1-Registro histórico
O senador Márcio Bittar (União), que em três anos de Operação Ptolomeu nunca se solidarizou com o governador Gladson Cameli (PP), foi o primeiro a comemorar publicamente a decisão do STJ de não afastar Gladson do mandato. Foi mais ágil que os próprios deputados da base do governo que sempre divulgaram notas de apoio e solidariedade. Não vamos nos precipitar e dizer que o interesse em levar Gladson a fazer uma aliança Tião Bocalom (PL), moveu o senador neste sentido mas também não vamos descartar as evidências. Reflexão é saudável para não comprar gato por lebre. E olhos atentos não se deixam enganar.
2-Focado
Márcio Bittar é focado nele mesmo. O interesse dele é a reeleição para o Senado. Para isso joga com Bocalom. Neste jogo Bittar é o atacante e Bocalom a bola. E tenta jogar com Gladson. Para isso conta com o apoio de José Bestene (PP) e do próprio Alysson Bestene (PP), segundo fonte do PP. Ao tio que tem cargos, negócios e secretarias é vantajoso se unir a Bittar & Rueda. O sobrinho sonha em assumir a prefeitura por dois anos. O tio tem muito a manter. O sobrinho, a ganhar. Apesar da dificuldade em obter sucesso nesta empreitada. Marcus Alexandre (MDB), continua liderando com folga.
3-Moeda de troca
A dupla Márcio Bittar/Fábio Rueda tiveram timing. Durante o período de indefinição da candidatura própria do PP, mexeram as pedras na hora certa e amarraram Bocalom no compromisso que o vice seria indicação do União Brasil, onde o que vale é a opinião da dupla. Tião Bocalom desesperado com a falta de apoios se agarrou à tábua de salvação jogada pelo União Brasil. Com o vice de seus sonhos Joabe Lira no partido de Bittar, só viu vantagens no acordo. Para “aceitar” Alysson Bestene como vice de Boca, Rueda & Bittar cobram a fatura: a Secretaria de Assistência Social e o cargo com status de Secretário na Representação do Acre em Brasília. Algo como Blackfriday de Secretarias de Estado tendo Alysson Bestene como moeda de troca.
4-Freio
Gladson não é bobo. Ele sabe que para a reeleição de Márcio Bittar seria vantajosa uma decisão mais dura do STJ afastando o governador do mandato. Isso abriria o caminho para tornar Gladson inelegível. O que garantiria uma vaga em disputa para o Senado em 2026. Atualmente, de acordo com as projeções, não existem vagas. Por enquanto uma é de Gladson Cameli e a outra de Jorge Viana (PT). A menos que o meteoro atinja a terra antes da eleição. E nisso entra também o voto da ministra Nancy Andrighi. Na parte em que ela disse que por ora não via motivo para o afastamento de Gladson porque não havia fatos novos deu o recado que foi registrado em tinta vermelha- não há motivo neste mandato. O que pode mudar com qualquer deslize. Campanha eleitoral é um risco elevado de escorregão. Portanto, colocar a tal “estrutura” do governo à disposição de uma candidatura pode dar o motivo. O governador deve ter colocado as opções nos pratos da balança e visto que o das desvantagens pesou muito mais. Talvez por isso tenha puxado o freio de mão. Já com uma semana de atraso o tal anúncio oficial da chapa Bocalom/Alysson não saiu. E talvez nem saia. Aguardemos.
5-Sem vantagem
Na avaliação de membros do partido o Progressistas não teria nenhuma vantagem com esta aliança. Exceto os membros do partido que carregam o sobrenome Bestene. Para ingressar no clube dos extremistas, o governador teria que entregar a Secretaria de Assistência Social. Decisão que resultaria numa briga com a vice-governadora Mailza Assis (PP). Além de conceder status de Secretário de Estado para um político que já foi rotulado pela população do Acre como oportunista. E a pior coisa para um político é o rótulo. Chega antes do nome. Leitor atento diz que Fábio Rueda deve ter calculado: “em Pernambuco nem sabem quem sou, no Acre serei autoridade”. Em tempo, nem com o fundo milionário do União Brasil, Rueda conseguiu se eleger deputado pelo Acre. E pelo jeito Eduardo Velloso (União), não está disposto a entregar seu mandato a ele. Parece que a experiência de 4 meses foi traumática para Veloso.
