Coluna da Angélica- Ministério da Saúde adverte “Operação Ptolomeu agrava a insônia”

O deputado Fagner Calegário (Podemos), apresentou um requerimento solicitando a convocação do presidente interino do Deracre, para explicar a dispensa de licitação para contratar a empresa Tec News. O contrato é no valor de 21 milhões de reais. Calegário só esqueceu de complementar que além da preocupação com dever moral e o cuidado com a probidade administrativa pode existir um interesse pessoal na questão. Segundo funcionários do Deracre, o parlamentar tem contratos de terceirização de mão de obra. O contrato que ele questiona poderia deixar as terceirizadas dele de fora. O questionamento é justo, mas é preciso não tentar passar um atestado de burrice para a população.  Pode até não ser, mas tem pinta do que chamam de legislar em causa própria. Estamos atentos. E sabemos juntar os fios soltos.

No entanto, é grave dispensar licitação para uma  empresa que está impedida de contratar no estado por estar sob a investigação da Polícia Federal no âmbito da Operação Ptolomeu. Soa quase como um desafio uma vez que as cautelares proibindo no estado a contratação das empresas citadas, foram prorrogadas. Além disso, a classe política tem se levantado contra as dispensas de licitação que deixam as empresas do Acre fora da concorrência. O problema de Calegário trazer o tema da Ptolomeu à baila é que ele se manteve calado sobre a operação policial que sacudiu o Acre. Parece que só fez a devida ligação quando se sentiu atingido. Pode até não ser isso e estar sua Excelência movido tão somente por sentimentos nobres, mas não é o que dizem os servidores do Deracre. A ida do presidente do Deracre à Aleac será interessante também para tirar essa história a limpo.

No pedido de prorrogação das cautelares, o delegado da Polícia Federal Pedro Henrique do Monte Miranda diz que “o fumus comissi delicti” é robusto, encontrando-se exaustivamente demonstrado nas representações policiais e manifestações do Ministério Público Federal”. Ora, fumus comissi delicti nada mais é que prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. No documento, o governador Gladson Cameli (PP) é acusado de controlar uma organização criminosa formada por uma vasta rede de agentes públicos e particulares através da qual se promoveu o desvio de recursos públicos com a obtenção direta e indireta de vantagens financeiras indevidas, por meio da prática de crimes de fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Em um trecho lê-se: “Gladson pratica, participa, gerencia e/ou acompanha a realização de diversos atos delituosos identificados ao longo da investigação, exercendo o poder diretivo sobre as ações da organização criminosa”.

Talvez isso explique o agravamento da insônia do governador. Pessoas que o acompanham informam que Gladson chega a passar até três dias sem dormir e que é comum vê-lo às 3 horas da madrugada zumbizando pela casa ou pela piscina. Casa aliás, orçada em mais de 10 milhões de reais, segundo o sistema informal de notícias. Se não estiver tentando entender o Teorema de Ptolomeu, segundo o qual um quadrilátero inscrito numa circunferência tem como produto das diagonais igual à soma dos produtos dos lados opostos, é preocupação mesmo. Até porque desde 16 de dezembro de 2021 a família do governador está sob tensão e tendo os cofres drenados. A indefinição do STJ está matando todos eles na unha. Pessoas próximas ao pai do governador dizem que ele está disposto a fechar as torneiras que consomem cerca de 1 milhão de reais por mês. A situação é crítica. Se a Odebrecht, gigante da construção civil, que já foi a maior empresa na área de engenharia e indústria da construção na América Latina e uma das 25 maiores empresas de construção internacional, com um volume de negócios médio de 6 bilhões de reais por ano, quebrou, imagine…apenas imagine.

