O líder indígena Sabá Manchineri (Manxinerine Ywptowaka), expôs os bastidores da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizada em Brasília de 14 a 18 de novembro. Segundo ele, enquanto os gestores pressionavam por apoio para continuar nos cargos, os pacientes no Acre continuam atrás de dinheiro para pagar consultas, exames, alimentação, hospedagem e passagens.
“Mesmo quando as equipes estão nas áreas não adianta de nada. Falta conhecimento e constância. Cada vez é um médico diferente e cada um tem um procedimento diferente. Faltam medicamentos. Não existe melhora. Saúde vai além da distribuição de máscaras. As equipes passam de 90 dias para entrar em área e quando entram não tem medicamento, alimento, nem material odontológico’, afirma.
Sabá denuncia que durante o período mais crítico da pandemia foram usadas aeronaves para passeio e fazer campanha política nas aldeias: “helicóptero que fez falta na hora de resgatar crianças recém-nascidas, que vieram a óbito… teve enfermeira que ocupou vaga de paciente no avião. Paciente que morreu sem o resgate”.
De acordo com o representante indígena do Acre, saneamento nas aldeias é só de fachada. Não há combustível para o transporte de pacientes, mas ” para funcionário abastecer carro particular e visitar familiares, aí tem!”
Manchineri diz ainda que os delegados indígenas do Acre na Conferência sequer foram resultado de processo de escolha dos próprios indígenas. “nem se sabe como foram os processos de escolha”.
“A saúde está tão bem, que as pessoas morrem na fila de espera, e a cirurgia não acontece”, conclui ele.
O espaço está aberto para o posicionamento dos gestores de Saúde Indígena do Acre.
Imagem- Saúde Indígena