6-Ver
Policiais Penais dizem que o presidente do Iapen se gaba de ter padrinho forte, ser amigo do Delegado-Geral de Polícia Civil e “estar nas graças do governador”. Com essas costas quentes nada aconteceria com ele, apesar das denúncias de assédio moral, ameaças e de ter anunciado que sua Abin particular estaria investigando policiais penais que estariam inclusive com os telefones grampeados. Nesta sexta-feira (17), o Sindicato dos Policiais Penais (SINDAPEN) divulgou uma nota de repúdio contra Alexandre Nascimento e em apoio às Policiais. Entenda o caso clicando Aqui e também Aqui. A coluna do dia 30 de abril alertou que a bomba iria estourar. Veja Aqui. Tiveram tempo para resolver. Não fizeram e o problema cresceu. Como diria Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, de Chico Anysio: “Não creu n’eu, se finou-se.”
7-…para crer
O problema evidencia o risco do governo acatar indicações de parlamentares ou partidos apenas por serem indicação. Sem uma investigação. Em vez do nome do “padrinho” aparecer, quem paga a conta é o Executivo que nomeia. Segundo os Policiais Penais, Alexandre Nascimento era do Cadastro de Reserva. Nunca “bateu cadeados”. Não tem formação acadêmica no rol do art 75 da LEP. Não tem projetos e está atolado no escândalo. A dúvida dos policiais é se o maior responsável pela situação é o presidente do Iapen ou o “padrinho” que o indicou. Belos olhos gateados não são indicativo de competência para a função.
8-Renascendo
2024 parece ser o ano de renascimento do PSDB do Acre. Há tempos o partido não ocupava tanto espaço na mídia. Pelo jeito todo político que está desconfortável em seu próprio partido só enxerga o ninho tucano na sua frente. Já se falou na ida do deputado federal Eduardo Veloso, do governador Gladson Cameli e do deputado estadual Pedro Longo. Até o momento só a ida da ex-deputada federal e procuradora de justiça aposentada Vanda Milani, se concretizou. Muita falação e pouca ação. Mas lembra aquela frase que havia no senadinho: “quando o povo fala, ou é ou será”. Pois.
9-Risco
Analistas políticos de Cruzeiro do Sul observam a candidatura da ex-deputada Jéssica Sales como uma candidatura de risco. Isto porque, apesar da grande aceitação popular vai enfrentar uma disputa de todos contra Jéssica. Todas as expressões políticas do município estão com Zequinha Lima (PP). Além disso analisam que uma possível derrota de Jéssica poderia sinalizar o fim da influência política dos Sales na Região. O pai Vagner Sales está inelegível. O irmão Fagner Sales não emplacou na política e a mãe, Antônia Sales, em que pese a excelente atuação política, sofreu uma redução de 3.419 votos da eleição de 2018 para a de 2022. Em 2018, Antônia Sales obteve 9.139 votos. Na eleição de 2022, 5.720 votos. Apesar de Jéssica e Antônia terem o carinho e o reconhecimento de boa parte da população cruzeirense e Vagner ser conhecido por ajudar os menos favorecidos a eleição não deverá ser fácil. A pré-candidatura de Jéssica à prefeitura de Cruzeiro do Sul foi lançada nesta sexta-feira (17). Aguardemos.
Bom dia, Marcus Alexandre, pré-candidato do MDB a prefeito de Rio Branco. Era mesmo necessário dizer que não tem padrinho político e soltar aquela frase populista “meu padrinho é o povo”? Não seria mais ético reconhecer que foi construído politicamente pelo PT? Pode soar como ingratidão…falta de reconhecimento. Mas cada um sabe de si né?
Coluna de opinião e reflexão
Contato-angellica.paiva@gmail.com
Imagem- El pensador popular