Coluna da Angélica- Mailza I em busca da coroa perdida

1- Retrocesso

Alguém poderia explicar didaticamente para a vice-governadora Mailza que educação sexual nas escolas não é ensino de pornografia e outros desvios. Isso crianças e adolescentes têm à disposição na internet. Mailza, na função de governadora interina vetou integralmente o Projeto de Lei do deputado Fagner Calegário (Podemos) que previa o ensino de Educação Sexual nas escolas. Como a governadora em exercício não explicou o motivo do veto, me dá o direito de pensar que a decisão foi tomada a partir de princípios religiosos e avaliação subjetiva. Decisões que impactam a vida de milhares pessoas não podem ser tomadas com base nesses dois critérios. Política e religião são paralelas. Não se encontram. Pensar de acordo com sua religião, a cidadã Mailza Assis tem todo o direito, mas impor seu pensamento religioso nem a cidadã, nem a chefe do Executivo, podem. A decisão de vetar demonstra falta de conhecimento do tema sobre o qual decidiu como uma monarca. O Estado não é vossa Excelência. Apesar de estarmos em tempos de evocação de contos da carochinha com Charles III, não creio que haja uma coroa disponível para Mailza I.

2- Manual

Educação sexual objetiva esclarecer jovens e adolescentes a respeito da responsabilidade particular de cada um com seus corpos. Aborda  temas como o sexo,  gravidez,  aborto, métodos contraceptivos,  camisinha e doenças sexualmente transmissíveis. A discussão sobre educação sexual começou no Brasil na década de 1930, com um grupo de médicos. Em 1933, foi fundado o Círculo Brasileiro de Educação Sexual, objetivando levar a Educação Sexual a todo território nacional. A ação repressiva em relação ao tema veio com o AI-5, em 1968. Em 1997, sob a presidência do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, o governo federal reconheceu a educação sexual nas escolas como tema importante e urgente por ser um instrumento poderoso para diminuir a violência motivada por questões relativas a gênero e sexualidade. O governo FHC reconheceu o papel relevante da educação sexual desde a  Educação Infantil até o Ensino Médio. Desde 2015,  vem se espalhando o pânico moral através de mentiras que dizem que os professores ao abordarem estas questões estariam doutrinando os alunos e estimulando crianças e adolescentes a se tornarem homossexuais ou a quererem mudar de sexo além de estimularem a pedofilia e o incesto. Refém das mentiras, a população convive com a gravidez na adolescência e a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis entre os adolescentes. Só para constar.

3-Enganados

A base de sustentação do governo foi instruída a votar contra o aumento de 30% nos plantões extras dos técnicos de enfermagem. O governo do estado bateu o martelo em 10%. A promessa era que assim que fosse feito um estudo do impacto financeiro iriam aumentar o valor dos plantões no segundo quadrimestre. Os deputados cumpriram a ordem e mataram as críticas no peito. Aí o governo se reuniu sozinho com o sindicato e concedeu os 30%. O que significa que o valor dos plantões aprovado pelos deputados, de 78 reais, foi aumentado para 101 reais. Não convidou nenhum parlamentar para reunião decisiva. Nem a líder do governo que esteve na Segov foi recebida. Foi dito à deputada Michelle Melo (PDT) que o Secretário não poderia recebê-la porque estava em reunião com o sindicato. Resumo da ópera- o Secretário saiu como herói e os deputados da base como os vilões. Foram jogados aos leões. Aguentaram a execração pública. Até esta terça-feira (09). A reação começou com o repúdio do deputado Gilberto Lira (União), foi referendada por Arlenilson Cunha (PL) e pela líder do governo Michelle Melo que parabenizou Lira pela sinceridade e prometeu exigir que a verdade seja reposta junto ao sindicato. Não sei como definir o ocorrido a não ser como desonestidade política. Se faz isso com os aliados, os escudos da indignação popular, imagine com os adversários. Um pedido público de desculpas não seria má ideia. Aguardemos.

