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Coluna da Angélica- Minha terra tem palmeiras…e famílias ao relento

1- A palmeira 

O prefeito Tião Bocalom (PP) se envolveu em uma polêmica desnecessária. Bastaria que sua equipe tivesse publicado uma nota explicativa antes da ação de retirada das palmeiras esclarecendo que elas estava colocando transeuntes em risco e que seriam substituídas por novas mudas. Mas esperaram a confusão para só então justificar. Bocalom deveria ficar atento para identificar quem são os que o jogam constantemente aos leões. Parece desgaste intencional. Não mera incompetência.

2-…e a polêmica

O Ministério Público agiu rápido. No mesmo dia em que circulou o vídeo de trabalhadores da prefeitura cortando uma palmeira, anunciou que abriria uma investigação. O corte das palmeiras imperiais mobilizou todo mundo. Inundou as redes sociais. Todos enxergam as palmeiras mas não as famílias há mais de duas semanas estão num acampamento improvisado na frente da Assembleia Legislativa. Não têm raízes. Foram desenraizados da ocupação Terra Prometida por uma ação do governo Cameli.  No acampamento improvisado  falta de tudo. As crianças não vão a escola. Homens se trocam na frente das crianças. Mas são só povo. Não foram plantados pelo Dom João XVI como as palmeiras que viraram um símbolo da aristocracia na história do Brasil. Muitos dos acampados nem tinham nascido quando as palmeiras foram plantadas em 2003 na Via Chico Mendes.

3-Fora de tom

Ao tentar responder ao duro pronunciamento do deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) que cobrou uma solução para os sem teto, que estão acampados na frente da Aleac há quase 20 dias,  o líder do governo apelou para o grito. Um apoplético Manoel Moraes (PP), culpou os governos anteriores. Do PT. Esqueceu que Tião Viana (PT), entregou 14 mil casas. Esqueceu também que o governo do qual é líder está no segundo mandato e na questão habitação só tem como destaque a destruição das casas da ocupação Terra Prometida. Omitiu ainda que no último ano do governo Tião Viana Rio Branco tinha uma população de 407.319 habitantes e que em 2023, no 5º ano de governo Gladson Cameli (PP), são 364.756 habitantes. Ou seja, a capital do Acre perdeu 42.563 habitantes em 5 anos de Cameli. Mais de 8.500 pessoas deixaram Rio Branco por ano desde que Gladson assumiu o governo. A maior parte provavelmente migrou para outros estados em busca das oportunidades de emprego que não encontram aqui. E em busca de qualidade de vida que também não têm na cidade tomada pela violência. Moraes terá oportunidade de voltar ao tema. Espera-se que com menos nervosismo e mais dados.

4-Ação

O líder do governo disse que o Executivo está empenhado em encontrar uma solução para o problema das famílias despejadas da área do Estado: pagar três meses de aluguel para as famílias que se enquadrem nos critérios estabelecidos é um desses empenhos.  Ocorre que estas famílias já vieram do aluguel social. Construíram casas no Terra Prometida porque o governo não pagava o aluguel e as famílias eram ameaçadas pelos proprietários. Manoel Moraes disse que a outra opção oferecida foi acomodá-las no Parque de Exposições. Os sem teto temem ir para lá e serem vítimas de uma chacina da facção criminosa que domina a área. Afirmam que não há policiamento durante a noite. Mas a pérola do discurso foi dizer que o governo nunca se negou a dialogar com as famílias despejadas. Eles não querem conversa, deputado. Diálogo não constrói casa. Promessa já tiveram. A condicionada à reeleição do governador para permanecer na área. Precisam de algo concreto. Menos discurso e mais ação.

5-Futuro

O Secretário Adjunto de Governo, Luís Calixto informou que o governo do Estado disponibilizou 25 espaços no Marielle Franco onde será construído um conjunto habitacional para quem estiver no local. O problema é que o governo apresenta soluções futuras. Sem data. E a necessidade é presente. Urgente. É acomodar essas famílias até que o conjunto habitacional seja construído. Não podem esperar que eles fiquem perambulando pela rua ou em acampamentos improvisados até que um conjunto seja construído. Se o projeto existia por que não os deixaram na Terra Prometida até que o conjunto habitacional fosse construído? Foram rápidos em derrubar as casas e lentos em construir as novas.  Sonhos e planos não atendem a necessidade real.

6-Café com energia

A Energisa ofereceu um café da manhã aos deputados nesta quarta-feira (13). Café selecionado. Só para deputados. Mandou retirar seus próprios assessores e jornalistas do Salão Nobre. Até nisso a Energisa conta os centavos para evitar perder. Na lista dos preços da energia elétrica, o Brasil é o segundo mais caro. Dentre os estados com a energia mais cara, a Energisa está presente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; Minas Gerais; Tocantins e Acre. A Companhia controla quase 25% do território brasileiro, o equivalente a 2.034 mil Km2. com 21 concessões. 10 Distribuidoras e 12 Transmissoras em 5 regiões do país.  Esse tamanho é traduzido em uma receita anual de quase 800 milhões de reais. Parte do lucro é extraído do consumidor acreano que paga altas taxas. O mesmo consumidor que convive com o desemprego e com o sub emprego e que muitas vezes tem que escolher entre comer ou pagar a conta da Energisa. Mas os  representantes da empresa que lucra por ano o equivalente a quase três vezes o orçamento de Cruzeiro do Sul, foram recebidos com honras e salamaleques pelos deputados. Só faltou saírem da Aleac com uma medalha de honra ao mérito. Olhos atentos, observai.

