1-Limpando a área
O senador Márcio Bittar (União), não brinca em serviço. Focado na reeleição para o Senado, não mede esforços para atingir seu objetivo. Para isso limpa a área de todos os possíveis adversários. De acordo com o setor informal de notícias, foi ele quem convenceu o ex-presidente Jair Bolsonaro que Tião Bocalom (PL), é um nome competitivo para o governo em 2026. Olhos atentos observam que não porque creia nessa possibilidade, mas para afastar o Boca da disputa pelo Senado. Bittar parece estar convencido que o único jeito de conseguir se reeleger é tirando todos do caminho. A possibilidade de Bocalom se eleger governador é tão improvável que ele mesmo teria relutado. Se já está difícil para a prefeitura… Mas Bittar insiste. Na sequência, neutralizou o senador Alan Rick (União), pretenso candidato ao governo do Estado. Como bom jogador político, Márcio Bittar apoiou os Rueda e saiu fortalecido perante a nova Executiva Nacional do União Brasil. Em tempo, Márcio Bittar teria aproveitado a visita de Bolsonaro a Rio Branco para soprar nos ouvidos dele o apoio a candidatura de Bocalom para o governo do Estado em 2026. Ou seja, Alan Rick (União), nunca esteve nos planos.
2- Situação complicada
A decisão de apoiar Bocalom para a reeleição mostrou que Márcio Bittar domina o setor decisório do União Brasil e jogou Alan Rick para o escanteio. Alan Rick foi obrigado a manifestar apoio ao candidato do governador Gladson Cameli (PP), sob pena de perder seus muitos cargos no governo. O apoio de seu partido a Bocalom o coloca à beira do abismo. Magoado, Alan saiu anunciando que sairia do partido. Ou isso ou ficará sem espaço. Triste situação para quem se achava a última bolacha do pacote, conforme análise de integrante do União Brasil. O problema da última bolacha do pacote é que ela pode estar triturada. Ou até mofada, conforme um amigo.
3-Para onde?
Segundo a imprensa local o senador Alan Rick saiu anunciando que deixaria o União Brasil. Por causa do que considera “uma humilhação”. Alan é presidente da Executiva Regional do partido. A decisão sobre com quem caminhar na eleição municipal é da Executiva Municipal. Entretanto, algo mais complicado se apresenta caso mantenha a decisão: para onde ir. O PL no Acre é dominado pelo senador Márcio Bittar. A Executiva Municipal do Republicanos é presidida pelo filho dele, João Paulo Bittar. A Estadual pelos deputados federais Roberto Duarte e Antônia Lúcia, que não teriam lá muito interesse em abrigar Alan. MDB e PP estão fora de cogitação. Ambos têm seus próprios candidatos ao governo do Acre. O PSDB é outro partido na mira de Márcio Bittar. Sobraria para Alan Rick o Partido Novo. Aguardemos.
4-Falando demais
Alan Rick e Márcio Bittar alardearam aos quatro ventos que não apoiariam Marcus Alexandre (MDB) porque este veio do PT. Caso o PP venha a indicar o vice de Marcus, como se desenha, Alan teria que ir pelo beiço. Bittar é um poço de contradições: omite o fato de Tião Bocalom (PL), seu atual gêmeo siames, ter sido Secretário de Estado na gestão de Jorge Viana (PT). Que em Brasileia apoia Leila Galvão, que como Marcus Alexandre, trocou o PT pelo MDB. Que em Tarauacá, apoia Néia Sérgio do PDT, partido fundado como de esquerda por Leonel Brizola. Também não divulga que votou nos indicados por Lula (PT), para o STF: Cristiano Zanin e Flávio Dino. Márcio Bittar criticava o posicionamento radical de Wherles Rocha, quando este era deputado. Basta dizer que Bittar já foi considerado “oposição confiável” pela Esquerda do Acre.
5-Balaio
As coisas mudam e na política mudam sem pedir licença ou dar explicações. Em 2010 por exemplo, a eleição em que Tião Bocalom mais teve chance de vencer, Márcio Bittar não colou suas propagandas com as de Bocalom. E na época, os dois eram do mesmo partido. Bocalom disputava o governo do Acre e Bittar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ambos pelo PSDB. Na mesma eleição, a deputada federal Antônia Lúcia (Republicanos), atualmente fechada com Bocalom, também dizia apoiar o atual prefeito de Rio Branco mas foi vista saindo da casa de seu adversário Tião Viana (PT). Durante a campanha. Bocalom foi derrotado por Tião Viana. O prefeito deveria tirar lições do passado e não pegar corda mas como diz um analista amigo meu “se tiver dois doidos dizendo que ele ganha, ele disputa”.
6-Adversário
Bocalom é o maior adversário de Tião Bocalom. Olhos atentos observam que falta-lhe inteligência emocional. Há quem diga que se não vier outra pandemia que o segure em casa durante a campanha pela reeleição, tende a perder. A afirmação é de quem presenciou um evento no começo de 2023 no Moreno Maia quando o prefeito tomou o microfone de um pastor que reclamou das más condições dos ramais. Na ocasião, Bocalom esculhambou o reclamante. “Ele é danado para fazer confusão. Queria brigar com quem dizia que ia votar no PT”.
7-Cautela
O ministério da Saúde Política adverte: é preciso muita cautela com os apoios de campanha. Eles são ocasionais. E apresentam sérias reações adversas. Ulysses Araújo (União), por exemplo, era da confiança do PT. Chegou a ser chefe do Gabinete Militar de Jorge Viana. A saída do Partido dos Trabalhadores do poder coincidiu com a mudança ideológica de Ulysses. No governo Gladson Cameli (PP), ele assumiu o comando da Polícia Militar do Acre, embora tenha chamado Gladson de mentiroso na campanha de 2018. Socorro Néri (PP), deixou o MDB de lado para apoiar Tião Bocalom, então no PSDB. Depois trocou Bocalom por Márcio Bittar e foi lançada candidata a prefeita pelo PSDB. Com o jogo em andamento desistiu da candidatura e filiou-se ao PSB para ser vice de Marcus Alexandre, então no PT. Dizem que por interferência direta do então governador Tião Viana. Foi candidata à reeleição com o apoio do governador Gladson Cameli. Dois anos depois se elegeu deputada federal e foi guindada ao posto de presidente da Executiva Municipal do PP. Tentou passar por cima de Gladson, tumultuando a filiação da prefeita de Brasileia, Fernanda Hassem. Zezinho Barbary (PP) a quem Gladson colocou debaixo do braço preterindo outros candidatos, também passou a desafiar a autoridade do governador como presidente estadual do partido. Não é a primeira vez que Barbary age dessa maneira, em Cruzeiro do Sul é voz corrente que antes ele traiu Vagner Sales (MDB), que foi quem o lançou a prefeito de Porto Walter. Eduardo Veloso (União), é considerado um político do grupo dos que não têm lado. Fábio Rueda (União), caiu aqui de paraquedas. Olhos atentos observam que a bula é extensa.
8-Para Refletir
“Não temos Direita no Acre. Só temos interesses”. Político da taba.
Bom dia, senador Sérgio Petecão (PSD). Se é verdade que o acordo de Vossa Excelência é apoiar quem a vice-governadora Mailza Assis (PP), apoiar, de comum acordo com o governador, isso significa que a candidatura de Marcus Alexandre terá mesmo o apoio do PP né? Se assim for, a metereologia política indica resultado no primeiro turno. Aos vencedores, os louros. Aos demais, jaraqui com jiló em Manacapuru.
Coluna de opinião e reflexão
Contato- angellica.paiva@gmail.com
Imagem- Carlos Literato