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Coluna da Angélica- Mesa diretora defende vereador flagrado em casa noturna com carro alugado pela Câmara

1-Paixões

O pedido de afastamento de Gladson Cameli (PP) do governo do Acre, feito pela Procuradoria Geral da República reacendeu as paixões políticas. Tanto de um lado como de outro. O termômetro é o das manifestações nas redes sociais. Os mais afoitos já afirmam que Mailza Assis vai assumir e fazer “um limpa” nos cargos. E já tem gente demonstrando fidelidade eterna à vice-governadora. Mas, antes de desejar saúde antes do espirro de Mailza, é necessário aguardar. O pedido da PGR  é para afastar o governador até o fim da instrução criminal. Além disso, em março deste ano a Ministra Nancy Andrighi negou o afastamento. E é ela quem tem a palavra final. Até a Ministra se pronunciar, nada se define. Até lá o lookinho da vice-governadora deve aguardar no armário. Talvez, até março de 2026 quando Gladson pretende renunciar ao cargo de governador para disputar o Senado. Acompanhemos com atenção. Mas sem paixão, porque esta emburrece e tolda o raciocínio.

2-…e desejos

O advogado do governador cumpriu seu papel de defesa. Deu esperanças aos apoiadores e não convenceu os adversários. Mas olhos atentos observam que tropeçou nos argumentos. Ele considerou a investigação ilegal  porque decorre de uma devassa realizada pela Polícia Federal de Cruzeiro do Sul. Que de acordo com o advogado, não tinha competência para investigar o governador Gladson Cameli. Ora, a investigação foi autorizada pelo STJ. Tropeçou novamente ao afirmar que não há nenhum fato novo que justifique esse pedido de afastamento. O fato novo é o encerramento do prazo para as investigações e o pedido de afastamento com base nos fatos apurados. A situação é  mais grave do que apresenta o advogado.

3-História

Não é fácil afastar um governador. Mas não impossível. Em 2020 o mesmo STJ afastou o governador do Tocantins, Mauro Carlesse, eleito pelo extinto PSL.  Em 2021 afastou Wilson Witzel do Rio de Janeiro, que havia sido eleito pelo PSC. Nenhum dos dois voltou ao cargo. Os jornalistas do Uol, Leonardo Sakamoto e Josias de Souza ao comentarem o pedido de afastamento do governador do Acre, disseram que Gladson Cameli, era bolsonarista até a vitória de Lula. Na observação dos dois colunistas o pedido de afastamento do governador do Acre, em função de sua orientação política,  é mais um prego no caixão do bolsonarismo. Em tempo, Mauro Carlesse e Wilson Witzel também bebiam na mesma fonte política embora Gladson Cameli nunca tenha sido radical como eles.

4- Apoios

Pelo menos 9 deputados da base de sustentação do governo se manifestaram em apoio e solidariedade ao governador.  O presidente Luiz Gonzaga (PSDB), o primeiro-secretário Nicolau Júnior (PP), o vice-presidente Pedro Longo (PDT), o líder do governo na Aleac, Manoel Moraes (PP), Eduardo Ribeiro e Pablo Bregense (PSD),  André Vale e Chico Viga (Podemos) e Tanízio Sá (MDB).  O mais ágil foi o vice-presidente, Pedro Longo, que foi o primeiro a se manifestar. Para o Secretário Adjunto de Governo Luiz Calixto, não há fato novo para a Ministra Nancy Andrighi no documento da PGR. E se ela não tomou esta decisão em dois anos não acataria agora.  Calixto acrescenta ainda que era  esperado que a Procuradoria da República finalizasse a investigação com este pedido. “O estrondoso valor de 800 milhões de supostos desvios se reduziu a 11 milhões. Para o MPF e PF, não fazer esse pedido seria o mesmo que anular e reconhecer o fracasso da investigação”, analisa ele.

