou duas granadas contra os policiais federais.

O fato de Jefferson reagir à ação da PF como se estivesse esperando pela chegada deles levantou a suspeita em integrantes de partidos de oposição que ele sabia da operação com antecedência e que seria uma ação planejada, ou seja, atacaria a ministra do STF para provocar uma reação, uma vez que preso não pode utilizar a internet dessa maneira. Entretanto,a situação teria saído do controle quando Bob Jefferson teria se confundido na fantasia e assumido a personalidade de Rambo da 3ª idade, atacando os policiais federais.

A intenção inicial era tão somente denunciar a censura (segundo o deputado André Janones -Avante, Jefferson é coordenador informal da campanha de Jair Bolsonaro), para desviar o foco do vídeo sem edição, em que o ministro da Economia, Paulo Guedes aparece expondo seu plano de congelar o salário mínimo e as aposentadorias, mas fugiu do script e saiu errado inclusive porque o ministro Alexandre de Moraes proibiu a entrevista coletiva a qual Jeferson condicionou sua rendição.

A jornalista Miriam Leitão, postou no Twitter: “Tudo errado. Preso domiciliar com 13 armas atirando granada em policiais que cumprem ordem judicial. Presidente manda ministro da Justiça para o local, para proteger o criminoso. Ex juiz que acha que réu foi apenas “sem noção”. Essa bomba estourou toda no colo do bolsonarismo”.

Na Globo News, Fernando Gabeira foi na mesma linha de raciocínio. Ele disse que tudo isso foi cuidadosamente orquestrado por Roberto Jefferson. Ao insultar a ministra ele já sabia que teria a prisão domiciliar revogada pelo STF. E como ele é um homem cheio de problemas de saúde, teve uma atitude suicida na tentativa de virar um mártir a uma semana eleição. O que ninguém conseguiu prever foi que dois policiais federais fossem atingidos.

O assunto dominou as atenções em todo o país e obrigou autoridades se pronunciarem.

Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL), inicialmente condenou levemente a ação de Jefferson e criticou a da justiça. Logo depois, em uma transmissão ao vivo ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, o presidente leu uma publicação que fez no Twitter na qual repudia as falas de Jefferson contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e informou que determinou a ida do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para acompanhar o “andamento deste lamentável episódio”.  Posteriormente, devido a repercussão, o presidente disse: “O tratamento dispensado a quem atira em policiais é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio”, afirmou.

Jair Bolsonaro negou a ligação dele com o condenado e até a existência de fotos dele com Jefferson. O efeito foi contrário. As redes sociais foram inundadas de fotos dos dois juntos.

A declaração de Bolsonaro acendeu o sinal vermelho na família de Jefferson. O deputado Alexandre Frota (PSDB), publicou no Twitter que Cristiane Brasil soltaria um fato bomba após abandono de Jefferson por Bolsonaro.

Jefferson disse entender o distanciamento de Bolsonaro às vésperas da eleição, mas que depois do pleito espera “retribuição à sua fidelidade” e mandou um recado: “Não aceitarei ser abandonado”.

Quando o PT deixou de retribuir sua “fidelidade”, Jefferson revelou publicamente a existência do mensalão, denunciando na tribuna da Câmara dos Deputados, o esquema envolvendo os partidos da base aliada, especialmente o centrão.  Até então ele negava saber do mensalão.

O deputado Otoni de Paula (MDB), amigo de Jefferson, publicou um vídeo cobrando proteção do presidente para não deixar “um soldado patriota morrer sozinho”.

Segundo informações durante todo o período em que resistiu à prisão e atirou nos policiais, Jefferson manteve contato com interlocutores do Planalto, que o avisaram da disposição de Bolsonaro de enviar o próprio ministro da Justiça à sua casa.

Cristiane Brasil, teve a conta no Twitter censurada por incitar a violência e a desordem ao convocar a população a auxiliar na reação do pai dela contra a polícia.

Arthur Lira 

O presidente da Câmara dos Deputados disse que os “Fatos atingiram o pico do absurdo” e  repudiou  os episódios protagonizados por Roberto Jefferson. Em suas redes sociais, Lira postou: “O Brasil assiste estarrecido a fatos que, neste domingo, atingiram o pico do absurdo. Em nome da Câmara, repudio toda reação violenta, armada ou com palavras, que ponham em risco as instituições e seus integrantes. Não admitiremos retrocessos ou atentados contra nossa democracia”.

Quem é Roberto Jefferson

Roberto Jefferson iniciou a carreira pública em um programa policial na tv, como Advogado do Povo. A partir da notoriedade obtida, elegeu-se deputado federal, e assumiu a presidência do PTB. Foi condenado por corrupção no caso do mensalão. E está preso por discurso de ódio e incitação à violência, desde 2021. No domingo, cometeu outros crimes- incitação à violência e resistência à prisão. Ele foi denunciado por incitação ao crime, crimes contra a honra e homofobia.

Censura

A censura do TSE atingiu o deputado André Janones. Ele foi proibido de falar sobre o plano de Paulo Guedes de desindexar o salário-mínimo e as aposentadorias da inflação, o que atingirá 80% dos benefícios.  Janones também foi proibido de divulgar fotos de Jair Bolsonaro com Roberto Jefferson. O deputado participava de uma entrevista no canal ICL no YouTube quando foi intimado. A intimação durante a transmissão ao vivo foi testemunhada por milhares de espectadores.

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No Twitter, o deputado publicou: “Acabo de ser intimado ao vivo durante uma entrevista. Estou proibido a pedido de Bolsonaro de divulgar qualquer foto dele com Jefferson e de fazer qualquer postagem que ligue ambos, sob pena de multa diária de 100 mil reais. Cumprirei a determinação da justiça. @AndreJanonesAdv

O caso Roberto Jefferson não foi o único deste domingo.

Em Natal- RN, houve um atentado contra um ato de apoio a Lula (PT). Os tiros começaram logo após a carreta em Macaiba (região metropolitana), quando a governadora Fátima Bezerra (PT) se preparava para discursar. Fátima Bezerra foi retirada do local às pressas.

Em Ponta Negra, também em  Natal (RN), dois carros com bandeiras e adesivos de Lula foram alvejados por tiros.

Acre

No Acre, um grupo chegou a cogitar a realização de um protesto em frente à sede da polícia Federal contra a prisão de Roberto Jefferson.

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