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Coluna da Angélica- Política, caminho estreito entre a cruz e a espada

1-Entre a cruz e a espada

Atendendo à recomendação médica parei de ler e assistir notícias políticas e fui acompanhar influencers de moda. Depois de ver coisas do tipo “esta peça você precisa ter no seu armário”, seguida de “pegue o cupom de desconto na descrição do vídeo” e em 2024 quem não seguir a moda Party Girl estará out, voltei à política. Consciente que não se remexe o lixo alheio sem se contaminar com o mau cheiro. Em tempo, a maquilagem Party Girl é aquela do olho borrado de preto e boca com batom vermelho borrado. O desarrumado nas roupas e por aí vai. No confronto do ruim com o péssimo, voltamos à política. A política está entre a cruz e a espada. E ambas sobre nós. A espada sobre a nossa cabeça e a cruz sobre nossos ombros. Tenso.

2-Emendas parlamentares

O presidente Lula (PT) vetou 5,6 bilhões nas emendas de comissão. Os parlamentares que queriam 16 bilhões nesta modalidade vão dispor de 11 bilhões que somados às outras emendas que deputados federais e senadores têm, totalizam 53 bilhões. O que significa que os parlamentares terão ao seu dispor o equivalente a 5 vezes o orçamento do Estado do Acre. Em outras palavras, o total destinado a emendas dos deputados federais e senadores daria para manter todo o  Acre por 5 anos. O orçamento do Acre para 2024 é no valor de  10 bilhões, 788 milhões, 871 mil e uns quebrados. Olhos atentos observam que emendas parlamentares são valores suprimidos do orçamento do país que deveria ser usado em políticas públicas e não para criar dinastias locais perpetuando no poder gente muitas vezes sem condições de representar o povo. Com emendas para uma quadra de esportes ali, uma ambulância aqui outra acolá, compram apoio com o nosso dinheiro e vão garantindo votos para indefinidas reeleições. Se essa, com o perdão da palavra, patacoada acabasse seriam bilhões a mais para o governo federal investir naquilo que realmente precisamos. Não sei vocês, mas eu não fico nada satisfeita com o dinheiro que pago de impostos ser usado em emendas parlamentares. De nenhum tipo. No meu mundo político ideal não haveria emendas.  Parlamentares poderiam fazer uso das indicações.

3-Fundo Partidário

Além disso, nosso dinheiro vai entregar 4,9 bilhões para o fundo eleitoral. Dinheiro com o qual os partidos financiarão as campanhas eleitorais deste ano. Só o dinheiro para partidos bancarem campanhas e elegerem gente que não vai lutar por melhorias população, daria para bancar a Segurança Pública do Acre durante mais de 4 anos, com base no orçamento do Estado para 2024. A segurança do Acre deve ser bancada este ano todinho com 1 bilhão, 166 milhões 53 mil e uns quebradinhos. Claro que é menos ruim um Fundo Eleitoral com dinheiro público do que deixar que empresas financiem as campanhas. Porque quem paga a banda determina a música. Mas, a Fundo Eleitoral Show é uma banda muito cara aos nossos bolsos para uma música tão desafinada com os interesses coletivos. E os burros de carga somos nós.

4-Exemplo

É preciso questionar se vale a pena investir nosso dinheiro em políticos como Nikolas Ferreira (PL), por exemplo. O deputado federal que se apresenta como de Direita Conservadora, cristão,  armamentista e defensor da família, é negacionista e acusado de propagador de notícias falsas. A tônica de seu mandato é a homofobia e a polêmica. Como se o combater homossexuais e o aborto livrasse a população dos problemas reais da dura luta pela sobrevivência. Colocasse pão na mesa do faminto. Garantisse mais segurança, Educação, Saúde, oportunidades de emprego etc. Quando era vereador por Belo Horizonte-MG (2020/2022), não apenas votou contra e  ajudou a vetar empréstimo para obras estruturais que ajudariam a prevenir desastres ambientais, por ser de oposição ao prefeito Alexandre Kalil (PSD), como comemorou o resultado contra o empréstimo nas redes sociais. As últimas chuvas mostraram a necessidade da obra vetada. BH ficou debaixo d’água. Ruas alagadas, córregos transbordaram e imóveis foram inundados. A cidade se transformou num caos com árvores caídas nas ruas, vias alagadas e trânsito difícil. Mas o acusado de radicalismo moleque continua a inundar as redes sociais com discursos contra transsexuais, incitações contra o padre Júlio Lancellotti e mentiras absurdas como culpar a Esquerda pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). E tem quem o defenda. E vote nele. E quem queira trazê-lo ao Acre.