5-…e contestação

O presidente do PT no Acre, ex-deputado Daniel Zen, vai no sentido contrário. Na análise dele, o pedido da PGR é apenas o início da tormenta para o governador Gladson Cameli. Zen diz que possivelmente, este é o primeiro de 9 inquéritos, uma vez que as investigações da Operação Ptolomeu foram desmembrados. Zen que é professor do curso de Direito da Ufac, entende que o primeiro inquérito será convertido em ação penal e o governador sendo denunciado passa a ser réu. Será o segundo Natal tenso para o governador do Acre.  O primeiro foi em 2021 quando foi deflagrada a 1ª fase da Operação Ptolomeu.

6-Repasse

A Ministra Nancy Andrighi parece estar em busca de algo. Disse que não tem data para a decisão sobre o pedido de afastamento. Ao mesmo tempo suspendeu o sigilo sobre o processo inclusive para que a Assembleia Legislativa do Acre tome conhecimento das denúncias para uma possível  apuração da conduta do governador na esfera político-administrativa.  Até o fechamento da coluna contei 9 parlamentares estaduais apoiando o governador. Creio que dá para colocar nesta lista dos que não se movimentarão para punir o governador, o deputado Emerson Jarude (Novo), pelo motivo óbvio que a namorada dele é citada na denúncia. Além dos já declarados, arrisco que outros 10 se unirão a estes. O que significa que no âmbito estadual uma punição ao governador não prospera. Em tempo, os pedidos de afastamento anteriormente negados pela Ministra foram feitos pela Polícia Federal, durante a investigação. O atual pedido é da Procuradoria Geral da República. Dependendo da decisão do STJ, Gladson pode ficar inelegível . Mas parece que a Ministra não tem pressa e nesse contexto muita gente “só acredita vendo”.

7-Empreendedorismo do crime

O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que existem 22 grupos criminosos agindo na Amazônia e colocando em risco a vida de 8 milhões de pessoas por causa da guerra que travam entre eles por controle de território.  Cinco desses são facções criminosas internacionais. Segundo o geólogo e ex-deputado de São Paulo, Adriano Diogo, as facções criminosas dos países vizinhos vieram para o Brasil no governo Jair Bolsonaro (PL), quando não havia controle nas fronteiras. De acordo com ele, os grupos criminosos não se limitam ao tráfico de drogas e armas mas patrocinam também o garimpo, controlando a pesca e a mineração na Amazônia. Adriano diz que o Comando da Amazônia protegia os garimpeiros. Uma prática que vem desde o Major Curió (tenente-coronel Sebastião Curió Rodrigues de Moura), no garimpo de Serra Pelada.  Adriano Diogo afirma que quem comandava o garimpo na Amazônia no período de 2019 a 2022 era recebido toda a semana por Jair Bolsonaro e por Maria Joseíta Brilhante Ustra. Dona Josefina.  Viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

8-Curió & Ustra

Sebastião Curió, o Major Curió, chefiou o combate à Guerrilha do Araguaia  e a Casa Azul, um centro de torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres em Marabá (PA). Na década de 1980 foi destacado como interventor federal na área de Serra Pelada. Colocou o governo militar de dono da área e só permitia a entrada de homens com registro nos órgãos oficiais. Formou sua própria tropa paramilitar (milícia). Com esse poder entrou para a politica. Em 1982, foi eleito deputado federal pelo Pará. Em 2000 elegeu-se prefeito de Curionópolis, município cujo nome o homenageia e que administrou por dois mandatos seguidos. Era chamado de Imperador da Amazônia. Foi filiado a ARENA, PDS, PFL, PMDB, e DEM. Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, foi chefe dos centros de tortura e assassinatos dos opositores da ditadura militar.

Bom dia, presidente da Câmara de Vereadores de Rio Branco, Raimundo Neném (PSB). Quer dizer que a Mesa Diretora endossa a justificativa  do vereador João Marcos Luz (PL), que estava em uma casa noturna em agenda parlamentar? À noite? E com um carro alugado pela Câmara? As Excelências têm o direito de dizer. E o resto do mundo de não acreditar né?

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

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Imagem- Pinterest

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