Clinica Telemed'AC - Consultas médicas com clínicos e especialistas sem sair de casa no Acre

Coluna da Angélica- Aliança entre Márcio Bittar e Néia Sérgio está dando pano para mangas

1- Utopia

No dia em que a Argentina comemorou 4o anos de retomada democrática, no dia dos Direitos Humanos, Javier Milei tomou posse transformando o país num reduto da Ultra Direita na América do Sul. Ultra Direita é um eufemismo para fascismo. Expoentes mundiais dessa ideologia como o primeiro ministro da Hungria, o homofóbico Viktor Orbán e o presidente da Ucrânia, o comediante Volodimir Zelensky, atravessaram o mundo para participar da posse.  Donald Trump não compareceu. Lula (PT), também não. Mas Jair Bolsonaro se fez presente com a maior delegação. Como se chefe de Estado fosse. Embora não tenha sido tratado como tal. Bolsonaro não pode sentar junto com os chefes de Estado. Teve que se contentar em sentar na segunda linha. Escondido atrás dos seguranças que ficaram em pé formando um paredão humano. Foi impedido de participar da foto oficial do Milei com os chefes de Estado. A música ao longe zombava: “barrados no baile ou ou ou”. Festa estranha com gente esquisita. Mas civilizada. Milei recebeu a faixa e os cumprimentos do presidente Alberto Fernandez, seu adversário.

2-…neoliberal

No estudo “Neoliberalismo e a introjeção do fascismo nas democracias contemporâneas”, Ana Carolina Ramos e Rodrigo Alvarenga destacam que o desejo fascista tem sido produzido pela lógica neoliberal. “Com a razão neoliberal se dão as diversas estratégias para formatação e controle dos sujeitos transformados e tratados como mercadoria…para aqueles que não interessam à sociedade neoliberal, seja por não produzirem, não consumirem ou resistirem a ela, reserva-se a resposta penal, tendo a prisão como a resposta
penal preferencial “aos desvios” ou até a eliminação física”. Javier Milei, o presidente que tomou posse neste domingo, anunciou em seu discurso que nesta segunda-feira começa a apresentar as medidas de arrocho. Aumento da inflação, majoração as mensalidades para os planos de saúde e de transporte público. O novo presidente da Argentina ameaçou que quem participar de manifestações vai perder benefício social. Autoritário? Não. Apenas Ultra Direitista.

3-Ilusão

As democracias contemporâneas nos levam pelo caminho da ilusão do voto. Não somos nós que escolhemos. Escolhem por nós e nos fazem pensar que fomos nós que escolhemos. Isto também aconteceu na Argentina onde 56% dos eleitores optaram pelo apocalipse “libertário” de Javier Milei. Olhos atentos observam que  sentido de liberdade no extremo, é a lei da selva. Apesar de Milei já estar reconsiderando as medidas extremas como a dolarização da economia, a extinção do Banco Central e a regularização da venda de órgãos e de crianças, mantém a intenção de privatizar tudo. Ou seja, priorizar o Mercado em detrimento da população. Como candidato negou o aquecimento global. Como presidente eleito mandou um representante para a COP 28. Trata Jair Bolsonaro como amigo mas recebeu o representante do Brasil na posse, chanceler Mauro Vieira, com deferência. Em conversa reservada. No dia da posse. Aguardemos para tentar enxergar no escuro do futuro até que ponto a realidade vai permitir a execução das pautas de El Loco.

4-Semelhanças

O Brasil que passou por 6 anos de tentativas parecidas, vê com apreensão a situação argentina. Lá como cá, semelhanças há. Durante a campanha Milei falava em governar para “os bons argentinos”, o equivalente ao “cidadãos de bem” do Brasil. Na posse de Javier Milei, seus eleitores foram para as ruas com camisetas da seleção argentina. Por aqui os apoiadores de Bolsonaro tinham como uniforme a camisa da seleção brasileira. Em ambos os casos alimentados pela falta de informação e de senso crítico e superalimentados por fake news.  Não é porque se elege um governante que se permite a ele agir como um monarca absoluto. Mas em governos autoritários quem reage é punido.  Milei passou de uma figura midiática furiosa a presidente da Argentina. Bolsonaro passou de um parlamentar furioso que homenageava torturadores a presidente do Brasil. Os países não deveriam ser laboratório para experiências duvidosas. Nem palco para figuras bizarras. Países não são Tik Tok, apesar de muitos eleitores não perceberem a diferença. No fim quem se lasca é a população.

5-Fogo no parquinho

O senador Márcio Bittar (União),  se apresenta como extremista de Direita e apesar do partido dele ter cargos e Ministérios no governo Lula (PT), o senador pelo Acre vive pendurado no espólio político de Jair Bolsonaro . Márcio Bittar, na capital, se recusa a conversar com partidos que considera de Esquerda. Não apoia Marcus Alexandre (MDB) em Rio Branco porque não se mistura com a “Esquerda”, mas apoia Leila Galvão (MDB) em Brasileia e Néia Sérgio (PDT) em Tarauacá.  Ao declarar apoio à Néia Sérgio na disputa pela reeleição em 2024, MB acendeu o sinal de alerta no União Brasil de Tarauacá.  Filiados locais do União Brasil identificados com Bolsonaro estão em pé de guerra com o senador. Eles destacam como principal contradição o fato do presidente nacional do PDT,  Carlos Lupi ter sido o autor da ação contra o ex presidente que tornou Jair Bolsonaro inelegível. MB destinou emendas para Tarauacá governada por Néia Sérgio. Dentre elas, uma de quase 18 milhões para a construção da orla municipal. E agora apoia a reeleição de Néia Sérgio. Não é de graça. E o União Brasil quer saber o motivo dessa aliança. Os indícios são de um apoio do PDT tarauacaense para a reeleição de Márcio Bittar em 2026.

