1– Para alegria dos Sales
A decisão do PL de chutar de seu palanque os partidos de Esquerda pode significar um balde de água fria na candidatura de Zequinha Lima (PP). Com a decisão, os partidos da Federação Brasil Esperança (PT, PCdoB e PV), além do PDT, não poderão apoiar Zequinha. Justo ele, ex-militante do PCdoB. O prefeito que cresceu um pouco nas últimas pesquisas mas ainda está muito atrás de sua adversária Jéssica Sales (MDB), terá muito mais dificuldade. Vagner Sales pode comemorar. O PP tende a sair derrotado nas duas principais cidades do Acre. Exatamente onde seus prefeitos tentam a reeleição. É o ônus de não saber escolher seus companheiros. A decisão do PL teria sido uma iniciativa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não é reconhecido pela inteligência. Em tempo, Jair Bolsonaro é indiciado como ladrão de joias e responde a quase 600 processos na Justiça. Só no TSE, são 15 ações. Além de acusações que deverão se transformar em processos, como crimes contra a humanidade e charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documentos, uso irregular de verbas públicas, prevaricação (quando um servidor pública deixa de agir diante de uma irregularidade), violação de direito social e o principal deles, tentativa de golpe de Estado.
2-Sob suspeita
O último empreendimento de Jair Bolsonaro, descoberto na semana passada é a startup Bravo Grafeno Tecnologia e Inovação LTDA, aberta em junho deste ano. O que poderia ser visto apenas como visão de empreendedor, deixa de sê-lo quando liga-se ao fato que foi no no governo dele que a exploração de grafeno foi facilitada e instituído o Programa de Inovação em Grafeno (InovaGrafeno), através do Ministério de Ciência e Tecnologia. Em 2021 quando era presidente Jair participou da inauguração da primeira e maior fábrica de produção de grafeno da América do Sul na universidade de Caxias do Sul (UCS) que vem a ser sua parceira no atual empreendimento através do UCS Graphene. A UCS é uma universidade da rede privada que cobra mensalidades de mais de 12 mil reais no curso de medicina. O grafeno é um material trezentas vezes mais forte do que o aço, mais duro do que o diamante e também resistente, leve e flexível. Por isso, pesquisadores preveem que, em breve, será usado como matéria-prima pela indústria aeronáutica, bélica e na fabricação de baterias e automóveis. Vale ressaltar que o UCS Graphene fornece mineral para a principal fabricante de armas do país. Ligou os pontos e chegou a conclusão que quanto mais armas maior o lucro dos exploradores/vendedores de grafeno? Associou à defesa da liberação das armas? Garota (o) esperta! Em tempo, o senador Flávio Bolsonaro é sócio do papi Jair, no empreendimento que está sob investigação.
3-Hipocrisia de cá
Bastou o deputado Roberto Duarte (Republicanos) decidir apoiar Marcus Alexandre (MDB) para os apoiadores de Tião Bocalom (PL) inundarem as redes com críticas. Duarte virou “esquerdista”. Pausa para os risos. Como se o candidato do PL não tivesse sido Secretário de Agricultura no governo do PT; como se o governador Gladson Cameli (PP) do partido do candidato a vice de Bocalom não tivesse sido integrante da Frente Popular do Acre (FPA), que juntava partidos de Esquerda sob o comando do PT ou não mantivesse em seu governo quadros oriundos da Esquerda; como se o senador bolsonarista Márcio Bittar (União), não estivesse assim bem juntinho com candidaturas de Esquerda nos municípios do interior do estado. Bittar também votou a favor de Cristiano Zanin, advogado de Lula indicado pelo petista para ministro do STF. O senador de discurso radical de Direita é o mesmo que é acusado de ausentar-se em votações de pautas de interesse da Direita. Não é contradição. É prova que a disputa não é ideológica mas tão somente de interesses. Olhos atentos observam que o esforço não é para derrotar a Esquerda mas para fortalecer Márcio Bittar e José Bestene (PP), que no fim serão os reais ganhadores caso Boca vença a disputa eleitoral deste ano. Neste jogo, ideologia não passa de peão que é mexido ao sabor dos interesses. Ponto.
