Se tivessem um mínimo de preocupação com os pobres distribuiriam alimentos nas comunidades em vez de jogar no lixo
Vídeos de produtores descartando toneladas de alimentos viralizaram nas redes sociais, gerando revolta entre os internautas. A justificativa para essa prática é evitar a venda de produtos a preços abaixo do valor de mercado, o que comprometeria a sustentabilidade financeira dos produtores.
A lógica deles é que antecipando uma venda abaixo da média, o produtor já prevê impactos negativos em seu fluxo de caixa e rentabilidade. Além disso, há o fator da safra seguinte: se o produtor escoa sua produção a preços muito baixos, ele pode acabar sem recursos para investir na próxima colheita. Mas jogar no lixo é lucro zero e impacta ainda mais o volume de recursos para a próxima safra.
A modernização do setor agrícola e o uso de tecnologias avançadas também contribuem para o aumento da produtividade, resultando em uma oferta que, muitas vezes, supera a capacidade do mercado de absorver os produtos. Alimentos perecíveis, como frutas e hortaliças, são os mais afetados, pois têm um tempo curto de armazenamento.
Prática recorrente
O descarte de produtos agrícolas como estratégia de controle de preços não é novidade. Na crise de 1929, o Brasil enfrentou um acúmulo massivo de sacas de café, e parte da produção foi despejada no mar para evitar a queda do valor da commodity no mercado internacional. Embora o contexto atual seja diferente, a lógica econômica se mantém: reduzir a oferta para evitar desvalorização.