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Coluna da Angélica- Fim de festa. Hora de focar na política

1-Fim de festa

Acabou o carnaval com a vitória da Viradouro embora a torcida popular fosse Portela e Salgueiro e Vai Vai em São Paulo. Carnaval é história, protesto e crítica em forma de arte e explosão visual.  Nem por isso vai ter manifestação contra. Democraticamente aceito. No Acre o carnaval foi marcado por segurança e alegria. Ponto para as campanhas educativas dos órgãos de governo. Ponto a destacar para a Segurança Pública: aprenderam como fazer né? É só manter a mesma estrutura. A única mancha foi a ação truculenta de policiais militares que invadiram uma residência no Bairro da Pista em busca de um suspeito que de acordo com os familiares já está preso. Nada justifica o uso de spray de pimenta e a prisão de duas mulheres sob alegação de desacato. Policiais que invadem uma casa não podem esperar ser recebidos com cafezinho. O caso de truculência policial culminou com a morte por infarto da dona da casa que passou mal por causa da confusão. Uma mancha indelével. Resistente a notas do comando da PM. Que pena! Sempre aparece alguém para estragar a festa.

2-Umbilicalmente

O União Brasil do Acre saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contra o qual o cerco se fecha. Era o esperado. Alan Rick, Márcio Bittar e Ulysses Araújo foram às redes sociais em defesa de Bolsonaro. Não faltou quem apelidasse o trio de Três mosqueteiros do Jair mas olhos atentos observam que eles têm motivos para defender o ex-presidente. Afinal a ligação é forte. O senador Márcio Bittar foi o relator do Orçamento Secreto de Bolsonaro que movimentou 16 bilhões de reais através das emendas RP9, também chamadas de Orçamento Paralelo e de Mensalão do Bolsonaro. Ulysses aparece comemorando ao lado de Jair Bolsonaro quando este ameaça metralhar os petistas. O vídeo circula pelo Brasil. Alan Rick acomodou em seu gabinete Ricardo Wright Minussi, acusado de ter elaborado um dossiê ligando o Ministro Alexandre de Moraes (STF) ao PCC. Muitas vezes o que aparenta ser uma questão ideológica pode ser mera questão de sobrevivência. Os vínculos podem vir a ser investigados.  Não parece ser uma briga com os fatos por desconhecimento. Nem ideologia figadal.

3-…unidos

A Agência Pública mostra que a ligação do senador Alan Rick com Ricardo Wright Minussi tem muitos fios…desencapados. A ex-mulher de Ricardo, Lia Noleto Rachid, foi chefe de gabinete do senador acreano.  Ricardo Wright, está lotado como assistente parlamentar no gabinete de Alan desde 2023. Ou seja, desde o fracasso do golpe.  O casal presta serviços ao senador do Acre desde 2018. O escritório de advocacia do qual Lia era sócia recebeu 72 mil por serviços jurídicos prestados a Alan Rick entre 2018 e 2019. O pai de Ricardo também prestou serviço a Alan Rick através da produtora Minussi Filmes. De acordo com a Agência Pública, Alan Rick pagou 105 mil à Minussi Filmes do pai de Ricardo, por serviços prestados entre 2020 e 2023. Dinheiro da cota parlamentar. A agência do pai do assessor de Alan Rick também foi utilizada na campanha de Jair Bolsonaro.  Lia, a ex-mulher de Ricardo, também foi assessora de Flávio Bolsonaro (PL). O casal Lia e Ricardo recebeu 685,5 mil entre 2018 e 2023 por serviços de consultoria e pesquisa, prestados a Alan Rick, Marcelo Álvaro Antonio (PL) e Márcio Labre (PL). Veja Aqui

4-Inaceitável

Alan Rick disse que não tem responsabilidade sobre serviço prestado por seu assessor quando este não fazia parte de sua equipe. No  período de atividade da  “Abin paralela” Ricardo circulava pelos gabinetes de apoiadores de Bolsonaro. O senador acreano disse que ilações e pré-julgamentos são  inaceitáveis. Ricardo Wright foi contratado no gabinete de Alan depois de 5 anos de relacionamento profissional. Pelo que disse, Alan Rick não sabia das atividades do seu assessor apesar das ligações tão intrincadas que levam muita gente a pensar que Alan é do PL de Jair Bolsonaro. O assessor de Alan Rick é investigado pela  Operação Vigilância da Polícia Federal acusado de integrar uma organização criminosa para espionar ilegalmente pessoas e autoridades públicas, invadindo aparelhos e computadores, além da infraestrutura de telefonia. Aguardemos o resultado das investigações.