4-…hipocrisia de lá
O povo que diz que Maduro fraudou a eleição é o mesmo que não reconheceu a vitória do Lula e incentivou grupos de baderneiros para se concentrarem nas portas dos quartéis; incentivou o bloqueio das estradas federais para que não houvesse abastecimento no Brasil e tentou aplicar um golpe no País. Os que tentaram explodir rodoviária, aeroporto de Brasília e as torres de alta tensão para colocar as pessoas na escuridão e jogá-las contra um presidente eleito democraticamente. Maduro se submete a eleições e é ditador. Zelensky suspende eleições na Ucrânia, mantém-se no poder mesmo com o mandato expirado e é democrata. Na Arábia Saudita a família Abdul-Aziz está no poder há mais de 90 anos e é uma das famílias mais ricas do mundo enquanto o país tem uma pobreza generalizada e métodos de punição medieval com apedrejamentos e decapitações. Em 2019 , 37 homens foram decapitados. Em 2018 o jornalista saudita Jamal Khashoggi que morava nos EUA e criticava o governo saudita foi torturado e assassinado dentro do consulado da Arábia Saudita na Turquia. O mundo passou pano. Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos defendeu a Arábia Saudita e disse que acreditava que Khasoggi poderia ter sido alvo de assassinos fora de controle. Integrantes do governo Bolsonaro viajaram para Arábia Saudita 150 vezes entre 2019 e 2022. Nunca disseram que o país é uma ditadura. Mas os Bolsonaro gritam que Maduro é ditador. Nayib Bukele destituiu os juízes da Suprema Corte e o procurador-geral e assim pode concorrer a um segundo mandato apesar da Constituição de El Salvador proibir reeleição. Em 2020 Bukele entrou na Assembleia Legislativa acompanhado por policiais armados e soldados. Em 2022 ele acabou com o Estado de Direito. Suspendeu as garantias constitucionais e multiplicou as denúncias de detenções arbitrárias sem ordem judicial e mortes sob a custódia do Estado deixando qualquer salvadorenho sujeito ao assédio judicial, sem direito ao devido processo, sem defesa possível. Sem garantias constitucionais nem recursos judiciais. Eduardo Bolsonaro (PL) já elogiou Bukele publicamente. Em tempo, Jair Bolsonaro homenageou Alfredo Stroessner, ditador paraguaio pedófilo. Isso para ficar em apenas três exemplos. O que mostra que o problema nunca foi a democracia. A não ser que o conceito de democracia tenha mudado e se meça pelo nível de vassalagem ao governo dos EUA.
5-Problema deles
Pode-se não gostar do Nicolás Maduro mas quem tem que gostar ou não, são os venezuelanos. E eles lembram que a oposição que questiona o resultado da eleição governou a Venezuela por 40 anos deixando um rastro de corrupção, entreguismo e milhões de miseráveis perambulando pelas ruas sem documentos. E que o país está sob 930 sanções econômicas. Olhos atentos observam outo detalhe: a “pujante democracia norte-americana” só tem dois partidos “votáveis” e declara o vencedor pela pesquisa de boca de urna, porque os votos mesmo demoram semanas para serem computados. E quem tem mais voto não ganha. Além disso, o PSUV, partido de Nicolás Maduro, tem 7,8 milhões de filiados. A alegação da oposição é de que o candidato de um partido com 7,8 milhões de filiados só conseguiu 2 milhões de votos parece improvável; o sistema de lá, é de urna eletrônica com impressão de cédula e deposito em baú, permite que a cada final de eleição mais de 30% das urnas sejam automaticamente auditadas: os dois delegados do conselho eleitoral apontados pela oposição referendaram a eleição de Maduro. Mas 5 minutos depois do anúncio a oposição já estava nas redes sociais afirmando que houve fraude. E os EUA reconheceram Urritia como vencedor. Como se fossem o TSE do mundo. Lembrando que graças ao chavismo os EUA não tem acesso ao ródio, thorium e urânio da Venezuela, que necessitam para a fabricação de armas nucleares. Sem falar do petróleo. Na eleição da Guiana em 2020, houve problemas com a planilha de resultados e o partido PPP obteve liminar judicial impedindo que se declarasse o eleito. Nem se falou no assunto. Lá o petróleo é explorado pela Exxon. Multinacional de petróleo e gás dos EUA. Detalhe que cala vozes dissonantes. Aliás o candidato a presidente dos EUA, Donald Trump não deixa dúvidas sobre o interesse.