7-Falta de atenção

Os cerca de 100 servidores terceirizados do Iapen não receberam o mês de agosto. As famílias dos quase 100 trabalhadores foram penalizadas por um vacilo do novo  presidente. Alexandre Nascimento de Souza em vez de colocar na autorização de pagamento o mês de agosto, colocou julho. Coitado. Ainda colocou no documento que uma “certidão não é impedimento para que o pagamento seja realizado, visto que os serviços foram prestados e o trabalhador não pode ser penalizado”. Mas foi.  Por outro lado, o governo bem que poderia ter agilizado pagamento e mandado alguém no Iapen para que fosse emitido outro documento com o mês correto. Rio Branco é uma cidade pequena. Nada é muito distante. Parece que não é só gestão que falta. Vontade, também. Em tempo, por lei os terceirizados têm que receber até o 5º dia útil de cada mês. O que mais se ouve é que tem terceirizado com salário atrasado há três ou quatro meses.

8-Sob controle

Rio Branco atingiu um nível de insegurança absurdo. O centro da cidade virou uma cracolândia. Ninguém mais frequenta as praças. São assaltos, roubos, execuções e facadas para todo o lado. Nos finais de semana parece uma cidade fantasma. Nos dias úteis, comerciantes têm que pagar proteção à facções criminosas.  Na periferia cada bairro é dominado por uma facção. Antes de perguntar o que faz a Segurança Pública, meu exercício de imaginação leva a pensar que em breve os cidadãos que não pertencem a nenhuma facção criminosa serão obrigados a portar um salvo-conduto a ser apresentado para membros de facções para poderem transitar na capital. Como se faz em países em guerra. Parece que a nuvem sombria que cobre a capital só não tolda o sol do Secretário de Segurança que vê “tudo sob controle”.

9-Torcendo contra

Dos bastidores vem a informação que a conta pela eleição de deputada federal será apresentada à Socorro Néri (PP). Segundo o setor informal de notícias, Socorro será intimada a disputar a prefeitura de Rio Branco. O homem forte do partido entende ser a parlamentar a única com condições de derrotar Marcus Alexandre (MDB) e ele precisa de prefeitos para a campanha para o Senado. Socorro é a única integrante da bancada federal do Acre que nos livra da vergonha total. A saída dela será irreparável. Por outro lado ao Alysson Bestene (PP) seria oferecida a chance de disputar uma vaga para deputado. Estadual ou federal. Só lamento.

10- Décadence

O general Braga Netto foi de Ministro da Defesa a investigado pelo FBI. O nome dele apareceu na operação que apura o assassinato do presidente do Haiti Jovenel Moïse. O presidente haitiano estava preparando uma lista de autoridades e empresários envolvidos com tráfico de drogas, quando foi morto. Netto entrou na história porque quando era interventor federal no Rio de Janeiro, tentou comprar coletes balísticos de uma empresa que não fabricava coletes, mas cujo proprietário está preso, acusado de ter contratado os mercenários que mataram Moïse.   A Polícia Federal quebrou o sigilo telefônico de Braga Netto (PL) e descobriu que o candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL), usou um doleiro, Márcio Moufarrege, que participou daquele  envio de cocaína em avião da FAB, dentro da comitiva do ex-presidente. O doleiro era quem movimentava o dinheiro dos compradores da droga. Braga Netto era interventor federal no Rio de Janeiro, nomeado por Temer (MDB) durante a campanha de 2018.  A vereadora Marielle Franco (PSOL) investigava a intervenção federal quando foi assassinada. O suspeito de ser o mandante do assassinato de Marielle chegou a ser barrado no aeroporto ao tentar fugir do Brasil mas foi liberado para viajar por “forças governamentais”. Ele está preso no México.   Os militares de alto escalão que integraram a força de ocupação no Haiti (Minustah), foram premiados com cargos no governo Bolsonaro. Entre eles Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, general Santos Cruz, e general Heleno, que chegou a comandar a Minustah. Esta teia de milhões de fios é o Brasil. Definitivamente não é para amadores.

Bom dia, presidente do Poder Legislativo, Luiz Gonzaga (PSDB), que está a caminho da Suíça.  Não é pouca coisa ter um reconhecimento desses de ser convidado para um evento da ONU pelo trabalho desenvolvido na Escola do Legislativo. Parabéns! É a Assembleia Legislativa do Acre recebendo reconhecimento internacional.

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

Contato- [email protected]

Imagem- Ac 24 Horas

 

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