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Coluna da Angélica- Rio Branco sob controle

1-Sob controle

O Secretário de Segurança, coronel Américo Gaia, disse que a segurança na capital está sob controle. Talvez o Secretário tenha se atido a situação da casa dele, porque no resto da cidade a violência campeia. Na última semana criminosos efetuaram 8 tiros em direção a um bar lotado, ferindo um servidor do Saerb. Um adolescente de apenas 15 anos de idade sofreu uma tentativa de assassinato. Outro, de 18 anos  foi morto a tiros. Um outro adolescente de 17 anos foi ferido a tiros. Duas mortes foram registradas dentro do presídio em 5 dias. Um cidadão vítima de assalto foi esfaqueado no centro da capital. Taxistas e comerciantes pagam “Il Pizzo”, a taxa de proteção paga à organizações criminosas para poderem trabalhar. Il Pizzo era o nome da tal taxa cobrada pela máfia italiana.  Está tudo sob controle. Mas não da Segurança Pública.

2-Ameaça

O governador Gladson Cameli (PP) foi rápido em declarar que disponibilizou a inteligência da Polícia Civil para investigar e solucionar a ameaça à deputada Michelle Melo (PDT). Não sejamos inocentes. A parlamentar não falou em ameaça de morte. Disse que o recado que recebeu foi que era muito fácil calá-la. Palavras de Michelle “… que não era para eu contar todas as verdades porque para me calar era muito fácil”. Calar pode não ser matar. Cala-se alguém também com dinheiro, vantagens ou com a ameaça de tornar público algum segredo familiar grave, dentre outros. Olhos atentos, observai. Michelle está numa sinuca de bico. Na encruzilhada entre se firmar ou se desmoralizar. Tem chance de se firmar se for determinada como foi o ex-vice governador Major Rocha (Sem partido). Mas o preço é alto. Embora o juro possa ter diminuído. O governo caminha para o final e na medida em que avança para o término  os possíveis combatentes vão se tornando cada vez mais raros. Seja como for, é pressão sobre pressão. Aguardemos.

3-Declarações

Sobre a ameaça sofrida por sua ex-líder, o governador disse: “Ela é uma parlamentar, eleita pelo povo e merece respeito”. Merece. Mas não apenas por se tratar de alguém eleita. O respeito não pode ser um bem para poucos. Todos os cidadãos do Estado merecem e devem ser respeitados. Respeito às opiniões e às necessidades. Para isso governadores e prefeitos são eleitos. Ponto. Gladson anda nervoso. A mudança de líder, as cobranças em relação ao despejo das famílias do Terra Prometida, o pedido de venda de seus bens arrolados na Operação Ptolomeu, são detalhes que mexem com os nervos. Entretanto, sua assessoria deveria alertá-lo que passar pito público pega mal. Muito mais para quem passa do que para quem leva. O cargo que ocupa exige controle emocional. Pegou muito mal ter dado um carão em seu chefe de Gabinete Militar em público. Um verdadeiro líder elogia em público e só chama a atenção em reservado.

4- …bizarras

Em 2019, a então deputada federal Mara Rocha (Sem Partido), destinou uma emenda no valor quase 600 mil para a construção da quadra de esportes na Regional do Calafate. A prefeitura deveria entrar com a contrapartida de 373 mil e obviamente elaborar o projeto e licitar a obra. Não fez. Por pura incompetência o Executivo Municipal estava na iminência de perder os quase 600 mil que voltariam para os cofres da União. Aí foi se socorrer com Ulysses Araújo (União) para que este desenrolasse o caso. Assim, Tião Bocalom (PP), finalmente assinou a ordem de serviço em 04 de setembro. Nem convidou Mara Rocha para o evento, o ingrato.  Quem ganhou os louros foi o deputado Ulysses Araújo. Mas nem tanto. Moradores da área comunicam que sabem que quem destinou a emenda foi Mara Rocha e a ela são gratos. Até porque a quadra de esportes foi um pedido da comunidade à então deputada. Ficou mal na foto, prefeito. Não se apaga a história impunemente. Pegar carona na emenda e indicação alheia não é o melhor caminho. Tem gente com memória ativada.  Emendas não precisam de padrinho. É comum parlamentares resolverem problemas de emendas de ex-deputados. A novidade no caso é se apoderar ou afirmar que garantiu o recurso de emenda de outro parlamentar. Esse tipo de carona no trabalho dos outros geralmente resulta na queda do caroneiro na curva.

