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Coluna da Angélica- Brasil e Argentina flertam com o abismo

1-Tão Acre

Na inauguração da revitalização da Via Chico Mendes a viúva do líder seringueiro abraçada ao prefeito Tião Bocalom (PP) deve ter feito Chico Mendes revirar-se no túmulo. O senador Márcio Bittar (União) discursou para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na inauguração da ponte Padre Paolino Baldassari, em Sena Madureira, o prefeito Mazinho Serafim (Podemos), não cumpriu a promessa de desfilar pela cidade só de cueca. Nada demais. Políticos não cumprem promessas mesmo. Vagner Sales (MDB) já fez promessa parecida e não cumprida. Aguarda-se agora a do governador Gladson Cameli (PP), de usar saia se a ponte da Sibéria não for inaugurada em seu governo. Detalhe, kilt escocês não vale. Olhos atentos observam a “lua de mel” entre o governador Gladson Cameli e o prefeito Tião Bocalom. Ninguém bate mais em ninguém. Ponto.

2- Tão Argentina

Nesta quarta-feira 20, a Argentina começou a entender o significado de um governo autoritário. De Ultra Direita. Javier Milei  proibiu manifestações. Na véspera, mensagens foram disparadas pelo governo “libertário” alertando que quem participasse de manifestações teria os benefícios sociais cortados e poderia ser preso. Logo cedo a força de segurança estava em massa nas ruas de Buenos Aires. Entraram em ônibus e filmaram os passageiros. Barraram ônibus escolar e obrigaram todos a descer e seguir a pé porque desconfiaram que iam participar do ato. Veículos de contenção de multidão jogaram água com tinta sobre a população para identificá-las como manifestantes.  Prenderam pessoas. Isolaram a Praça de Mayo, tradicional palco de protestos. Nada disso intimidou os argentinos que encheram a praça de Mayo e ainda colocaram policiais infiltrados para correr. Paralelo a isso Milei divulgou novas medidas de arrocho com 300 decretos que tendem a piorar o cenário de hiperinflação e desemprego. Os argentinos perderam 50% de seu poder de compra em 10 dias de Milei.  A imprensa atrelada a Milei, via Maurício Macri, normalizou a dificuldade dos mais pobres em se alimentar dizendo que passassem a fazer uma refeição por dia. A versão Maria Antonieta Sul Americana com o seu “se não têm pão, comam brioches” ou media luna, mais popular na Argentina.

3-Tão Argentina II

Todos os anos em 20 de dezembro,  os argentinos realizam um ato público que marca a derrubada do presidente Fernando De La Rúa em 2001.  De La Rúa promoveu um bloqueio nas contas bancárias, parecido com o de Fernando Collor quase 10 anos antes. Com dois anos de mandato, De La Rúa decretou estado de emergência e colocou a polícia para controlar os protestos o que resultou na morte de cerca de 30 manifestantes. Ele não resistiu a dois dias de protestos em todo o país  que incluíram o apedrejamento da sede do governo. Fernando De La Rúa fugiu. Abandonou o governo e o país. Desde então, todo o dia 20 de dezembro os argentinos realizam atos para lembrar a “retomada da democracia”. Nesta quarta-feira (20), a manifestação de 20 de dezembro juntou a revolta contra as medidas econômicas do “libertário”, Javier Milei. O protesto levou para as ruas de Buenos Aires funcionários públicos, aposentados e movimentos sociais. O presidente que tem como bordão “liberdade, caraj#”, cerceia a liberdade da população. Mas como já disse, os argentinos não se intimidam. Aguardemos.

4-Tão Brasil

Só pode criticar os argentinos por terem votado num presidente autoritário quem não olha para o próprio umbigo. Afinal, no Brasil, elegemos um congresso venal. No orçamento de 2024 por exemplo, nossos congressistas destinaram quase 50 bilhões de reais para as emendas parlamentares e apenas 5 bilhões para investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ou seja, o PAC que movimenta a economia do Brasil todo vai receber 10% do que as excelências vão receber para as emendas com as quais se reelegem indefinidamente. Se você não se sente um bobo por trabalhar para dar dinheiro para essas pessoas se manterem no poder é porque não entendeu que 50 bilhões subtraídos dos impostos que você paga vão para criaturas que votam contra os interesses da população e garantem votos com uma quadra de esportes aqui, a pintura de uma porta ali. E o que sé pior, com o nosso dinheiro garantem sua reserva de mercado porque ficam indefinidamente no poder impedindo que novos parlamentares os substituam. Começaram com a obrigatoriedade das emendas individuais, depois passaram a assaltar o orçamento aumentando os valores, depois criaram emendas de bancadas, depois as emendas de comissões aumentando os valores.  E segue o jogo em quadra de areia movediça. Com bate-bola entre Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (ex-DEM e atual PSD).Com torcida organizada. Inclusive na bancada do Acre. Olhos atentos, observai. Só o STF pode bloquear essa imoralidade. E é por isso que tentam reduzir o poder do Supremo.

5-Jabuti atravessado

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), da bancada da agitação, enfiou um jabuti envenenado no orçamento. Ele aprovou uma emenda no orçamento que proíbe entre outras coisas, despesas  que promovam, incentivem ou financiem ações tendentes a desconstruir, diminuir ou extinguir o conceito de família tradicional, formado por pai, mãe e filhos. Uma pauta moral que não tem a ver com orçamento e que em nada se espelha no histórico de sua própria família. Afinal, o pai, um evangélico genérico está na terceira esposa. Tem filhos com três mulheres diferentes. A madrasta tem duas filhas. De pais diferentes. Uma avó acusada de tráfico e um tio acusado de estupro. De que família tradicional fala o deputado que em seu segundo mandato nunca apresentou um projeto para melhorar as condições de vida da população? Limita-se a “combater comunistas” e a fazer lobby de armas. O que ele chama de Emenda Patriota não passa de uma excremência. Não é o comunismo que vai acabar com as famílias. É o Tinder. Que é um produto do capitalismo.

6-Família tradicional

E por falar em família tradicional, tivemos notícia de uma dessas em plagas acreanas.  Um membro do alto escalão do governo do Acre,  desses que mantém uma esposa tradicional em cada domicílio, com toda a tradição familiar,  tem uma em Rio Branco e outra em Manaus. Recentemente descobriu que a de Manaus estava namorando um advogado de lá. O marido tradicional foi ao escritório do rival e o ameaçou de morte. Afinal, estava tentando destruir uma família tradicional. O setor informal de notícias garante que o apavorado namorado da mulher alheia apelou até para o pai do governador do Acre, que mora em Manaus. Família tradicional não é brincadeira. Conto o milagre. O santo defensor da família tradicional, não. Mas arrisco dizer que segredo dividido não é segredo. Aguardemos.

7- Para refletir

“O sistema não teme o pobre que passa fome. Teme o pobre que sabe pensar”. Paulo Freire

Bom dia, leitor. Vossa Excelência me permite uma sugestão? Dê um tempo para sua cabeça. Ela não é penico. Não a trate como tal. Saia da fofoca dos grupos. Dê um tempo das Fake News. Aproveite o fim de ano com sua família. Tradicional ou não. 

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

Contato- [email protected]

Imagem- LOR

 

 

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