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Coluna da Angélica- Deputados brincam de roleta russa
Coluna da Angélica- Deputados brincam de roleta russa

Coluna da Angélica- Deputados brincam de roleta russa

1-Roleta russa

Depois do sufoco que passaram por seguirem a determinação do governo sobre os plantões da enfermagem e terem sua decisão orientada, reformada pelo Secretário de Governo Alyson Bestene (PP), todo mundo pensou que eles tinham aprendido. Que nada. Na sessão de ontem protagonizaram outra cena. Cassaram sua própria decisão. Tinham aprovado por unanimidade o projeto de Educação Sexual nas escolas. Mailza vetou. Eles então foram contra o que haviam aprovado e mantiveram o veto. Mudam de ideia como quem muda de roupa de acordo com os humores do Executivo. A derrubada do veto só teve dois votos contrários- Edvaldo Magalhães (PCdoB) e Emerson Jarude (MDB). Até o autor da proposta votou contra si e seu projeto e a favor do veto. Se a proposta tivesse sido vetada pelo governador até se entenderia com maior facilidade. Mas pela vice…a menos que seja uma aposta no mercado futuro.

2-Pacto

O autor do projeto, Fagner Calegário (Podemos), justificou que tudo foi pactuado.  Manteriam o veto para reapresentar a proposta com ajustes. O que será feito antes do recesso de meio de ano. Resta saber se combinaram com Mailza e se o projeto reajustado vai incluir pregações evangélicas. A vice-governadora, autora do veto disse em sua justificativa que a primeira razão para o veto é de ordem jurídica. Trata de aborto. O que colide com o ordenamento jurídico brasileiro que criminaliza a prática.  Ou Mailza entendeu apenas um parágrafo das leis brasileiras, ou não leu o resto. A lei brasileira também estabelece que o Estado é laico. Ou seja, não pode ser instrumentalizado por nenhuma religião. Detalhe- o projeto nem cita a palavra aborto. Parece que os deputados brincam de roleta russa enquanto a vice brinca nos campos do Senhor. A comparação é com o filme de Héctor Babenco, Brincando nos campos do Senhor. Só uma alegoria.

3-Cirúrgico

O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB),  foi cirúrgico: “a forma de libertar e proteger as pessoas é pela educação.  Na medida em que você não dá através desse instrumento as informações necessárias para que as pessoas se libertem do preconceito e da ignorância, elas se tornam presas fáceis”. E foi além ao pedir que se houver o retorno do projeto, que seja feito sob a luz da ciência e da educação. Corretíssimo. A igreja mandou no Estado do século V ao século XV. Perdeu o domínio sobre a política 600 anos atrás. É preciso entender que princípio religioso não é um sapato que cabe no pé de todos e quem governa, governa para todos, não apenas para o número 35. Minha amiga Lídia Lacerda lembra que em 1453, durante a tomada de Constantinopla, enquanto o imperador Constantino XI comandava a resistência, os sacerdotes estavam num concílio debatendo se os anjos tinham ou não sexo. O imperador acabou morto durante a defesa da capital. Pois.

4-Hipocrisia ou interesse

O senador Jorge Seif (PL) se manifestou contra a descriminalização da posse de drogas para uso próprio, alegando preocupação com o “destino dos jovens”. No mês passado um caminhão da família dele foi apreendido com uma carga de 322 kg de maconha. A apreensão foi feita pela Polícia Rodoviária Federal no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira com o Paraguai. A família de Seif mora em Santa Catarina. O senador se pronunciou contra a descriminalização porque o STF retomou a pauta. Disse ele “me preocupa muito que um artigo dessa lei, ao fim do dia, possa transformar as drogas numa substância comum e acessível para milhares de seres humanos, especialmente, jovens, adolescentes e até crianças do nosso Brasil”. Os críticos da criminalização afirmam que a descriminalização do uso de drogas não interessa aos traficantes que lucram muito mais com a proibição. Se for legalizado, tende a  reduzir preço, sofrer fiscalização e pagar imposto. É preciso estar atento para o que as palavras escondem.