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PP), realizou uma mega ação no último sábado, na Vila Verde, no km 58 da Transacreana. Uma ação nunca antes vista naquela localidade. Praticamente a Vila toda foi pavimentada. Levou serviços de saúde e sociais: atendimento de saúde, bolsa família, vacinação… recuperou a praça da comunidade, dentre outros serviços. Os moradores adoraram é claro. Mas isso não deve mexer um só ponto percentual na aceitação do prefeito. Muitos, em diferentes locais da capital, reconhecem que Bocalom trabalha mas não ganha. Os Secretários Municipais de Saúde e de Cuidados com a Cidade, Sheila Andrade e Joabe Lira, são apontados pela população como os destaques da administração Tião Bocalom, assim como a RBTrans. Entretanto, nem o reconhecimento do empenho do prefeito e seus três Secretários consegue mover nem um milímetro o ponteiro da aceitação em favor de Bocalom. Não é uma cabeça de burro enterrada na prefeitura que provoca esse efeito. É uma “Trinca do Mal” que age livremente dentro da administração que arrasta o “Velho Boca” para baixo. Se é verdade que não se consegue subir uma montanha sozinho, imagine com três pesos mortos pendurados nas pernas. Esta é a administração de Tião Bocalom.

Enquanto isso Marcus Alexandre vai nadando de braçada. O ex-PT com coração de PSDB, nada amparado pela boia dos ex-companheiros.  A expectativa de uma vitória dele na disputa pela prefeitura de Rio Branco em 2024 vem pautando as ações no entorno. O senador Sérgio Petecão que quer Marcus Alexandre disputando pelo PSD, indicou o ex-vereador do PT, Ricardo Araújo, para a superintendência do DNIT. Olhos espichados para as teorias da conspiração veem nessa indicação, uma tentativa de agradar  a Marcus Alexandre. Petecão também voltou a se afastar de Gladson Cameli, de quem havia se reaproximado há pouco. Segundo o colunista Marcos Bastos, o afastamento pode ter se dado porque em troca dos cargos e Secretarias (da Mulher e Funtac), Petecão teria que apoiar a candidatura de Alysson Bestene (PP). Petecão não solta a mão de Marcus Alexandre. Detalhe, Alysson Bestene foi vice de Tião Bocalom em 2012. Morreram abraçados. Mas Marcos Bastos levanta uma segunda suspeita sobre o motivo do novo afastamento- Petecão, como senador, teria informações privilegiadas sobre novas ações policiais dentro da Operação Ptolomeu.

O senador Alan Rick (União) denunciou da tribuna do Senado que oficiou ao Ministério da Saúde o boicote ao programa Mais Médicos. De acordo com a denúncia de Alan, médicos aposentados e com 40 anos de exercício profissional se inscrevem sem nenhum interesse em ocupar as vagas. O fazem apenas para retirar as vagas dos profissionais formados no exterior. Segundo o senador, em 2022 foram abertas mais de mil vagas que não foram preenchidas em 700 municípios, por causa dessa prática. Alan Rick informou dispor de prints que comprovam ser esta uma prática costumeira que conta com o apoio dos Conselhos Regionais de Medicina (CRM). Um boicote organizado para impedir a contratação dos médicos brasileiros formados no exterior. O senador do Acre cobrou do Ministério da Saúde uma rigorosa apuração e severas penalidades para os envolvidos nesse boicote. Interesses classistas, reservas de mercado, manutenção de Status Quo não podem prevalecer sobre a saúde da população. Não se joga com vidas humanas. É preciso garantir que toda a população tenha acesso aos serviços médicos. Todos lembram do caso da moça que morreu em um parto de risco em um dos municípios isolados do interior do Acre. O parto foi feito por técnicos sob a orientação por telefone de um médico que estava em Cruzeiro do Sul. Que se apure tudo e se comprovada a denúncia, que todos os culpados sejam punidos.

Sabe quem é esse povo que se diz a favor da vida? São apenas pessoas que acreditam que o útero da mulher pobre é fábrica de mão-de-obra barata. Aí quando o BOPE sobe o morro e faz limpeza étnica matando adolescentes, esse povo Pró Vida comemora o sucesso da operação. A conclusão é a seguinte- deixa nascer. Se servir, será escravo do capitalismo. Se não servir para o sistema o BOPE aborta. Este texto foi publicado em resposta a uma publicação da senadora Damares Alves (Republicanos).

Esta é uma coluna de opinião

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