1- Pra acabá
Cresce nos bastidores o nome de Vanda Milani (PSDB), para vice de Marcus Alexandre (MDB). Tem quem jure que o nome dela já foi decidido. E que os Cabeças Brancas do MDB estão tentando viabilizar a presidência estadual do PSDB para Vanda. Essa possível guinada para a direita teria a vantagem de tirar o PSDB e o CIDADANIA do lado de Bocalom (PL). Mas não equilibraria a conta com a perda das intenções de voto dos eleitores situados mais a Esquerda. Com a guinada do MDB à Direita o caminho da militância de Esquerda pode ser o voto em Henry Nogueira (PSOL). Também não leva a totalidade do PSDB para um caminho oposto ao do governador Gladson Cameli (PP), embora sussurros do calabouço apontem o PSDB como nova casa de Gladson em breve. Na posição de só acredito vendo e vendo não acredito, comercializo o peixe pelo preço que comprei.
2-Curiosidade
Os dois principais partidos do Acre por ordem de importância não têm candidato a prefeito na capital. O PP, partido do governador do Estado, que tem três deputados federais e igual número de deputados estaduais, além de 6 prefeitos, busca uma brecha para emplacar um vice. No outro lado o PT, principal partido de oposição que dominou a cena política durante 16 anos e teve os melhores prefeitos de Rio Branco, nem cogita apresentar um nome de vice para ser apreciado. A política é mesmo uma sinfonia estranha. Ou o maestro é que é esquisito.
3-Fora
Segundo fonte do palácio, as divergências internas do PP provocaram a intenção do governador Gladson Cameli se transferir para o PSDB. A conversa que não é nova ganhou força nos últimos dias após a autoridade do governador ter sido desafiada pelos deputados Socorro Néri e Zezinho Barbary. O Progressistas está tão dividido internamente que tem até uma ala dominada pelo senador Márcio Bittar (União). Dizem que tem até um dirigente do PP colocado na função por Márcio Bittar. E que todo mundo sabe quem é. Nome, sobrenome, telefone e endereço. Um autêntico quinta coluna. Expressão cunhada durante a guerra civil espanhola quando ao ser inquirido sobre a expectativa de resultados, o general Emílio Mola que comandava quatro colunas expedicionárias para se apossar de Madrid, disse que esperava a vitória pois dispunha de uma quinta coluna dentro da capital que era formada pelos que o apoiavam escondidos. Desde então, o termo é usado para designar traidores.
4-Gula
Chama a atenção a gula de Fábio Rueda. Ele quer nada menos que duas secretarias para “aceitar” Alysson Bestene (PP) de vice de Tião Bocalom (PL). Não tem noção, o rapaz. Quer até a Secretaria de Assistência Social que vem apresentando bons resultados sob o comando de Zilmar Rocha. Pode acabar falando sozinho e empurrando o PP para os braços do MDB. Aliança que resolveria os problemas dos dois partidos e neutralizaria a Extrema Direita no Acre. O próprio recuo do PP em anunciar oficialmente Alysson como vice de Bocalom que havia sido prometido para o sábado (11), é um indício que o Progressistas não está confortável em tão faminta e extremista companhia. Aguardemos. Até o registro das candidaturas muitos nomes, partidos e possibilidades vão passar por debaixo da ponte. O certo é que parece que o cargo de vice virou um negócio lucrativo para o União Brasil. E por um preço muito acima dos da OLX. Ou Mercado Livre. Onde um anúncio poderia ser feito “troca-se um cargo de vice na chapa de Tião Bocalom por duas Secretarias de Estado comprovadamente rentáveis”.
5-Equívoco
Técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMEIA), estiveram no Museu da Borracha para analisar o impacto da derrubada das duas seringueiras que ornamentam o jardim do prédio. As duas árvores que simbolizam a luta do Acre na Revolução Acreana estão ameaçadas pelo alargamento da avenida Ceará para dar lugar a obra do viaduto. Enquanto nas outras cidades prédios e locais históricos são preservados e viadutos são construídos longe deles justamente para desafogar o trânsito nos centros históricos, em Rio Branco acontece o oposto. Coloca-se em risco prédios históricos em favor de estruturas de estética duvidosa e de resultado prático questionável para conseguir votos dos que se deslumbram com grandes obras. Em tempo, não se sabe se uma obra do tamanho de um viaduto vai abalar as estruturas do antigo prédio que abriga o Museu da Borracha. Não se sabe quase nada sobre esta obra. A não ser que viaduto não substitui creche, escola ou posto de saúde.
