1-Exagero
A ausência do governador Gladson Cameli (PP), na abertura do Exporta Mais Amazônia, no último dia 25, foi motivo de críticas. Açodadas. O governo do Estado esteve bem representado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), Secretaria de Planejamento (Seplan) e Agência de Negócios do Acre (Anac). Gladson não precisaria dar palco para Jorge Viana (PT). Sua presença na abertura do evento seria meramente decorativa. Um gesto educado. Sem nenhum resultado prático uma vez que tudo o que foi apresentado lhe será repassado. Gladson marcaria ponto se tivesse comparecido. Recepcionar a abertura do evento como “chefe da casa” teria sido um gesto diplomático. E interessante. A ausência entretanto, não pontua negativamente. Além disso o evento vai até o dia 29.
2- Exagero II
A manutenção da pré-candidatura de Minoru Kinpara (PSDB) a prefeito de Rio Branco não significa nem sinal de ruptura nem de disputa interna. O normal em pré-campanha é cada partido de uma aliança apresentar um nome e a convenção decidir. Politicamente isso é interessante para todos os envolvidos pois mantém os nomes em evidência para além da disputa iminente. Todos os nomes. Inclusive o de Alysson Bestene (PP). A convenção só acontece em abril de 2024. São mais 5 meses de manchetes. Gostem ou não, é o jogo.
3-Pingos nos is
Com os votos dos deputados Gérlen Diniz e Zézinho Barbary do PP, coronel Ulysses, Eduardo Veloso e Meire Serafim, do União Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou urgência para a votação de um decreto legislativo que permite o trabalho no comércio aos domingos e feriados sem precisar passar por negociação com sindicatos de trabalhadores ou uma lei municipal. Ou seja, basta a decisão do patrão. Os trabalhadores não precisam ser ouvidos. Só tem que trabalhar. Domingos e feriados. Olhos atentos, observai e guardai. Não importa o que dizem. Importa o que fazem. O Projeto de Decreto Legislativo que será votado em regime de urgência é de autoria do deputado Luiz Gastão (PSD). Empresário. E aí temos o óbvio: trabalhador que vota em empresário não pode esperar defesa de direitos trabalhistas. Nenhum trabalhador seria contra o trabalho em domingos e feriados se tivesse o direito de optar por trabalhar ou não e fosse devidamente remunerado. Mas o Decreto do deputado/empresário não tem nada em benefício dos trabalhadores. Veja o Decreto Aqui. Mas, dispense o blá, blá, blá desviante e atente ao núcleo da questão que é a garantia do lucro através da apropriação do tempo de descanso do trabalhador. Aquele tempo que ele poderia usar para cuidar dos filhos, por exemplo. Todos os deputados dos partidos Novo, União Brasil e PSD votaram a favor da urgência do projeto. Todos os deputados dos partidos PT, PV e PCdoB votaram contra. Em tempo, Socorro Néri (PP), mais uma vez foi na contramão da bancada do Acre. Foi o único voto do Acre contra. Roberto Duarte e Antônia Lúcia do Republicanos não aparecem na lista de votação. Provavelmente estão na lista dos ausentes.
4- Apropriação indébita
Através do programa Minha Casa Minha Vida, o governo Lula (PT) vai possibilitar a construção de mais de 1.600 casas populares no Acre. Todo mundo comemora. Os beneficiários, governo, prefeito, deputados e secretários. Mas ninguém lembra que é obra de Lula. Aquele acusado de comunista que ia tomar as casas das famílias. Pois. Ele mesmo. Enquanto o “cristão” Jair Bolsonaro (PL) não facilitou a construção nem de um barraco no estado. Nem no país. Na sessão desta terça-feira (28), o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), mandou a real. Disse que primeiro anunciaram o programa como se fosse um fenômeno natural. Caiu do céu. Como um meteoro de bondades. Sem autor. Em seguida, que passaram a se apropriar do programa. Os conhecidos pais de filho alheio. Choveu pai para esta criança. Ou nas palavras de Edvaldo: jacamins. “Eu enxerguei a revoada dos jacamins”. O parlamentar repôs a verdade. Foi uma decisão política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva construir no Acre mais de 1.600 casas populares, provenientes do Programa Minha Casa Minha Vida. Então. Uma questão que se caísse no Enem teria no enunciado “falta de honestidade política”.
5-…e homenagem indevida
Na Câmara de Vereadores de Rio Branco, o líder do prefeito João Marcos Luz (PL) conseguiu aprovar por unanimidade um título de cidadão rio-branquense para Jair Bolsonaro. Bolsonaro não fez absolutamente nada por Rio Branco a não ser divulgar negativamente a imagem da cidade num vídeo em que aparece fazendo menção de metralhar a “petezada”. Na Assembleia Legislativa, o deputado Arlenilson Cunha (PL) tentou ampliar a titulação de Bolsonaro para Cidadão Acreano. Foi barrado. Edvaldo Magalhães chamou a atenção do colega para a inconstitucionalidade da pretensão. “Título de Cidadão Acreano só pode ser concedido a quem mora ou morou no Acre”. Arlenilson não se deu por vencido. Transformou a homenagem em Moção de Aplauso. Em louvor por serviços prestados. Pausa para o espanto. Olhos atentos observam que a única categoria no Acre com motivos para agradecer a Jair Bolsonaro é a das oficinas mecânicas. Estas tiveram muito trabalho consertando os veículos avariados pela buraqueira da 364. João Marcos e Arlenilson Cunha parecem brincar com a função que exercem e com a inteligência do povo. Jair Bolsonaro não fez nada pelo Acre nem pela capital. Quando alguém se esforça por manter em evidência a memória de um político ultrapassado é chamado de “viúva de…”. Parece que no Acre já dá até para criar um bloco de carnaval- As viúvas de Bolsonaro. Em tempo: apenas Edvaldo Magalhães e Michelle Melo (PDT), votaram contra a Moção de Aplauso para Bolsonaro. Nem vão poder sair no bloco.
