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Peru, um país em constante convulsão política

Peru, um país em constante convulsão política

Peru, um país em constante convulsão política
Peru, um país em constante convulsão política

Pedro Castillo que foi presidente do Peru por um ano e quatro meses, está detido provisoriamente no mesmo Departamento de Operações Especiais (Diroes) da Polícia Nacional, onde cumpre pena o ex-ditador Alberto Fujimori (1990 e 2000),  de 84 anos. O centro de detenção está localizado ao leste da capital Lima.

A prisão preventiva tem prazo de 7 dias. Após esse prazo será processado por crime de tentativa de golpe de Estado que tem pena de 10 a 20 anos.

Enquanto Castillo aguarda, nas ruas do país são registrados incidentes de protesto contra sua destituição. Os protestos incluíram ações violentas como o bloqueio da rodovia Pan-americana Sul na região de Ica e Arequipa com pedras, troncos e pneus em chamas, com os manifestantes  exigindo a sua libertação e a convocação de eleições. Protestos também foram registrados em vários departamentos e cidades do interior do Peru, como Chota (Cajamarca, cidade natal de Castillo), Trujillo, Puno, Ayacucho, Huancavelica e Moquegua.

O presidente que tomou posse em julho de 2021 após vencer Keiko Fujimori por menos de 0,4 ponto percentual, precisou esperar quase dois meses para que a vitória fosse reconhecida.  Seus 16 meses de mandato foram marcados por tensões constantes com o Legislativo. O partido pelo qual foi eleito, Peru Livre, tem apenas 37 das 130 cadeiras do Congresso.

Isolado, Castillo pleiteava o aumento dos orçamentos da educação e da saúde. Com um pedido de impeachment em andamento no Congresso, o presidente se precipitou e anunciou em cadeia nacional o fechamento do Congresso e a implantação de um “governo de emergência excepcional”.  Declarou o Judiciário e o Ministério Público Nacional em reorganização e anunciou a convocação de uma Assembleia Constituinte dentro de nove meses.

Em seu pronunciamento à nação, informou que até que a Constituinte fosse instalada,  governaria por decretos-lei e decretou toque de recolher a partir da quarta-feira (07), após dez da noite. O pronunciamento foi feito ao meio dia. Três horas antes da sessão parlamentar que tinha em pauta uma moção de destituição dele por “incapacidade moral permanente”.

Ninguém deu bola para o pronunciamento. O Congresso se reuniu e destituiu Castillo por 101 votos a favor (precisava de 87 votos para destituí-lo), apenas 6 contra e 10 abstenções. Pedro Castillo então, pediu asilo político ao México e se dirigia à embaixada mexicana quando foi detido por sua própria escolta, três horas após ter tentado instituir um governo de exceção.

Seu estrategista político durante a campanha, Amauri Chamorro ponderou: “as esquerdas no Peru perderam uma oportunidade única de permitir a unidade em torno de um consenso que permitisse governar. Todas essas esquerdas, aí incluídos o partido Peru Livre e o próprio professor (Castillo), são responsáveis pelo que aconteceu. Será um retrocesso sem precedentes para as lutas sociais do povo peruano. Os políticos dessas autodenominadas esquerdas não estão a altura desse desafio. O desastre é tão grande que depois de eleito, Castillo foi expulso do mesmo partido que o elegeu. Não foi por falta de aviso. Que tristeza pelo Peru”.

Chamorro defende o caráter de Castillo a quem conhece bem: “Castillo é indígena, professor. Foi o líder dos professores no país e não pode governar um só dia como presidente, tanto por falta de habilidade política quanto por causa da feroz oposição da direita assassina cuja cabeça é a delinquente Keiko que ainda está em liberdade”.

Amauri Chamorro refere-se nesse ponto a esterilização em massa de mulheres indígenas no governo de Alberto Fujimori, pai de Keiko. Na época, centenas de milhares de mulheres indígenas foram esterilizadas sem consentimento. Muitas  foram levadas à força para a sala de cirurgia. Os relatos mostram que muitas sofreram ameaças, constrangimentos e chantagens para se submeter à cirurgia. A maioria das denúncias sobre essas práticas vem das regiões mais pobres do Peru, principalmente das zonas rurais, mas também de periferias urbanas. As vítimas são quíchuas, aimarás, shipibas e asháninkas.

Convulsão política

Os 5 últimos presidentes do Peru estão presos ou foragidos. São eles: Alberto Fujimori, Alejandro Toledo, Alan García, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kucynski. Alan Garcia se suicidou no momento em que foi detido. Nos últimos 7 anos, o Peru teve 8 presidentes. Uma média de mais de um presidente por ano.

Ollanta Humala concluiu seu mandato, em 2016, Pedro Pablo Kuczynski renunciou, seu sucessor Martín Vizcarra foi destituído após desgastes com o Congresso, Manuel Merino ficou no cargo por seis dias e Francisco Sagasti cumpriu um governo-tampão.

A sucessora de Castillo,  sua vice-presidente Dina Boluarte , é a primeira mulher a assumir a presidência na história do país. Ela também não deve ter uma vida fácil. Nas ruas, manifestantes pedem a saída do Congresso e a renúncia da presidente recém-empossada, além da convocação de eleições gerais antecipadas.  Em Lima, um protesto de cerca de mil pessoas marchou em direção ao parlamento, chamando Boluarte de traidora. O protesto foi dispersado pela polícia com gás lacrimogêneo e pelo menos três manifestantes foram presos.

“Vivemos um golpe decretado pelo Congresso golpista. Não pode ser que um pequeno grupo de cem pessoas tire um presidente eleito por milhões”, disse um dos manifestantes.

A nova presidente

Dina Boluarte, é uma advogada de 60 anos. Era pouco conhecida no meio político até se tornar vice-presidente de Castillo. Ela foi membro Peru Libre (PL), mas foi expulsa do partido. Assumiu a presidência sem ter um partido que a apoie , sem bancada própria, enfrentando o PL, que era seu partido.

Boluarte pediu uma trégua e anunciou um governo de unidade nacional com a participação de “todas as forças políticas”. Mas tréguas não são tradição no país.

Além disso o sistema político peruano vive um desgaste generalizado, sem partidos fortes o que torna a representação volátil e possibilita os golpes e perseguições.

Pedro Castillo

Pedro Castillo é um professor rural de 53 anos sem contato com as elites peruanas. Nasceu em uma família pobre (maioria no país) e trabalhou desde criança em plantações de arroz e café. Adolescente e decidido a estudar foi para Lima onde vendeu jornais e limpou quartos de hotel. Obteve um bacharelato em educação e um mestrado em Psicologia da Educação pela Universidade César Vallejo.

Especialistas encontram dificuldade para enquadrar Pedro Castillo em alguma ideologia política: ele é conservador em aspectos sociais ao mesmo tempo que em que advoga as causas da esquerda agrária, populista, e socialista. Não é comunista e não comunga com as ideias do ex-presidente Hugo Chaves da Venezuela, embora seja designado por parte da imprensa tradicional como extrema esquerda por decisões como a que tomou em relação a Latam, empresa aérea com sede no Brasil. Ao descobrir uma dívida da empresa de quase 1 bilhão de dólares com o Peru, tentou substituí-la por uma companhia aérea nacional estatal.

Imagem- Yahoo

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