5-Imbroglio

Para alguns, mais do que tentar se vingar de Mara Rocha e Major Rocha por não apoiarem sua candidatura à reeleição, Tião Bocalom mira lá na frente. Na eleição de 2026, quando teme enfrentar Mara Rocha na disputa pelo Senado. Mara não manifestou a intenção de se candidatar ao Senado, mas um grupo grande aposta no nome dela e garante apoio. Para a eleição municipal de 2024, os irmãos Rocha definiram que seu candidato é o Nulo.  Na vibe de Márcio Bittar (União), Bocalom junta os cacos para cortar a própria pele. No União Brasil parece que quase todo mundo além de Bittar afia as unhas para tentar abocanhar uma cadeira no Senado. Muitos apostam na possibilidade de contar com duas vagas ao Senado com Gladson Cameli disputar uma vaga de deputado federal para garantir imunidade caso venha a ser preso por conta da Operação Ptolomeu e perca votos por conta disso. Pesa ainda o fato que se Ulysses lançar sua candidatura à prefeitura da capital, tira votos de Bocalom. São do mesmo espectro político.

6- Para refletir

Dinheiro e marketing são os verdadeiros fenômenos políticos do Brasil. Uma engrenagem que tritura aspirantes políticos verdadeiramente comprometidos com mudanças e com o povo.

7- Beira do precipício

O resultado das eleições primárias na Argentina que colocou o libertário Javier Milei em primeiro lugar acende a luz vermelha.  Milei que se apresenta como anarcocapitalista  considera o Estado um inimigo. O anarcocapitalismo prega um modelo de capitalismo sem regulação do Estado. Antes de tomar posição é preciso entender o que isso significa para além do risco de caos e a anarquia que podem levar à tirania. O mercado pode regular os preços, mas há outros aspectos da vida humana que ele não cobre. É aí que falha o modelo anarcocapitalista. No livro A libertarian Walks into a bear, o jornalista Matthew Hongltz-Hetling descreve a experiência libertária implantada em 2000 em  Grafton, na fronteira entre os EUA e o Canadá. Lá as regras e impostos foram reduzidas, partindo da ideia que  intervenção governamental é opressiva e que a sociedade tem a capacidade de se autorregular. Em poucos anos a pequena cidade foi tomada pela violência e pelo crime devido à deterioração dos serviços públicos. 11 anos depois do sistema libertário ter sido instalado em Grafton, as estradas estavam cheias de buracos, a iluminação pública e a coleta de lixo quase desapareceram, a biblioteca pública teve que reduzir o seu horário para apenas 3 horas por dia e a vigilância policial diminuiu, porque a polícia só tinha recursos para pagar um agente em tempo integral. O “menos impostos é mais dinheiro no bolso dos moradores” também não se cumpriu e muitos libertários partiram para outras cidades. O professor Clifford Graf (universidades de Chicago, Virginia, dentre outras) alerta que a liberdade total leva à perda da ordem. E onde não há ordem, prevalece a força e a lei do mais forte. O libertarianismo é uma corrente que coloca a liberdade individual como o valor político supremo.

8-Coletivo

O presidente da Câmara de Vereadores de Rio Branco, Raimundo Neném (PSB), adotou uma política de defesa dos colegas vereadores. Vai utilizar a verba disponível e legal para ampliar a divulgação dos trabalhos de todos os vereadores. Medida louvável de quem está a frente de um poder. Aguardemos os resultados porque os edis terão que se empenhar por sua vez com produção de qualidade.

Bom dia, presidente do PDT, Luís Tchê. Vossa Excelência está de olho no mandato de Michelle Melo? Pode até não ser mas que parece, parece. Apressar-se a declarar que o mandato é do partido quando não deu palavra para defender sua deputada nessa confusão entre ela e a equipe de governo além de não se pronunciar sobre a ameaça que ela afirma ter recebido é sintomático né? Mas por outro lado deu trunfos para ela permanecer com o mandato. Partido que joga parlamentar às traças pode ser acusado de perseguição né?

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

Contato- [email protected]

Imagem- professor Moisés de Oliveira

 

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