6-…do Tchê

Tarauacá é um município com uma vasta rede de Rádio Cipó. As cobranças da população são endereçadas aos dois partidos. O vice de Néia é do PL de Bolsonaro. E vai tentar a reeleição nessa dobradinha esquisita do PDT com o PL. Com o apoio do União Brasil, via Márcio Bittar. Pedetistas e liberais querem descobrir o que está por trás dessa aliança de cobra com porco espinho, como chamam. Os  pedetistas presididos nacionalmente por Carlos Lupi querem saber se Néia vai apoiar o Ultra Direita Márcio Bittar para o Senado em 2026 quando pela lógica o PDT deveria apoiar Gladson Cameli (PP). Afinal o presidente Luís Tchê tem uma Secretaria de “porteira fechada”. Tchê, aliás, parece estar se equilibrando numa corda bamba muito frágil. Sua deputada Michelle Melo não poupa críticas ao governo do qual foi líder. Sua prefeita em Tarauacá se aliança com a Ultra Direita.  Ou Tchê assume as rédeas do partido ou corre o risco de transformá-lo num MDB em que cada um rema para um lado.

7-Márcio Bittar

Márcio Bittar estava na lista da delegação que acompanharia Jair Bolsonaro a posse de Javier Milei na Argentina. Ao contrário de Zé Trovão (PL) que apareceu na foto de chapéu  de vaqueiro e tudo, MB  permaneceu em Brasília onde participou da manifestação contra Flávio Dino Ministro do STF. A manifestação flopou. Em tempo, a indicação de Dino será decidida pelos senadores. Por voto secreto. Na verdade não é Flavio Dino que está fragilizado, são os senadores de oposição a ele. Se for derrotado para STF, permanece como Ministro da Justiça. E com raiva. E se um Dino em estado normal já é carne de pescoço, imagine um Dino com raiva. Será um Dino triturador. Bittar postou no Instagram imagens da manifestação contra Dino ocorrida neste domingo (10), em Brasília. José Alex, da Santa Casa, comentou na publicação: ” nosso orgulho, nosso representante, nosso amigo e nosso irmão”. Pausa sem espanto. Márcio Bittar foi o autor daquela emenda de cerca de 160 milhões para a Santa Casa. Mas parece que a união vai bem além disso. Olhos atentos observai a simbiose entre Bittar, José Alex, Coronel Ulysses (União) e Mazinho Serafim (Podemos). Ponto.

8-Na mira

O deputado federal Gerlen Diniz (PP), disse que o secretário de Educação Aberson Carvalho, é o pior Secretário do governo Gladson Cameli (PP). Chamou Aberson de incompetente e pediu uma intervenção. Uma tradução para intervenção é substituição. Ora, esculacho público entre pessoas do mesmo partido, nem sempre é apenas lavagem de roupa suja na pracinha. Olhos atentos observam que às vezes pode significar interesse no cargo. Ou tentativa de desestabilizar a única colega de bancada que escapa da mediocridade. Aberson é indicação de Socorro Néri (PP). Ponto. O setor informal de notícias dá conta que o controle da Secretaria de Educação é o desejo secreto dos deputados Gérlen Diniz e Zézinho Barbary. Todos do Progressistas. Há muito tempo.

9-Exagero

Aberson Carvalho não é o melhor Secretário de Educação da história do Acre. Mas está longe de ser o pior. Deve-se ressaltar que nenhum consegue agradar a todo mundo e críticas são necessárias para ajudar a aprumar a gestão. Por exemplo, a questão das 63 escolas rurais, das quais 45 estão caindo, merece uma solução urgente. Mas não se pode julgar o todo por um detalhe. Principalmente quando a crítica pode estar sendo movida por interesses escusos. Queremos uma solução. Mas, justa. Os Secretários de Educação e Saúde são os que mais se destacam na gestão Cameli. Mas não são perfeitos. Ninguém é. Recentemente, o avião do TFD que havia ido a  Marechal Thaumaturgo buscar um paciente para transportar até Cruzeiro do Sul, decolou com outras pessoas e o homem ferido ficou na pista.

Bom dia, deputado  Eduardo Velloso (União). Responda depressa:  bico de pardal pode se bater com bico de tucano?  Mal chegou na política e já mostra as unhas. Ou o bico, né?

Esta é uma coluna de opinião e reflexão

Contato- angellica.paiva@gmail.com

Imagem- O Liberal

Inscreva-se gratuitamente na Newsletter do Acre-In-Foco Notícias do Acre

Não perca nenhuma notícia do Acre! Inscreva-se na newsletter do Acre In Foco

Veja também

A ruína dos EUA vista por dentro: desemprego, violência e um futuro sem esperança

O caos político, a violência crescente e o colapso econômico arrastam os Estados Unidos para …