6-Futurologia
A participação do candidato a prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre nos eventos do MDB em outros municípios levanta a suspeita que a intenção do partido é disputar o governo do Acre em 2026 com Marcus Alexandre. Nem o MDB nem os partidos que embarcaram nessa aventura possuem outro nome com densidade eleitoral para encarar esta disputa com um Marcus Alexandre com dois anos no comando da prefeitura. Com o PT em seu arco de alianças, os investimentos do governo federal dariam um impulso em sua administração. O que faria dele um fortíssimo candidato. A dúvida fica por conta da necessidade de renunciar ao mandato de prefeito para concorrer. Marcus Alexandre já fez isso. E deu ruim. Entretanto, as condições eram outras. O adversário era Gladson Cameli (PP) que em 2026 estará na disputa pelo Senado. E nem o PP nem os partidos que orbitam em torno de Gladson têm um nome suficientemente forte para encarar Marcus Alexandre. Mas para isso precisa vencer a eleição de 2024. E o resultado é uma incógnita até a apuração dos votos. O que pode ser agravado caso a aliança entre Alysson Bestene (PP) e Jenilson Leite (PSB), se concretizar. Jenilson tem o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e na hipótese da vitória deles, também teriam investimentos o que fortaleceria a candidatura do PP ao governo. Acho que vi um sorriso no rosto do deputado Nicolau Júnior (PP). Aguardemos.
7-Nomes
Novos e bons nomes vão aparecendo aos poucos para substituir os atuais vereadores de Rio Branco. Francildo Chaves da Silva (MDB), é um destes candidatos. Estreante na política institucional, Francildo tem um bom grupo político, formação e experiência. O que o credencia. Em 2020 a renovação na Câmara de Vereadores de Rio Branco foi de 65%. Apenas 6 vereadores foram reeleitos e 11 novos assumiram as outras vagas. A expectativa para 2024 é ainda maior. Na bolsa de apostas o número de reeleitos não ultrapassa 4 vereadores. Os mais afoitos apostam que apenas dois conseguirão se reeleger. Isto porque os eleitores de Rio Branco têm a tradição de optar por mudanças rápidas e grandes. E para a maioria, a atual legislatura é a pior de toda a história recente de Rio Branco. Mas é importante ressaltar que desta Câmara saíram nomes de expressão como Marina Silva (Rede), Perpétua Almeida (PCdoB), Naluh Gouveia (PT) e Yolanda Fleming.
8- Chega de bater continência
A justiça do Rio Grande do Sul declarou ilegais as escolas cívico-militares. Segundo a juíza Paula de Mattos Paradeda, da 7ª Vara da Fazenda Pública, o Decreto 10.004/2019, publicado por Jair Bolsonaro, extrapola os limites, tanto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação como da Lei Estadual, que dispõem sobre a gestão democrática do ensino público. A decisão abre um precedente para a extinção desse modelo padronizado em hierarquia militar com castigos, sanções e vigilâncias que se contrapõem ao buscado ideal de uma Educação inclusiva, baseada no pensamento reflexivo.
9-Correção
Na coluna anterior digitei errado o nome do “protegido” do senador Sérgio Petecão (PSD). Não é Gerson Pururuca como publiquei e sim Jeferson Pururuca. Meu vacilo não passou despercebido por leitor atento que me corrigiu. Feito o registro.
10-Tapa na cara
Em temporada de pagamento de VDP, quem é da área de Educação faz as contas e verifica que se fossem diárias, os professores receberiam o equivalente a 2,4 reais (2 reais e 40 centavos) por dia a 7,6 reais por dia, no caso dos salários mais altos. Detalhe, só tem direito a VDP os que não faltarem a nenhuma reunião de formação durante todo o ano mesmo que não tenham faltado um único dia em sala de aula. A diária do governador Gladson Cameli (PP) é de 1.732 reais. Ou seja uma diária do governador equivale a diária de mais de 721 professores. A diária do presidente da Apex, Jorge Viana (PT) dentro do Brasil é de 2.220. O equivalente a diária de 925 professores. Para destinos internacionais chega 3.541,50 euros. Mais de 19 mil reais. Fora as passagens. Uma diária internacional de JV daria para pagar a de mais de 7 mil e 916 professores do Acre. O jornalista João Roberto Braña levantou esta lebre que mostra que enquanto os professores recebem uma miséria para permanecerem presos em salas de aula, os políticos de qualquer partido ao contrário, ganham mais quanto mais viajam. Olhos atentos observam a galera viajando na maionese. Brigando pela manutenção dos privilégios dos outros. O texto do Braña na íntegra está Aqui.
Bom dia, deputado Tanízio Sá (MDB). Parabéns! Vossa Excelência marcou um gol de placa com essa Frente Parlamentar do Esporte. Tanízio é uma grata surpresa na Aleac.
Esta é uma coluna de opinião e reflexão
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Imagem- Correio Braziliense