5-Contradição

O senador Alan Rick (União), disse que não compactua com qualquer tipo de ilegalidade e que tem  profundo respeito e deferência a todas as instituições republicanas. Difícil é entender o conceito de ilegalidade de quem defende quem tentou dar um Golpe de Estado. Crime previsto na Lei  14.197 e no artigo 359-L do Código Penal com de 4 a 8 anos de prisão. E o pior. Com provas abundantes. Tem conversa gravada. Tem vídeo de planejamento do golpe. Tinha data para prender o Ministro Alexandre de Moraes. Tinha atentado marcado para explodir o aeroporto de Brasília no Natal de 2022.  O objetivo era  manter Bolsonaro no poder e convocar novas eleições sob a supervisão dos militares para garantir que Bolsonaro fosse o eleito. Jair Bolsonaro reuniu o comando de seu governo para anunciar o plano de cancelar as eleições presidenciais marcadas para outubro, garantindo dessa forma sua permanência no poder através de uma ditadura. Não é a vontade popular que está em discussão. Esta já foi manifestada na eleição de 2022.  Ser contra isso é ser contra a vontade popular. Não há meio termo.

6-Golpe

Jair Bolsonaro, que aparece no vídeo dizendo que a Esquerda ia ganhar a eleição presidencial, fez o possível para tumultuar o caminho das urnas. Um dos grupos do esquema, segundo a Polícia Federal, tinha a ordem de produzir e disseminar  material que desacreditasse o sistema eleitoral. O que foi fartamente distribuído nas redes sociais mesmo após a vitória de Lula no segundo turno. A Polícia Rodoviária Federal sob o comando de Silviney Vasques foi usada para bloquear estradas e retirar eleitores de Lula (PT) de dentro dos ônibus. Como nada disso funcionou, depois do resultado do 2º turno fizeram paralizações nas estradas para criar  caos para apelar para a GLO. Esse dispositivo confere poder de polícia às autoridades do Exército. O que inclui o poder para revistar e prender. Como Lula não autorizou a GLO que teria entregado o poder aos militares, fomentaram greve dos transportes. Na sequência vieram os acampamentos nos quartéis. Em dezembro, foi frustrada a explosão do aeroporto de Brasília. Ações que culminaram com os atos terroristas de 8 de janeiro. Depois disso ainda houve atentados a 13 torres de transmissão de energia elétrica. Tudo isso para obrigar o país que elegeu Lula da Silva a empossar Jair Bolsonaro. Uma disputa que Bolsonaro sabia que ia perder.

7-Golpe II

No vídeo da reunião realizada em julho de 2022, três meses antes do primeiro turno, que juntou Bolsonaro e seus ministros, o general Augusto Heleno aparece afirmando que iria infiltrar agentes da ABIN nas campanhas eleitorais dos opositores. Segundo as apurações da Polícia Federal outro grupo teve a missão de preparar o cenário para a abolição do Estado Democrático de Direito. Nesse grupo estavam militares de alta patente ligados às áreas tática e de operações especiais. Estava tudo preparado. Jair Bolsonaro correu para os EUA para voltar como presidente-ditador  se o golpe desse certo. Tinha até  discurso pronto para a nação com decreto de estado de sítio e tudo. Portanto, o ato de planejar o golpe de Estado é crime sim. Se o golpe tivesse dado certo deixaria de ser golpe e passaria a ser poder. Contra fatos os argumentos são pífios.