5-Para refletir

Não se pode eleger aventureiros e sair impune. Quem aprecia memes, fake news, lacração e discurso de ódio não precisa votar nesses personagens. Pode continuar se deliciando com eles nas redes sociais. Não precisa dar mandato. Basta curtir, comentar e compartilhar. Lacração não precisa de mandato. Quem deve ter mandato é quem tem responsabilidade social. Plagiando Saint-Exupéry “tu te tornas eternamente responsável pelo político que eleges”. Para o bem ou para o mal.

6-Não dá certo

A política não é nem deve ser um mixer de dogmas religiosos. Não dá certo. Recentemente o hospital católico São Camilo (SP) recusou a inserção de dispositivo intrauterino (DIU), por ser este método contraceptivo contrário aos valores religiosos da instituição. Especialistas em Direito Médico e Bioética ouvidos pela Consultoria Jurídica (Conjur), afirmam que pessoa jurídica como é o caso de hospital, não tem direito à objeção de consciência. Por aqui tivemos o pré-candidato a vereador Francineudo Costa (União), que disse que um de seus projetos de lei,  se eleito for, será a proibição do uso de banheiros femininos por mulheres transgênero. Intimado pela Polícia Federal sob acusação de transfobia, o pré-candidato diz que não abre mão de sua fé e de princípios cristãos. Olhos atentos observam que Francineudo e qualquer outro que eventualmente venha a ter mandato eletivo não são obrigados a abrir mão de sua fé, seja ela qual for e de seus princípios. Cristãos ou não. Podem professá-los em suas igrejas, em suas casas, em suas vidas pessoais. Mas não nas casas políticas. Esta não é uma atitude terrivelmente cristã. É terrivelmente absurda. Olhos atentos observam que se trata de uma inutilidade pública que contrasta com o mister de vereadores, deputados e senadores que deveriam se pautar pela utilidade pública. E que políticos que não entendem de leis, orçamentos, obras públicas, administração etc, são um peso morto e caro.

7-Comemorar e chorar

As notas dos reeducandos do Acre no Enem merecem uma reflexão. São uma prova viva que a falta de oportunidades joga as criaturas na marginalidade. E que estes quando tem oportunidade desenvolvem seus talentos e aptidões em igualdade de condições e muitas vezes até superam os melhores favorecidos. Os reeducandos, quando puderam participar do programa de leitura obtiveram notas acima da média nacional no Enem. Parabéns a eles e aos que desenvolveram, implantaram e mantém o programa de leitura nos presídios. Se tivessem tido oportunidade como esta antes, possivelmente não estariam privados de liberdade. O conhecimento é libertador. Ponto. Leonel Brizola, ícone político brasileiro dizia e repetia “a Educação não é cara. Cara é a ignorância”. Cara em termos humanos e financeiros. Maus líderes são contra a Educação Pública de qualidade e contra a Cultura porque quem estuda não se deixa manipular. Adquire senso crítico. E a partir daí foge ao controle dos mal intencionados.

8-Quem quer

Alysson Bestene (PP)  quer ser prefeito. Luciano Tavares (Partido Desconhecido), não quer ser prefeito. O jornalista do site Notícias da Hora respondeu a notinha da coluna sobre confusão do jornalista Itaan Arruda que se referiu ao “Prefeito Luciano Tavares”, durante entrevista com João Correia (MDB), com trecho da música de Raul Seixas: “mamãe não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito…”. O resto da música pode ser dedicada ao Secretário de Governo que quer sim ser prefeito e não vice: “…e todo mundo cobra a minha luz”. Aguardemos. O jogo está apenas começando.  E a Márcia Bittar já aportou por aqui. Olhos atentos observam que Márcia Bittar é a cigarra da política do Acre. Quando chega, se sabe que a campanha eleitoral está começando.

Bom dia, ex-vice governador Major Rocha que distante da briga política e apenas como espectador continua cirúrgico em suas análises. E divertindo-se com as trapalhadas políticas no Acre e no Brasil. Apesar das críticas ácidas ao presidente Lula (PT), diz que Jair Bolsonaro (PL), não tem capacidade nem para ser síndico de prédio. Rocha sendo Rocha.

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

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