5-Tiro o chapéu

Para Luís Tchê. Vai para ele o troféu de articulador-mor se concretizar a ideia de filiar Marcus Alexandre ao PDT para disputar a prefeitura de Rio Branco numa composição com Gladson Cameli (PP). Contentaria a todos e fortaleceria a aliança com o governador levando Alyson Bestene de vice, com chance de assumir a prefeitura da capital em 2026 quando Marcus Alexandre ocuparia o vácuo do PDT do Acre na Câmara dos Deputados. Marcus por sua vez, não romperia brutalmente com seu início de carreira política como aconteceria se optasse por partidos como o Progressistas, por exemplo.  Tchê se estabeleceu como um grande líder político. Estruturou o PDT no Acre, embora o partido de maneira geral tenha se perdido da ideologia de Leonel Brizola, seu fundador. O Partido tem a maior bancada do Legislativo Estadual. Elegeu 4 deputados e teve um total de 57.680. Pode-se não concordar com seus métodos, ações e interesses, mas o sucesso é inegável.

6-Arrumando o caminho

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP) está pavimentando o caminho para Marcus Alexandre. O próximo prefeito vai receber uma cidade acabada e os cofres cheios das “economias” que o Boca fez. Então se fizer o arroz com feijão cria asas para voos mais altos. Bocalom não conseguiu fazer além de um arroz queimado. Viajou para Curitiba para buscar uma parceria com o prefeito Rafael Greca (PSD) para o projeto das 1001 casas. Estranho. Quando anunciou o projeto, Bocalom deu a impressão que seria só desenvolve-lo…em um dia.  Parece que até agora é só uma ideia na cabeça e dinheiro no cofre. Por outro lado, Boca não explica como será essa “parceria”. Espera-se que num momento tão difícil para as empresas acreanas, o prefeito não cisme de importar tecnologias que não estão disponíveis no estado, o que abriria caminho para empresas de fora. De qualquer maneira o encontro pode ser proveitoso. Greca é economista, engenheiro, urbanista e historiador. Tem a ensinar ao prefeito de Rio Branco.

7-Dentro

O deputado Pedro Longo (PDT) marcou um ponto importante ao assumir a intenção de buscar soluções  para a prática das “caronas”, que alijam as empresas locais. A ideia de valorizar o empresariado local para gerar empregos e incentivar o crescimento econômico é louvável. Longo propôs uma audiência pública para debater a questão. Vai aparecer muita coisa, quando os empresários botarem a boca no trombone. Se botarem. Às vezes o medo de descontentar o governante de plantão é maior que a necessidade de se viabilizar economicamente. Seja como for, é um passo importante no sentido de moralizar o setor e fortalecer as empresas do Acre.

8-Semipresidencialismo

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), age como um 1º Ministro. O Brasil vive um semipresidencialismo não oficial. O presidente Lula editou uma Medida Provisória promovendo uma reforma administrativa para poder governar e os deputados sob o comando de Lira disseram não. A reforma de Lula subordinou a ABIN- Agência de Inteligência à Casa Civil. Os deputados a devolveram ao GSI-Gabinete de Segurança Institucional, que é dominado por militares. Os federais também tiraram a Agência Nacional de Águas do Ministério do Meio Ambiente comandado pela acreana Marina Silva (Rede) e o entregaram para o Ministério do Desenvolvimento Regional comandado pelo União Brasil. Os parlamentares ainda aprovaram a urgência na votação do Marco Temporal, aquele projeto que estabelece que só têm direitos sobre as terras, os indígenas que conseguirem comprovar que ocupavam as áreas em  5 de outubro de 1988 – dia da promulgação da Constituição Federal. Existe pouco tempo para trâmites. Caso a MP não seja aprovada até 1º de junho, voltará a vigorar o que foi estabelecido por Jair Bolsonaro (PL), apesar do  projeto de governo eleito pelo povo ter sido o de  Lula (PT). O que mostra a importância do voto legislativo. Não adianta votar num Executivo progressista com um Legislativo que cheira a naftalina. A bancada federal do Acre por exemplo é 100% conservadora.

Bom dia, prefeito Tião Bocalom. Vossa Excelência não errou de Federação, não? Em vez de apresentar o projeto das 1001 casas na Federação das Indústrias do Paraná não deveria apresenta-lo na Federação das Indústrias do Acre? Parece que tem político que pede peia né?

Esta é uma coluna de opinião

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Imagem-CanStock

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