1-Crueldade
Não há como amenizar o ocorrido. A atitude do dentista que anunciou nas redes sociais ter escondido 2 mil reais na rotatória da Havan em Rio Branco, não pode ser entendida como inconsequência ou simples brincadeira de mau gosto. Foi crueldade com uma população pobre e atingida pelas enchentes. Não se brinca com a miséria senhor dentista.
2-…e equívoco
A declaração do coronel Ezequiel de Oliveira Bino sobre “uma pessoa teria tentado pegar mais de um sacolão”, a princípio também soou como insensibilidade. As pessoas têm fome. Tem gente que pega a cesta básica no Casarão e senta na calçada para comer. Ali mesmo. Não consegue esperar para chegar em casa ou no abrigo. Come bolacha com sardinha. Depois segue o caminho. Até a próxima distribuição. É muito triste.
3-Lamentável
Muito grave o que aconteceu durante a distribuição de cestas básicas na última sexta-feira no Casarão. Testemunhas relatam que a PM foi acionada para conter os pobres. Até spray de pimenta teria sido usado contra eles. O tumulto teria ocorrido porque na véspera havia sido anunciada a chegada de mil cestas básicas. Chegaram apenas 100 para distribuir para a multidão. Criou-se a confusão porque todo mundo queria garantir a sua. Despreparo de quem comanda a distribuição. Na véspera, o Chefe de Gabinete do governador, coronel Messias já havia questionado a presença de uma viatura policial no Casarão, local de distribuição das cestas básicas. “Para que isso? Isso não é correto”, teria dito Messias. Certo o coronel. Tratar fome, miséria, necessidade, como caso de polícia é crueldade. O pior aconteceu no dia seguinte. O necessitado que foi em busca de comida recebeu spray de pimenta.
4- Empatia zero
A ideia do governo do Estado de mobilizar todas as Secretarias de Estado para auxiliar no socorro aos atingidos pela enchente é louvável. E deu certo. Com isto o Estado se fez presente em todos os cantos do Acre. Entende-se que por conta disso foi necessário designar ao Procon a função de distribuição das cestas básicas no Casarão. Antes porém, deveriam ter dado instruções de humanidade. Deixar as pessoas em fila ao relento, com a cabeça fritando sob o sol forte ou debaixo de chuva enquanto esperam por comida é falta de consideração. Como as enchentes se sucedem quase todos os anos não seria demais ter um grupo de pessoas treinadas para tratar essa questão para atuar todos os anos. Funcionários do Procon não têm obrigação de entender do problema embora não sejam dispensados de empatia. O que também se aplica aos policiais. Na alagação passada a equipe que ocupou esta função evitou que os necessitados aguardassem do lado de fora. Só para não esquecer.
5-Contradição
Marcus Santos, imigrante brasileiro eleito deputado em Portugal teve entre as bases da sua campanha o controle da imigração. Pausa para o espanto. Imigrante contra a imigração. O carioca que reside em Portugal desde 2009, foi eleito pelo partido de Extrema Direita, Chega. O combate aos imigrantes é uma característica da Extrema Direita europeia. A Europa não quer negros e latinos entre os seus. O continente que construiu sua riqueza e desenvolvimento com a exploração das Américas Central e do Sul e da África não quer explorados desfrutando dos bens que foram forçados a entregar. Só serviam quando eram “capital humano”, ou seja escravos. Marcus Santos reúne as duas condições: é afrodescendente e brasileiro por nascimento.
6- Diferenças
A Extrema Direita europeia tem diferenças fundamentais com a brasileira. A de lá busca fortalecer o Estado em favor dos seus. A de cá defende o enfraquecimento do Estado Nacional em benefício dos Estados Estrangeiros. Nesta ideia, pouco importa o povo. O que interessa são os lucros das classes dominantes. Independente dos discursos isso ficou evidente nos 4 anos de domínio dessa ideologia personificada por Jair Bolsonaro (PL). O resto é perfumaria.
7-Deficiência cognitiva
Diz-se que muita gente se posiciona como Direita sem entender que na verdade se associa muito mais com as pautas defendidas pela Esquerda. Para ilustrar reproduzo aqui uma historinha contada no Twitter (X): “Cheguei de madrugada no aeroporto e peguei um Uber. O motorista que estava feliz porque seria uma corrida de ida e volta com passageiro passou a criticar o governo Lula, as universidades e os professores que no seu entendimento são doutrinadores, além dos programas de bolsas do governo e o comunismo “que quer destruir as famílias e tomar as propriedades”. Segundo ele, motoristas de aplicativo são empreendedores e é disso que o país precisa. Evangélico, me contou que ganhou $15 de gorjeta de um gringo e doou para igreja. Tentei argumentar que ele podia estar sustentando luxos, mas não tive êxito e desisti rápido. Em sua aula sobre empreendedorismo destacou a importância do governo não se meter no mercado em favor da livre iniciativa. Ao final da corrida ele me questionou com voz triste, se eu não poderia complementar com um valor em espécie, mais R$ 100,00, pois o aplicativo ficaria com metade do valor da viagem, que custou R$ 180,00. Respondi: “se o Sr. tivesse me pedido no início da viagem, eu provavelmente aceitaria contribuir com algum valor, mas durante a viagem o Sr me convenceu sobre a importância do empreendedorismo e da livre iniciativa. Não quero atrapalhar a sua trajetória de sucesso e nem deturpar a relação de livre mercado entre um motorista e sua empresa. Além disso, esse valor que eu lhe doaria eu posso aplicar em algum empreendimento que me renda dividendos, sem o risco que vá parar nas mãos de algum pastor. Tenhas uma boa noite”. Ruídos de pneus cantando e palavrões…”. Pois.
8- Tapas e beijos
O partido Cidadania foi chamado a se posicionar publicamente em apoio a candidatura de Alysson Bestene (PP). O time do governo formado por Lívio Veras, Correinha, Normando Sales, Raimundinho, Aurimar e Oscar, foi engolido pela firmeza do Cidadania. O partido nunca descartou o apoio a Alysson mas reclamou das promessas nunca cumpridas e reiteradamente renovadas em tempos de campanha. Na mesa, a saída do ex-vereador Professor Roger do Cidadania porque não obteve apoio do governo. Roger que era considerado o principal nome do Cidadania, deixou o partido e hoje é um dos principais apoiadores da candidatura de Marcus Alexandre (MDB). De promessas os ouvidos estão repletos e o Cidadania, cansado. Por enquanto mais tapas do que beijos.
9-Para Refletir
Parte do PP quer refazer a chapa Tião Bocalom/Alysson Bestene. Boca, (quase PL) seria candidato a reeleição com Alysson (PP), de vice para disputar com Marcus Alexandre. Essa mesma composição já foi tentada na eleição de 2012. E foi derrotada pelo mesmo Marcus Alexandre. Só para lembrar o passado recente.
Bom dia, jornalista Assem Neto do site O Seringal. Assem é o autor da análise sobre o União Brasil publicada na coluna anterior. E ainda nem se sabia do incêndio suspeito na casa do presidente nacional do partido. Se é assim que resolvem suas pendengas internas, imagine as externas né Assem?
Esta é uma coluna de opinião e informação
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