4-…e revoltados

A revolta pública registrada nesta terça-feira, mostra que o desgosto atingiu um nível muito alto. Em função disso, a pergunta que se fazia nos bastidores era: quanto tempo a base aguenta? A reclamação quase generalizada na base de sustentação do governo na Assembleia Legislativa dá conta que os deputados aliados passam por vários filtros para conseguir chegar ao governador. A solicitação de agendas com o governador segundo deputados, passa primeiro pelo crivo militar. Se este entender que a demanda é justa, a repassa para a assessoria especial. Esta analisa o assunto do encontro solicitado e decide se serão recebidos pelo governador em pessoa, pelo Secretário de Governo ou por outra pessoa. Tem deputado novo, da base, que jura que até o presente momento só conseguiu ver Gladson Cameli em pessoa, em solenidades. Pelo que entendi, ninguém mais se contenta com foto. Já vi este filme. No fim ou nenhum sai da base ou no máximo refunda o grupo dos “independentes”. Prometem largar o verbo e  o verbo vira predicado verbal.

5-Vai vendo

Acreanos, estão preparados para ter o estado governado por Alan Rick (União), representado no Senado por Gladson Cameli (PP), Sérgio Petecão (PSD) e Gemil Júnior (União)? Pois é esta a informação que está circulando nos bastidores políticos. De acordo com fontes secretas, a articulação passaria pela tomada da prefeitura da capital com Marcus Alexandre, prefeito e Alyson Bestene de vice, em 2024.  Para Alan Rick estaria sendo oferecido o governo do Acre…de bandeja.  Desde que use as vestes da neutralidade.  Não apoiar Tião Bocalom (PP), seria a chave para obter o apoio de Gladson e Petecão para o governo. Completariam esse quadro, Marfisa Galvão (PSD) e Alyson Bestene (PP) deputados estaduais em 2026. Se a articulação resistirá ao tempo, é uma incógnita. Até porque, teria sido elaborada em uma reunião informal regada a bebidas variadas. Mas mostra que o jogo está sendo jogado.  O resultado, falta combinar com os russos.

6-Lavagem de roupa

Ao rebater o deputado Tanízio Sá, líder do MDB na Aleac, Emerson Jarude disse que o partido não pode se render a quem nem manifestou interesse em estar no MDB. O parlamentar referiu-se ao ex-prefeito Marcus Alexandre e sua indefinição crônica. E foi além, acusou-o de fazer conversas diárias para inviabilizar uma candidatura legítima. Em tempo- Tanízio fez uma declaração desastrada que Jarude “não tem moral” para impedir a candidatura de Marcus Alexandre pelo MDB. O ex-prefeito nem disse se vai se filiar ao MDB e já está provocando briga interna com direito a lavagem de roupa suja em público, transmitida para todo o estado. É dureza estar na linha de frente. Não há como se tornar um sobrevivente sem ao mesmo tempo se tornar um pouco de monstro. Nesse jogo não existem inocentes com armas na mão.

7- Conversa

Até o presidente da Câmara de Vereadores de Rio Branco,   Raimundo Neném (PSB), decidiu cobrar o prefeito. Meio de leve. Mas cobrou. Pelo que entendi, Neném acusa Tião Bocalom de muita conversa e pouca ação. O vereador cobrou resultados em vez de falas e se recusou a participar a abertura do programa Ramais da Dignidade. Neném tem razão. Os ramais os moradores conhecem bem- intrafegáveis. Já a dignidade, aguardam há muitos anos. A ação, deveria ter começado lá em 2021. No penúltimo ano de mandato, quando resta pouco tempo hábil para realizações, esperam que a melhoria não fique restrita ao lançamento.

 8-Estrela

O ícone da música popular brasileira, Rita Lee, morreu nesta terça-feira (09), aos 75 anos. Perdeu a luta contra o câncer. Deixou um legado de irreverência,  rebeldia e de quebra de paradigmas. Sobre sua morte, ela mesma antecipou:  “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Os fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’. As Tvs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: “ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk”. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: “Thank you Lord, finally sedated” (Obrigada Senhor, finalmente sedada).

Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.

Bom dia, prefeito Tião Bocalom. Ainda que mal pergunte, essa economia de 1 bilhão que Vossa Excelência diz ter feito pode ser entendido também como economia nas ações? Cidade esburacada, escura… Significa que economizou porque não usou no que era preciso ou não usou no que era preciso para economizar? 

Esta é uma coluna de opinião

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Imagem- Vecteezy