6-Áurea
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei que tornava ilegal a escravidão no Brasil. A lei foi chamada de Áurea. Ou seja, que brilha. Resplandece. Na verdade sem brilho nenhum uma vez que o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão. Foi também o país que mais importou mão-de-obra escrava da África. Do total estimado de 12 milhões e meio de humanos sequestrados da África, metade veio à força para o Brasil. Só para se ter uma ideia, enquanto os Estados Unidos importaram 400 mil negros escravizados, o Brasil recebeu entre 4 a 6 milhões de negros. Toda essa gente se misturou aos europeus e indígenas dando origem ao povo brasileiro. Portanto, caros amigos, todos nós, em maior ou menor grau, temos um pé na senzala. Em 1872, 16 anos antes da assinatura da Lei Áurea, 58% da população brasileira era formada por negros e pardos contra 38,1% de brancos. Praticamente 20% a mais que os brancos, uma vez que os pardos já eram resultado da miscigenação. Motivo mais que suficiente para sermos contra as teorias de superioridade da raça branca que embasam as ideologias nazi-fascistas presentes no ideário da Extrema Direita. Acorda irmão. Você não é a barata que idolatra a chinela. Só parece.
7-Para refletir
“O Brasil tem seu corpo na América e a alma na África”. Padre Antônio Vieira. Século XVII.
8-Impactos
Estima-se que quase dois milhões de negros escravizados morreram na travessia, antes de chegar ao destino. O equivalente, segundo historiadores, a 14 cadáveres por dia durante 350 anos, que foram jogados ao mar. Era tanta gente morta que alterou a rota dos tubarões que passaram a seguir os navios negreiros para obter comida fácil. Alguns afirmam também que o comércio de escravos negros modificou também o comportamento dos leões. Segundo alguns estudiosos, antes da intensificação do comércio de pessoas oriundas da África, os leões não tinham o hábito de comer carne humana. Teria sido a quantidade de escravos mortos largados pela savana que criaram o costume. A partir daí esses animais passaram a atacar humanos para come-los.
9-Abolição
A Lei Áurea era para libertar os negros da escravidão, mas libertou os proprietários de escravos do fardo econômico de manter senzala, capitães-do-mato, roupas e comida. Além do gasto com escravos doentes e com os velhos sem forças para o trabalho. Os negros ganharam a liberdade sem nenhum tipo de auxílio do governo para poder sobreviver. Saíram das senzalas e não tinham para onde ir. Os ex-proprietários a partir da libertação não precisavam comprar escravos. Contratavam por quantias irrisórias e quando estes ficavam velhos e doentes simplesmente os demitiam e contratavam outros. Mais de 90% dos libertos ficaram entregues à própria sorte. Na miséria. Sem moradia, acesso à saúde, educação, formação profissional, etc. A falta de oportunidades e o racismo, criaram um quadro de desigualdade que perpetuou-se no país e tem reflexos no cotidiano e na política até a atualidade. Somos tão sem noção que apesar da nossa origem miscigenada, com sangue negro sim, permitimos que ideologias de Extrema Direita que são escancaradamente supremacistas brancos, floresçam no nosso miscigenado país. Votamos em políticos de inegável origem negra que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um racista escancarado que disse em uma palestra no RJ: “Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, referindo-se aos negros como animais. O mesmo Jair Bolsonaro disse nenhum filho dele namoraria uma negra “porque foram bem educados”.
Bom dia, brasileiros que com ou sem traços visíveis têm sangue negro em suas veias. Não esqueçam que as consequências de quase quatro séculos de escravidão não desaparecem por canetada. Para ajudar na reflexão, deixo um trecho da música “A carne”, de autoria de Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelette, imortalizada na voz de Elza Soares: “A carne mais barata do mercado é a carne negra. (Tá ligado que não é facil, né, mano?). Que vai de graça pro presídio e para debaixo do plástico. Que vai de graça pro subemprego e pros hospitais psiquiátricos”.
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