8- Saudade

Quem defende golpista apoia a volta do autoritarismo. Confere? Temos exemplo de vontade popular anulada. Isso aconteceu pelo golpe de 1964. Foi durante a ditadura que foi decretado o AI-5 . Um sinal livre para a tortura. A partir de então não haviam mais direitos civis. Nem habeas corpus. Presos por tempo indeterminado por suspeita de serem contrários ao regime eram mantidos  incomunicáveis, sem direito a um telefonema e advogado. Adultos e crianças foram torturados. Outros assassinados. Muitos desaparecidos. Isso é o resultado de Golpe de Estado. Ditadura.  O xapuriense Jarbas Passarinho foi um dos signatários do AI-5. Ele declarou por ocasião da edição do Ato Institucional nº 5:  “tem gente que tem medo que nos transformemos numa ditadura.  Viraremos mesmo, Às favas com os escrúpulos”. Atos Institucionais eram decretos emitidos pelo ditador de plantão. Para se ter uma ideia do delírio dos militares da época basta dizer que o ministro do Exército Silvio Frota pregava que era preciso endurecer o regime quando o país era conduzido pelo general  Ernesto Geisel. O general Silvio Frota queria uma ditadura eterna. Ele tentou dar um golpe dentro do golpe para derrubar Geisel e impedir a posse do general João Figueiredo. Não por acaso, Frota contava com o apoio do então capitão Augusto Heleno. O mesmo que como general está enrolado na tentativa de golpe de Jair Bolsonaro (PL).  Também não por acaso, Silvio Frota contava com o apoio do general Golbery do Couto e Silva para o golpe em Geisel. Golbery é nada menos que o idealizador do SNI, o órgão de espionagem da ditadura. Olhos atentos observam que pode-se ligar o modus operandi do SNI com a chamada Abin paralela de Bolsonaro. Em tempo, o SNI  ajudou a encobrir casos de corrupção da ditadura militar e criou a percepção no público de que os governantes militares eram menos corruptos, quando na verdade os casos criminosos eram escondidos. É preciso conhecer a história.

9-Para refletir

Civilização é o estágio cultural das sociedades mais avançadas. Vem de “civil”,  do Latim civilis- relativo a cidadão, à vida pública. Civil+ização= civilização. Militarização não é seu sinônimo.   Não é poder. Militares devem ficar  no espaço reservado a eles pela Constituição Federal.  A de força armada de defesa do  governo civil. A ele submetida. Não constituem um poder. Não são os tutores da República. Olhos atentos observam que é inaceitável que militares formados e remunerados à custa de dinheiro público, preparados em estratégias especiais de guerra para a defesa do país contra possíveis inimigos externos, se lancem contra o próprio Estado. Em tentativas de solapar a democracia. Os poderes de Estado são três: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ponto.

10-L’État c’est moi

Interessante essa manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para o próximo dia 25. Quem queria acabar com o Estado Democrático de Direito através de um Golpe de Estado agora convoca um Ato de Defesa do Estado Democrático de Direito. A menos que se sinta a reencarnação de Luís XIV, o rei francês que dizia “o Estado sou eu”, a manifestação está equivocada porque  o objetivo é reunir apoiadores em defesa dele. Mas cá entre nós, com ou sem influência francesa, o ato não deve ter  resultado prático algum. Bolsonaro é acusado de crimes. Manifestação contra ou a favor não vai alterar a Constituição Federal. Nem o código penal. Além disso, os  que atenderam aos chamados anteriores amargam prisão. E Bolsonaro nunca deu bola para eles. Aliás, nunca ligou para ninguém. Quando morriam pessoas de covid ele fazia troça imitando pessoa morrendo por falta de ar. Só para constar. Por nada não, mas acho que estão dando corda para o Jair se enforcar. Em tempo, Luís XIV morreu de gangrena.

Bom dia, governador Gladson Cameli (PP). É verdade que Vossa Excelência está chamando um por um os empresários que estavam tendendo para o lado dos adversários de Alysson Bestene (PP) para uma conversa olho no olho? Errado não está. Afinal, quem come do meu pirão…né?

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

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Imagem- Cariocas da Montanha

 

 

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