6- Democracia
Se a democracia é um regime político no qual o poder emana do povo, como convivemos com a ocupação de 48,9% do Congresso pelos milionários que representam apenas 0,21% da população? O resultado disso é pessoas que vivem com menos de dois salários mínimos pagam salários de 46 mil reais mensais, verba de gabinete de 117 mil, cota parlamentar de 211 mil em um semestre, mais apartamento funcional (grátis), ajuda de custo, diárias e plano de saúde para os representantes dos milionários. Em troca, recebemos veneno na comida, reformas que tiram ou dificultam nossa aposentadoria e ainda roubam a terra dos indígenas. Soma-se a isto um processo eleitoral viciado desde sua origem pelo poder econômico. Fraude eleitoral é viver num país onde ruralistas não são nem 1% da população mas elegem 300 deputados. Mas dizemos que isso é democracia. O jurista Fábio Konder Comparato esclareceu: “a Constituição Federal declara solenemente que todo o poder emana do povo, acrescentando que ele o exerce por meio de representantes eleitos. Mas toda a classe política assim como o Poder Judiciário finge ignorar que na realidade todo o poder emana de grupos oligárquicos que o exercem em nome do povo por meio de representantes por estes eleitos”. O brasileiro que ignora tudo isso é especialista em eleições na Venezuela. Às vezes é preciso um adulto na sala da 5ª série porque ignorância é passe-livre para a manipulação
7-Defesa com restrições
Impressionante como a relação homossexual do pastor evangélico de Rio Branco dominou as atenções. Chegou a romper os limites do estado e foi parar em sites nacionais. Assim como os vídeos. Imaginem a situação deste pobre coitado com a cara bem visível. Identificável. Reconhecida em toda a capital. Isso somado à dificuldade que deve ter tido em toda a sua vida em tentar esconder sua orientação sexual. O único problema que vejo nisto é o preconceito. Como se uma pessoa não pudesse se relacionar com outra do mesmo sexo. Errado no caso é a hipocrisia de pregar que sexo é pecado e “pecar” no privado. Mas só quem sabe as pressões sociais e religiosas que este pobre sofreu é ele mesmo. Muito pior é pastor pedófilo. Toda a semana temos notícias de pastor preso por pedofilia no Brasil. Sem novidade. Em 2019 a revista Exame publicou a manchete “Governo recebeu 462 denúncias de violação por líderes religiosos em 3 anos”. A própria Damares Alves quando Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos reconheceu que os líderes religiosos são os principais abusadores de mulheres e crianças. Ponto.
8-Para refletir
Jenilson Leite (PSB) e Marcus Alexandre (MDB), adversários na disputa pela prefeitura de Rio Branco, têm em comum Jorge Viana (PT). Marcus Alexandre que tinha uma eleição garantida para deputado estadual pelo PT em 2022, teve que abrir mão da candidatura para compor a chapa de JV ao governo do Acre como vice. Jenilson Leite foi mantido em stand by enquanto durou a indefinição de Jorge Viana sobre disputar o governo do Estado ou uma vaga de senador. A intenção de Jenilson era disputar o governo, mas não havia possibilidade da Centro-Esquerda sair com duas candidaturas. Por isso ficou à espera da decisão de JV que na última hora optou pelo governo do Acre. Resumo da tragédia: os três acabaram derrotados. Ou o povo do Acre. Dependendo do ponto de observação.
Bom dia, Américo Gaia, Secretário de Segurança do Acre. O número de vítimas de ripadas e esfaqueamentos em Rio Branco causa pesadelos em que lê as notícias. Paralelo a isso as reportagens de sua pasta mostram reuniões e investimentos em câmeras de monitoramento. Parece que o combate à violência é digital, não alcança a violência real né?
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